Trump impediu ataque de Israel contra instalações nucleares do Irã

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bloqueou um plano de Israel para atacar instalações nucleares no Irã, segundo informações do jornal americano The New York Times, em meio às negociações entre Washington e Teerã.

Os dois países, sem relações diplomáticas há mais de 40 anos, buscam um novo acordo sobre o programa nuclear do Irã depois que Trump retirou os Estados Unidos, durante seu primeiro mandato, de um pacto anterior sobre o tema.

Depois de uma primeira reunião em Omã na semana passada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, participarão de uma segunda rodada de negociações em Roma no sábado.

Ataque

Neste contexto, fontes do governo Trump explicaram ao jornal que Israel havia solicitado ajuda de Washington para efetuar um ataque em maio contra as instalações nucleares do Irã.

Segundo o NYT, o plano e sua possível execução foram avaliados pelo governo dos Estados Unidos por meses.

Porém, durante uma visita à Casa Branca do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu na semana passada, Trump disse ao israelense que não apoiaria um ataque.

Ao mesmo tempo, o presidente republicano anunciou de maneira surpreendente as negociações com o Irã sobre seu programa nuclear.

Desde sua posse em janeiro, Trump intensificou a pressão contra Teerã, com mais sanções e ameaças de uma ação militar caso os países não alcancem um acordo sobre a questão.

Estados Unidos, Israel e outros países ocidentais consideram que o programa nuclear do Irã busca o desenvolvimento da bomba atômica, o que Teerã nega.

Inspeção

Em meio as negociações entre Washington e Teerã, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, advertiu nesta quinta-feira que os países têm "pouco tempo" para alcançar um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

"Estamos em uma fase crucial destas negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo, por isso quero facilitar este processo", disse Grossi em uma entrevista coletiva em Teerã ao lado do chefe da agência iraniana de energia atômica, Mohamad Eslami.

Segundo a AIEA, o Irã manteve o compromisso até o rompimento do acordo por Trump. Em seu relatório mais recente, a agência afirma que Teerã dispõe de urânio enriquecido a 60%, próximo dos 90% necessários para produzir uma arma atômica.

O diplomata argentino teve uma reunião na quarta-feira, 16, com Araqchi, que também lidera a delegação iraniana nas negociações com Washington. O chanceler de Teerã celebrou nesta quinta-feira uma "discussão útil" com Grossi.

"Nos próximos meses, a agência pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana", afirmou. Mas em sua mensagem, o chanceler também alertou que "alguns criadores de problemas estão se reunindo para provocar o descarrilamento das negociações".

A acusação pareceu direcionada às mudanças de posição da administração de Donald Trump.

O enviado do governo Trump, Steve Witkoff, defendeu na segunda-feira, 14, limitar as capacidades de enriquecimento de urânio do Irã, mas um dia depois pediu o desmantelamento total do programa, o que representa uma linha vermelha para Teerã. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar a Secretaria-Geral da Presidência nesta segunda-feira, 20. A pasta é responsável pela articulação com os movimentos sociais e era ocupada pelo ministro Márcio Macêdo (PT), alvo de críticas por não ter conseguido melhorar a relação do governo com os grupos.

O início das conversas sobre Boulos assumir a pasta ocorreu em maio. O anúncio oficial ocorre quase cinco meses depois.

Boulos ganhou projeção política justamente por sua atuação nos movimentos sociais. Praticamente desde a origem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre 2002 e 2003, foi o coordenador nacional da organização, o que lhe rendeu a fama na oposição de "invasor de casas", amplamente utilizada por adversários nos pleitos em que concorreu.

Professor, Boulos é formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), e disputou cargos no Executivo três vezes, aos quais não foi eleito.

A estreia do psolista de 42 anos foi em 2018, quando tentou a Presidência. Obteve 617.122 votos, ficando em 10º lugar entre os 13 candidatos do pleito. Em 2020, se candidatou a prefeito em chapa com Luiza Erundina (PSOL), recebendo 40,62% dos votos válidos no segundo turno contra Bruno Covas, do PSDB, que tinha Ricardo Nunes (MDB) como vice.

Ano passado, tentou novamente a Prefeitura, em chapa formada com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) e com apoio de Lula, mas perdeu para Nunes, que teve o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), como principal cabo eleitoral.

O pleito foi marcado por baixarias, principalmente envolvendo o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que teve o psolista como principal alvo. Na véspera do primeiro turno, Marçal divulgou um laudo falso acusando Boulos de ter sido internado por uso de cocaína. O documento teve assinatura forjada de médico que já faleceu.

Em 2022, Boulos foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de um milhão de votos, a maior votação entre candidatos paulistas, sendo um dos 13 parlamentares integrantes da bancada do PSOL em exercício.

Como mostrou a Coluna do Estadão, em resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PSOL em dezembro de 2022, às vésperas de Lula voltar ao Planalto, o partido destacou que "não terá cargos na gestão que se inicia". Após a publicação da reportagem, o PSOL disse que o impedimento se restringe a dirigentes partidários.

A Polícia Federal pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a abertura de um novo inquérito para apurar se o ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, simulou uma falsa entrada nos Estados Unidos no final de 2022 com o objetivo de "descredibilização das provas" das investigações do STF.

A prisão preventiva de Filipe Martins foi decretada por Moraes em 2024 com base em registros de imigração do governo dos Estados Unidos que apontavam que o ex-assessor presidencial entrou naquele país com a comitiva de Jair Bolsonaro em 30 de dezembro de 2022 e um possível risco de fuga decorrente dessa viagem. Martins, porém, sempre negou ter ingressado nos EUA na ocasião e disse que permaneceu no Brasil.

Mais recentemente, o governo de Donald Trump anunciou ter feito uma revisão nos registros e concluiu que a entrada de Filipe Martins não ocorreu. Após ser questionada por Moraes, a Polícia Federal sugeriu a abertura dessa nova investigação e apontou que a confusão envolvendo o assunto pode fazer parte de uma estratégia para descredibilizar as investigações, nos moldes da atuação das milícias digitais.

"A rigor, o registro de entrada de FILIPE MARTINS PEREIRA nos Estados Unidos, ainda que em caráter indiciário, revela a possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado, no qual não há a presença física dos integrantes da comitiva presidencial perante as autoridades migratórias, com a finalidade de simular uma falsa entrada de FILIPE MARTINS em território norte-americano", escreveu a PF.

De acordo com os investigadores, essa circunstância "tem sido utilizada como prática de novas ações de embaraçamento, tomadas como estratégia para descredibilização das provas e das autoridades que atuaram na persecução penal".

"Diante da impossibilidade de esgotar, no presente ofício, todos os elementos envolvidos, e, ainda, considerando a gravidade dos fatos constatados, a Polícia Federal sugere a Vossa Excelência a instauração de procedimento apuratório específico, com o devido compartilhamento das provas já produzidas", propôs a PF.

O governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSD) avaliou nesta segunda-feira, 20, que, se quiser apoio a uma eventual candidatura à Presidência nas eleições de 2026, Tarcísio de Freitas (Republicanos) precisa agradar aos partidos do Centro, e não ao bolsonarismo.

"Se o governador Tarcísio deseja ser candidato e ter o nosso apoio, não somos nós que vamos fazer o movimento para um discurso bolsonarista, mas ele que precisa de um posicionamento mais ao centro e mais afastado do bolsonarismo", disse ao jornal O Globo antes de almoço com empresários em São Paulo.

Segundo Leite, não são os partidos do centro que devem "bolsonarizar ou radicalizar" o discurso. "Pelo menos, não da minha parte, e não daquilo que eu acredito", disse.

O governador gaúcho afirmou que, em seus encontros com Tarcísio, o chefe do Executivo paulista apresentou postura "muito razoável, de gestor centrado e preocupado em melhorar a performance do governo".

Ao comentar as falas de Tarcísio durante ato bolsonarista na Avenida Paulista em 7 de setembro, Leite disse acreditar que sua postura se deve a uma "questão de lealdade a alguém que lhe abriu espaço na sua trajetória", referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante o evento, Tarcísio criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. "Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes", declarou na ocasião.

"Eu não saberia dizer o quanto daquela manifestação dele, dentro de uma plateia de quase 40 mil pessoas, corresponde ao seu sentimento mais profundo ou o quanto que ele foi conduzido àquela situação. Mas ele tem uma trajetória maior do que aquilo, vejo uma pessoa preocupada com a gestão pública, com o País e, acredito, um democrata", ponderou Leite.

Apesar das considerações de Eduardo Leite, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já manifestou interesse em apoiar o governador de São Paulo em uma eventual candidatura a presidente em 2026. Tarcísio, por sua vez, tem reiterado que pretende concorrer à reeleição.

De acordo com O Globo, Leite também falou sobre a possibilidade de ele próprio sair candidato ao Palácio do Planalto. Ao minimizar eventos realizados em torno da candidatura do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), ele disse que seu diferencial em relação aos outros presidenciáveis é a "capacidade de fazer um discurso mais independente".

"Nessas últimas eleições, eu não abracei nem o Lula nem o Bolsonaro, e quase paguei o preço disso por estar num ambiente muito polarizado", disse.