'Não será fácil, mas resultado será histórico', diz Trump sobre tarifas

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender o tarifaço do seu governo na manhã deste sábado, 5. Trump negou que a China tenha sido atingida "mais duramente" que os EUA.

"Eles, e muitas outras nações, nos trataram de forma insustentável. Fomos o 'poste de chicote' idiota e indefeso, mas não mais. Estamos trazendo de volta empregos e negócios como nunca antes", escreveu em uma publicação na rede social Truth Social.

O presidente americano afirmou que o país já recebeu mais de US$ 5 trilhões em investimentos. "AGUARDEM RESISTENTES, não será fácil, mas o resultado final será histórico", afirmou.

A manifestação de Trump ocorre em meio à entrada em vigor das tarifas globais de 10% sobre produtos importados pelos Estados Unidos neste sábado. A medida atinge mais de 180 países. A tarifa geral mínima de 10% passa a valer neste sábado, enquanto as tarifas individualizadas entrarão em vigor na próxima quarta-feira, 9.

A tarifa de 10% será aplicada também às nações que o presidente Trump selecionou para sobretaxas mais elevadas por meio da sua medida tarifária recíproca, caso da União Europeia e da China.

Na sexta-feira, 4, a China anunciou uma série de ações retaliatórias aos Estados Unidos. As medidas incluem tarifa recíproca de 34% sobre os produtos americanos importados, controles de exportação a sete categorias de itens relacionados a terras raras e a inclusão de 11 empresas dos EUA à "lista de entidades não confiáveis". O governo chinês também registrou queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas dos Estados Unidos.

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O ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o 'Bibinho', de 85 anos, fechou acordo com o Ministério Público estadual para devolver R$ 258 milhões e pagar multa de R$ 3,6 milhões no âmbito de uma investigação em que ele é o alvo principal por desvios de recursos públicos. O valor foi calculado 'considerando os desvios praticados, o enriquecimento ilícito obtido e os prejuízos causados aos cofres do Estado do Paraná', informou a Promotoria.

Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com os advogados de Abib Miguel, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

A Promotoria imputa a Abib os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e outros apurados no âmbito das operações Diários Secretos e Argonautas, deflagradas há cerca de 15 anos. Os desvios atribuídos a Abib teriam ocorrido em meio a um esquema por ele conduzido com emprego de 'laranjas' e inclusão de 97 'fantasmas' na folha salarial do Legislativo.

O pagamento milionário a que Abib se comprometeu faz parte de acordos de delação premiada firmados com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Núcleo de Curitiba. Os acordos foram recentemente homologados pela Justiça. Eles abrangem ações penais em que é réu o ex-diretor da Assembleia. A partir da homologação, os processos ficam suspensos.

Os desvios em série na Assembleia foram revelados pelo jornal A Gazeta do Povo em uma série de reportagens, em 2010. A série, intitulada 'Diários Secretos', também foi exibida pela RPC.

A Gazeta e a RPC analisaram mais de 700 exemplares do Diário Oficial da Assembleia, no período entre 1998 e 2009, e constataram dois mil atos que incluíram 97 'fantasmas' na folha salarial do Legislativo estadual.

O esquema atribuído a Abib, via a nomeação de 'fantasmas' e o emprego de 'laranjas', prevaleceu por cerca de dez anos na Assembleia. Ele teria ocultado os valores ilicitamente recebidos por meio de quase 60 atos de lavagem de dinheiro.

As ações criminais resultaram em condenações que, somadas, chegam a 250 anos de reclusão. Abib ficou preso oito anos.

O Ministério Público informou que a celebração dos acordos com o ex-diretor do Legislativo do Paraná assegura 'a devolução dos valores desviados dos cofres públicos, com a reparação expressiva dos danos causados, bem como garante a segurança jurídica dos processos judiciais'.

Após quase 15 anos do início das investigações, muitas ações penais e cíveis relacionadas às operações Diários Secretos e Argonautas ainda estão em fase de recurso, 'havendo o risco de prescrição de vários processos, considerando-se a idade avançada do ex-diretor'.

Em novembro de 2014, Abib foi preso no Aeroporto de Brasília quando recebia cerca de R$ 70 mil, em dinheiro vivo, do administrador de suas propriedades em Goiás, 'oriundos da exploração de imóveis localizados na região'.

No último dia 22 de junho, a 4.ª Vara Criminal de Curitiba recebeu nova denúncia contra o ex-diretor. Promotores do Gaeco acusam, além de Abib, doze investigados por 'envolvimento em desvios de dinheiro público do legislativo estadual'.

De acordo com a denúncia, entre 1997 e 2010, Abib Miguel foi responsável pelo desvio de R$ 216 milhões, em valores atualizados, envolvendo a contratação de 'fantasmas' pela Assembleia.

Ainda de acordo com o Gaeco, os recursos desviados eram 'lavados' por meio da aquisição de imóveis urbanos e rurais, em nome do próprio ex-diretor e de seus familiares, em vários estados, e de sua posterior exploração - agrícola ou extração de madeira ou minérios.

A denúncia dos promotores lista pelo menos 60 imóveis que Abib teria incorporado ao seu patrimônio, localizados no Paraná, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo.

Abib Miguel, sete familiares e outros três investigados são acusados de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A Justiça determinou o sequestro de bens de todos os denunciados e a prisão preventiva, com relação a esse novo processo, de Abib Miguel - que já estava preso por outra decisão judicial.

Gigantes da indústria naval, acusadas na extinta Operação Lava Jato de distribuir propinas a políticos e dirigentes da Petrobras entre 2007 e 2014, fecharam acordo de leniência no valor de R$ 728,3 milhões com o governo brasileiro.

No ajuste firmado com a Controladoria-Geral da União e a Advocacia-Geral da União, a Seatrium Limited e a Jurong Shipyard Pte. Ltd., sediadas em Cingapura, e a Jurong Aracruz, assumiram o compromisso de 'implementar e aprimorar programas robustos de integridade, mecanismos de controle interno e práticas de conformidade'.

A Seatrium e a Jurong Shipyard atuam na indústria naval e de energia. A primeira controla três estaleiros no Brasil: o Jurong Aracruz, no Espírito Santo, o Brasfels, no Rio de Janeiro, e o Seatrium Singmarine, em Santa Catarina.

Durante a Operação Lava Jato, que desmontou sólido esquema de corrupção e cartel de empreiteiras instalado na Petrobras entre 2003 e 2014, executivos do estaleiro Jurong - contratado para a construção de sondas de perfuração da Sete Brasil - foram acusados pelo pagamento de 'vantagens indevidas a agentes públicos brasileiros para contratações junto à Petrobras'.

Foram denunciados também dois personagens emblemáticos da Lava Jato - o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da petrolífera, Renato Duque - como beneficiários de dinheiro ilícito.

Em 2020, o juiz Luiz Antonio Bonat, que substituiu Sérgio Moro - hoje senador - na 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, condenou Vaccari a sete anos e meio de prisão por corrupção. Duque pegou seis anos e meio também por corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-tesoureiro sempre negou os crimes que a Lava Jato lhe atribuiu. A defesa de Duque não se manifestou.

No acordo fechado com a CGU e a AGU, as empresas se declararam dispostas a promover 'uma mudança em sua cultura organizacional'. Elas foram representadas pelos escritórios Tojal Renault Advogados, Bottini & Tamasauskas Advogados e Wielewicki Advogados Associados.

Para os advogados, esse tipo de acordo, baseado em dispositivos da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), 'busca promover mudanças na cultura organizacional das empresas, fortalecendo práticas de integridade e controle interno'.

Mais da metade dos brasileiros consideram errado o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) quando anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

Os dados foram levantados pelo Instituto Datafolha e divulgados nesta quinta-feira, 31. Para 57% dos entrevistados, a "chantagem", termo que a oposição tem usado para se referir ao caso, é errada. Já 36%, entretanto, acreditam que o americano está certo. Outros 7% dos entrevistados não responderam.

A pesquisa ouviu os brasileiros nos dias 29 e 30, dia da oficialização do tarifaço, com recuo de Trump em quase 700 produtos.

Na carta enviada para Lula anunciando as tarifas, dia 9 de julho, Trump justificou o nível da taxa, maior entre os países sancionados, como resposta ao tratamento dado pelo Brasil a Bolsonaro.

"Eu conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A maneira como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu Trump na ocasião.

Outra pergunta feita pelo levantamento mostra um País dividido. Quando questionados se acham que Bolsonaro está sendo perseguido e injustiçado, como afirma Trump, que disse que o ex-presidente sofre um "caça às bruxas", 50% negam, enquanto 45% acreditam que sim. São 5% os que dizem não saber.

Nesta quarta-feira, 30, mesmo dia da oficialização das tarifas, o governo americano também puniu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a Lei Magnitsky.