Senado dos EUA investiga vazamento de planos de guerra por engano por cúpula da Casa Branca

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O Senado dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre o vazamento de planos de guerra por engano por parte da cúpula da Casa Branca. Os principais oficiais de inteligência do presidente Donald Trump, incluindo os diretores do FBI e da CIA, são ouvidos na Comissão de Inteligência nesta terça-feira, 25.

A investigação ocorre um dia após a notícia de que várias autoridades de segurança nacional do governo republicano enviaram mensagens de texto com planos de guerra para ataques no Iêmen em um grupo do aplicativo de mensagens Signal que incluía o editor-chefe da revista norte-americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg. Os ataques ocorreram duas horas depois das mensagens.

O senador democrata Mark Warner, membro da Comissão de Inteligência, denunciou o que chamou de um padrão de "comportamento descuidado e incompetente" do governo com relação ao manuseio de informações confidenciais. "Tirando o fato por um momento que informações confidenciais nunca devem ser discutidas em um sistema não confidencial, também é simplesmente incompreensível", declarou.

Entre as autoridades ouvidas, estão o diretor do FBI, Kash Patel, o diretor da CIA, John Ratcliffe, e a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard. Eles também irão depor na Câmara nesta quarta-feira, 26.

Aos senadores, Ratcliffe afirmou que as informações no Signal não incluíam informações confidenciais. "Minhas comunicações, para deixar claro, no grupo de mensagens do Signal eram inteiramente permitidas e legais e não incluíam informações confidenciais", disse o diretor da CIA.

Segundo fontes ouvidas pelo portal americano Politico, após o vazamento houve pedidos para que os envolvidos renunciassem. Isso inclui o conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz. O relato publicado na The Atlantic diz que foi Waltz quem convidou o jornalista a participar do grupo.

Diversas autoridades do governo classificam a atitude de Waltz como "imprudente". Uma outra fonte ouvida pelo Politico chamou o conselheiro de segurança de "idiota". "Todos na Casa Branca podem concordar em uma coisa: Mike Waltz é um idiota."

Os pedidos de renúncia também são direcionados ao secretário de defesa, Pete Hegseth, que também estava no grupo. O presidente do Comitê Nacional Democrata, Ken Martin, chamou Hegseth de "inapto". "Assim como seu chefe Donald Trump, Hegseth - e todos os outros envolvidos - demonstraram uma imprudência impressionante e desrespeito pela nossa segurança nacional", disse em um comunicado.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, tentou amenizar a situação. "Acho que seria um erro terrível haver consequências adversas para qualquer uma das pessoas que estavam envolvidas naquela ligação", disse Johnson. "Eles estavam tentando fazer um bom trabalho, a missão foi cumprida com precisão." Fonte: Associated Press.

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O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, fez uma ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de seu X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 6. Compartilhando publicação do Departamento de Estado dos EUA - órgão equivalente ao Itamaraty - que condena a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele pediu para que outros magistrados não apoiem Alexandre de Moraes.

"Os aliados de Moraes na Suprema Corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não auxiliar ou encorajar o comportamento sancionado de Moraes", escreveu o funcionário de alto escalão dos EUA.

Beattie ainda definiu Moraes como "o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição direcionado a Bolsonaro e seus apoiadores" e afirmou que "os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção Global Magnitsky do presidente Trump".

O ministro foi alvo de sanções via Lei Magnistsky. O dispositivo americano impede Moraes de acessar o país, de movimentar bens nos Estados Unidos e de ter acesso a serviços de empresas americanas. Até o momento, a norma só tinha sido usada para punir violadores de direitos humanos, ditadores e criminosos.

O objetivo do governo dos EUA, ao aplicar as sanções, era interferir no julgamento que investiga a participação de Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado.

Anteriormente, Beattie já tinha definido a taxação de 50% sobre produtos nacionais pelos EUA como "consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano".

Além de Moraes, o governo dos EUA também aplicou sanções a outros sete ministros do STF, cassando os vistos americanos dos magistrados. O tarifaço sobre produtos nacionais também foi uma forma de pressionar o Brasil, por meio de coerção econômica, a interromper o julgamento de Bolsonaro.

As sanções dos Estados Unidos contra o Brasil são conduzidas a pedido do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoexilou nos EUA e de lá articula ataques contra o País e autoridades nacionais com o objetivo de pressionar a concessão de uma anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.

A deputada bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC) entrou no plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira, 6, com a filha de quatro meses no colo, em meio à expectativa de que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), reocupe sua cadeira na Mesa. A parlamentar já havia gravado um vídeo participando da obstrução da oposição em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a bebê do colo e sentada na cadeira de Motta.

O presidente convocou uma sessão para as 20h30 e indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir a sessão podem ser suspensos por seis meses. Líderes indicaram ainda que há a possibilidade de a Polícia Legislativa ser acionada para desocupar a mesa em último caso.

O clima da Câmara é de tensão ante à expectativa de Motta reassumir sua cadeira na Mesa do plenário, que está ocupada por bolsonaristas desde terça-feira, 5. Enquanto o presidente da Casa já indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir sessão convocada para as 20h30 podem ser suspensos por seis meses, bolsonaristas dizem que vão resistir à desocupação.

Parte da tensão se deve à possibilidade, em último caso, de ação da Polícia Legislativa. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) chegou a indicar que pediu às parlamentares de oposição que saíssem da Mesa da Câmara, permanecendo em plenário para a obstrução, justamente ante essa possibilidade.

Por ora, somente deputados podem entrar no plenário. Enquanto isso, assessores e jornalistas aguardam a liberação de entrada no Salão Verde. Há uma indicação de que a entrada só será permitida quando a sessão for iniciada. Se a hipótese se cumprir, a desmobilização ocorreria a portas fechadas.

O líder do PSB no Senado, Cid Gomes (CE), afirmou nesta quarta-feira, 6, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pedirá por meio da Advocacia da Casa para que o Supremo Tribunal Federal reconsidere as medidas cautelares contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

O ministro do STF Alexandre de Moraes impôs a Do Val uma série de determinações na segunda-feira, 4, após o senador driblar uma ordem anterior da Justiça e viajar aos Estados Unidos sem autorização. Além do uso de tornozeleira eletrônica, as medidas incluem recolhimento domiciliar noturno, cancelamento do passaporte diplomático, bloqueio das contas bancárias, cartões e chaves Pix e também do pagamento de salários e verbas de gabinete de Do Val.

Em nota, a defesa de Marcos do Val negou descumprimento de ordem judicial e afirmou que a decisão de Moraes "ultrapassa a razoabilidade". As medidas cautelares irritaram os colegas no Senado, que viram nela uma afronta à Casa.

"(Alcolumbre) optou que vai pedir a revisão. Não se trata de entrar no mérito do Marcos do Val. Pessoalmente, eu acho que se tiverem dois senadores que compreendam que o Marcos do Val tem um exercício normal de mandato, é muito", afirmou Cid a jornalistas após uma reunião entre Alcolumbre e líderes do Senado.

Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que a medida servirá para que Do Val volte a ter acesso ao seu salário como parlamentar e à cota para exercer mandato.

Os líderes combinaram, em contrapartida ao recuo de Moraes, que a Procuradoria do Senado apresentará um pedido para que Do Val fique seis meses afastado de seu mandato.

"O procurador do Senado pedirá à Mesa que o senador Marcos do Val seja afastado por seis meses do exercício do mandato. A Mesa vai votar", declarou Cid.