Foguete alemão, primeiro lançamento orbital da Europa continental, cai em 18 segundos

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O primeiro foguete orbital lançado da Europa continental caiu no domingo depois de apenas meio minuto de voo da base espacial norueguesa de Andøya, no Ártico. O foguete Spectrum, uma nave de dois estágios desenvolvida pela empresa alemã Isar Aerospace, começou a oscilar após a decolagem, girou e caiu, conforme imagens ao vivo exibidas no YouTube.

De acordo com a Isar Aerospace, o foguete caiu na água e "a plataforma de lançamento parece estar intacta". A Andøya Space, empresa estatal norueguesa que opera o espaçoporto de Andøya, próximo ao arquipélago de Lofoten, anunciou que havia implementado um "plano de crise" após o "incidente". Nenhum dano humano ou material foi registrado após a queda do foguete, informou a polícia regional.

Um foguete orbital é um lançador capaz de colocar cargas úteis na órbita da Terra ou além dela. Antes da decolagem, que foi adiada várias vezes devido às condições climáticas, a Isar Aerospace disse que tinha pouca esperança de alcançar a órbita em sua primeira tentativa. "Nosso primeiro voo de teste atendeu a todas as nossas expectativas e foi um grande sucesso. Tivemos uma decolagem perfeita, voamos por 30 segundos e conseguimos até mesmo validar nosso sistema de interrupção de voo", disse Daniel Metzler, cofundador e diretor da jovem empresa alemã.

Dois outros foguetes Spectrum já estão em produção, segundo um comunicado da empresa. O Spectrum, com 28 metros de altura por dois metros de diâmetro e capaz de transportar uma tonelada em órbita baixa, fez seu primeiro teste sem carga útil. "Hoje é um dia importante para os voos espaciais alemães e europeus", reagiu o Ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck. "A Isar Aerospace pode e fará uma contribuição decisiva para garantir o acesso independente da Europa ao espaço", acrescentou. Em 2023, houve uma primeira tentativa de voo orbital do Reino Unido pela Virgin Orbit. A empresa do bilionário Richard Branson usou um Boeing 747 para o lançamento, que fracassou e a empresa foi à falência.

O espaço aparece com destaque no relatório Draghi, publicado no ano passado, sobre a competitividade da União Europeia. Privada do acesso aos cosmódromos e lançadores russos devido às sérias tensões com Moscou, a Europa foi afetada por atrasos no desenvolvimento do foguete Ariane 6 e pela suspensão do lançador Vega-C após um acidente. Ela só recuperou sua soberania espacial em 6 de março, com o primeiro voo comercial de um Ariane 6 de Kourou, na Guiana Francesa, após vários meses sem acesso independente ao espaço.

A Isar Aerospace, fundada em 2018 em Munique, é uma das empresas emergentes da nova economia espacial ("New Space"), que se refere a pequenas empresas privadas que se lançam ao espaço ao lado de pesos pesados institucionais, como a Arianespace. Em comparação com os EUA, que têm grandes empresas como a SpaceX de Elon Musk e a Blue Origin de Jeff Bezos, o movimento New Space está apenas em sua infância na Europa. Além da Isar Aerospace, a alemã Rocket Factory Augsburg (RFA) e HyImpulse, da Alemanha, Latitude e MaiaSpace da França (uma subsidiária do Arianegroup) e PLD Space da Espanha estão competindo para se estabelecer no setor de plataformas de lançamento europeu.

O lançamento de domingo gerou "toneladas de dados que as equipes podem agora avaliar e aprender com eles", disse um comentarista da Isar Aerospace no YouTube. Juntamente com os lançadores, surgiram vários projetos de espaçoporto europeu, desde os Açores portugueses até as Shetlands britânicas, sem esquecer Andøya ou Esrange, na vizinha Suécia. Descrevendo-se como "o primeiro espaçoporto operacional da Europa continental", Andøya se vangloria de que sua localização no Ártico é ideal para o lançamento de satélites de órbita polar ou satélites de sincronização solar, ou seja, satélites que passam por qualquer ponto do planeta no mesmo horário solar local todos os dias.

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.