Milhares vão às ruas na Turquia protestar contra prisão de prefeito rival de Erdogan

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Centenas de milhares de turcos protestaram no domingo, 23, à noite e prometem retornar nesta segunda-feira, 24, em frente à prefeitura de Istambul contra a prisão do prefeito Ekrem Imamoglu, um importante rival do presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Desses, milhares foram presos, incluindo jornalistas.

Os protestos já ocorriam todas as noites desde quarta-feira, 19, quando ele foi detido, mas se intensificaram no domingo depois que um tribunal confirmou a prisão e o retirou do cargo enquanto aguarda julgamento. A ação levou à maior onda de manifestações de rua na Turquia em mais de uma década. Imamoglu foi preso horas antes de o principal partido de oposição, o Partido Republicano do Povo, ou CHP, designá-lo como candidato na próxima eleição presidencial.

Imamoglu foi acusado de liderar uma organização criminosa, aceitar suborno, fraude em licitações e outros delitos financeiros na prefeitura. Os promotores também o acusaram de apoiar o terrorismo por meio de sua coordenação política com um grupo pró-curdo durante as eleições municipais do ano passado, uma alegação que ainda está sob investigação.

Manifestantes, opositores e lideranças europeias dizem que sua prisão é um movimento político para remover um grande concorrente da próxima corrida presidencial, atualmente marcada para 2028. Autoridades do governo rejeitam as acusações e insistem que os tribunais da Turquia operem de forma independente.

O governo também proibiu protestos nas principais cidades, limitou o acesso a sites de mídia social e inundou canais de notícias pró-governo com informações vazadas com o objetivo de indicar a culpa de Imamoglu.

Milhares são detidos

Segundo uma contagem da AFP, protestos vêm ocorrendo em 55 das 81 províncias da Turquia, ou mais de dois terços do país. Muitos deles ocorrem de forma pacífica, mas em alguns as forças de segurança usaram canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.

O Ministro do Interior Ali Yerlikaya disse que mais de 1.100 pessoas foram detidas e que mais de 100 policiais ficaram feridos em confrontos com manifestantes.

"Alguns círculos nos últimos dias estão abusando do direito de manifestação, tentando perturbar a ordem pública e atacar nossos policiais enquanto eles agitam eventos de rua", disse Yerlikaya em uma publicação no X. "Tais ações visam perturbar a paz e a segurança do nosso povo."

Há também relatos de detenção de jornalistas em suas casas, informou um sindicato de trabalhadores da mídia. O sindicato Disk-Basin-Is disse que pelo menos oito repórteres e fotojornalistas foram detidos no que chamou de "ataque à liberdade de imprensa e ao direito das pessoas de saber a verdade" e exigiu a sua imediata libertação.

A plataforma de mídia social X disse que estava se opondo a diversas ordens judiciais de autoridades turcas para bloquear mais de 700 contas, incluindo de organizações de notícias, jornalistas e figuras políticas na Turquia.

Prefeito pede novos protestos

Em uma mensagem nas redes sociais, o prefeito Imamoglu pediu que as pessoas se reunissem do lado de fora da prefeitura e outros locais pela sexta noite seguida nesta segunda-feira. Ele também pediu aos jovens que evitassem confrontos e pediu à polícia que tratasse os manifestantes com gentileza. "Estou trabalhando duro, trabalharei ainda mais duro. Onde estou não importa", disse ele.

Imamoglu se tornou prefeito de Istambul, a maior cidade e motor econômico da Turquia, em 2019, após derrotar um candidato apoiado por Erdogan. Ele foi reeleito duas vezes, e algumas pesquisas sugerem que ele poderia derrotar Erdogan em uma disputa acirrada pela presidência.

O Ministério do Interior disse mais tarde que Imamoglu havia sido suspenso do cargo como prefeito como uma "medida temporária". O município nomeou um prefeito interino de seu conselho de governo.

Imamoglu foi levado para a prisão de Silivri, a oeste de Istambul, enquanto mais de 1,7 milhão de membros de seu Partido Republicano do Povo realizavam uma eleição primária, endossando-o como seu candidato presidencial. Milhões de não-membros também votaram em uma "cédula de solidariedade", disse o partido.

Junto com Imamoglu, 47 outras pessoas também foram presas e aguardam julgamento, incluindo um assessor-chave e dois prefeitos de distrito de Istambul. Um foi substituído por um nomeado do governo. Outros 44 suspeitos foram soltos sob controle judicial.

Imamoglu prometeu lutar contra o governo, mas sua detenção não é o único obstáculo que ele enfrenta na busca pela presidência. Um dia antes de sua prisão, sua universidade anulou seu diploma, o que pode impedi-lo de concorrer à presidência. Ele também enfrenta uma série de outros processos judiciais, incluindo alguns que podem impedi-lo temporariamente de fazer política.

Futuro da Turquia

A atual prisão não impede a candidatura e eleição de Imamoglu como presidente, mas uma condenação por qualquer uma das acusações o impede de concorrer.

Os movimentos contra Imamoglu são os exemplos mais recentes do que os críticos de Erdogan chamam de suas táticas cada vez mais autoritárias. Em suas mais de duas décadas no poder, Erdogan reuniu o poder do Estado em suas mãos enquanto estendia sua influência sobre a mídia e o judiciário.

O segundo mandato de Erdogan expira em 2028. A Constituição limita os presidentes a dois mandatos completos, mas ele poderia concorrer legalmente novamente se o Parlamento convocasse eleições antecipadas e encurtasse seu segundo mandato.

Se Imamoglu, 54, conseguir escapar de seus problemas legais, isso o colocará em uma disputa acirrada com o Erdogan, 71. O presidente não disse se concorrerá, mas não tem um sucessor claro e muitas pessoas esperam que ele o faça. (Com agências internacionais).

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Em evento do Partido Socialista Brasileiro (PSB) neste domingo, 27, o senador Cid Gomes (PSB) declarou que, no cenário nacional, não pretende adotar uma posição contrária à de seu irmão, o ex-ministro e ex-presidenciável, Ciro Gomes (PDT).

"Eu jamais estarei em lado oposto ao Ciro na questão nacional. Aqui no Ceará a gente tem uma visão diferente, eu o respeito profundamente, mas jamais estarei em lado diferente dele na questão nacional. Penso absolutamente como ele", disse Cid ao jornal jangadeiro.

O possível sinal de reaproximação entre os irmãos vem depois de se distanciarem politicamente. O racha começou ainda nas eleições de 2022, com discordâncias sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores (PT). Enquanto Cid se aproximou da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), consolidando-se como um dos principais aliados do governo federal no Senado e apoiando também a administração estadual de Elmano de Freitas (PT) no Ceará, Ciro manteve uma postura crítica e firme contra o PT, tanto no contexto nacional quanto estadual.

Essa diferença de posicionamento culminou, no início de 2024, na saída de Cid e de seus aliados do PDT e sua filiação ao PSB. A mudança aprofundou a divisão entre os grupos conhecidos como "cidistas" e "ciristas" na política cearense.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta terça-feira, 29, que a defesa do ex-presidente Fernando Collor de Mello apresente exames para comprovar que ele tem Doença de Parkinson. O prazo para resposta é de 48 horas.

A defesa do ex-presidente pediu prisão domiciliar humanitária alegando que ele enfrenta problemas de saúde graves. Antes de decidir sobre o pedido, Moraes vem cobrando laudos médicos que atestem as comorbidades.

Nesta segunda, 28, o ministro pediu "prontuário e histórico médico, bem como os exames anteriormente realizados".

Em novo despacho nesta terça, Moraes cobra a "íntegra dos exames realizados, inclusive os exames de imagens", e manda a defesa explicar por que não há "exames realizados no período de 2019 a 2022, indicativos e relacionados a Doença de Parkinson".

Os advogados advogados Marcelo Bessa e Thiago Fleury alegam que, aos 75 anos, Collor tem "comorbidades graves" e faz uso de medicamentos contínuos. Ao ser ouvido na audiência de custódia, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

O ex-presidente foi preso para cumprir a condenação de 8 anos e 6 meses em um processo da Operação Lava Jato. Ele está detido no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

Após 17 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu bem à ingestão de água, chá e gelatina. Segundo o boletim médico divulgado nesta terça-feira, 29, Bolsonaro mantém sinais de movimentos intestinais espontâneos e continua se alimentando pela veia, para obter todos os nutrientes e as calorias que precisa.

O documento também relata que o ex-presidente segue sem dor ou febre, com a pressão controlada e com melhora nos exames de fígado. Não há previsão de alta e visitas seguem restritas, apesar de o ex-presidente já ter recebido o pastor evangélico Silas Malafaia e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Nesse período de internação, Bolsonaro também concedeu entrevista à televisão e participou de uma live.

A live, inclusive, motivou o ex-presidente a ser intimado por uma oficial de Justiça na última quarta-feira, 23, por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele "demonstrou a possibilidade" de ser avisado da ação penal sobre a tentativa de golpe. No dia seguinte, conforme informou a equipe médica, Bolsonaro teve elevação na pressão arterial e piora nos exames hepáticos.

No dia 13, o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado após Bolsonaro passar mal, no dia 11, em uma agenda no interior do Rio Grande do Norte.

A cirurgia, ainda em consequência da facada que ele levou durante a campanha presidencial de 2018, foi a mais delicada das quais foi submetido até agora.