Europeus e americanos debatem futuro da Ucrânia em negociações em Paris

Internacional
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Diplomatas americanos e europeus se reuniram nesta quinta-feira, 17,em Paris para discutir um possível acordo de cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia. As reuniões incluirão o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o enviado Steve Witkoff, assim como o presidente da França, Emmanuel Macron, e autoridades ucranianas.

Segundo um comunicado do Departamento de Estado dos EUA, Rubio e Witkoff terão conversas para promover o objetivo do presidente Trump de encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia.

As reuniões ocorrem em um momento em que crescem as preocupações sobre a prontidão de Trump em se aproximar da Rússia, buscando intermediar um cessar-fogo na Ucrânia, e outras medidas de seu governo, desde tarifas sobre alguns de seus parceiros mais próximos até a retórica sobre a Otan e a Groenlândia.

O assessor presidencial ucraniano, Andrei Yermak, o ministro das Relações Exteriores, Andrei Sybiha, e o ministro da Defesa, Rustem Umerov, também chegaram a Paris nesta quinta-feira para participar das conversas.

Yermak descreveu os encontros como "uma série de reuniões bilaterais e multilaterais com representantes dos estados da coalizão dos dispostos que são capazes de garantir a segurança". A delegação ucraniana também se reunirá com autoridades americanas, disse Yermak.

Coalizão

Cerca de 30 países, liderados pelo Reino Unido e pela França, vêm discutindo uma possível coalizão para policiar qualquer futuro acordo de paz com a Rússia. O sucesso da operação da coalizão depende do apoio dos EUA com poder aéreo e assistência militar, mas o governo Trump não se comprometeu publicamente a fornecer qualquer ajuda.

O Secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, também participa das discussões sobre a Ucrânia, juntamente com o assessor de política externa do governo alemão e o diretor político do Ministério das Relações Exteriores.

Macron terá reuniões separadas com Rubio e Witkoff. O presidente francês planeja discutir também o impacto das políticas tarifárias de Trump e os conflitos no Oriente Médio, "numa lógica de desescalada na região", afirmou o gabinete de Macron.

Ofensiva russa

Autoridades do governo ucraniano e analistas militares afirmaram que as forças russas estão se preparando para lançar uma nova ofensiva militar nas próximas semanas para maximizar a pressão sobre Kiev e fortalecer a posição de negociação do Kremlin em um possível cessar-fogo.

Várias rodadas de negociações foram realizadas na Arábia Saudita entre representantes de Washington e Moscou. Na semana passada, Witkoff se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin.

Moscou se recusou efetivamente a aceitar um cessar-fogo abrangente que Trump impulsionou e que a Ucrânia endossou. A Rússia o condicionou à interrupção dos esforços de mobilização da Ucrânia e do fornecimento de armas ocidentais, exigências rejeitadas pela Ucrânia.

De acordo com o jornal americano The Washington Post, a Rússia deve anunciar o fim do cessar-fogo energético com Kiev.

Embora o cessar-fogo limitado que começou no mês passado tenha abrangido apenas a infraestrutura energética, a medida foi descrita pela equipe de negociação de Trump como um passo importante rumo a uma trégua total. No entanto, a pausa foi criticada por sua imprecisão e pelas contradições entre Rússia, Ucrânia e Estados Unidos em aspectos-chave - incluindo a data em que entrou em vigor e o que foi abordado.

O Kremlin afirma que o cessar-fogo parcial - ao qual se refere como uma moratória temporária sobre ataques à infraestrutura energética - começou em 18 de março. Mas a Ucrânia afirma que a pausa começou uma semana depois, em 25 de março.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a "moratória" está prestes a expirar e acusou a Ucrânia de não cumpri-la. Ele acrescentou que o presidente russo, Vladimir Putin, tomará uma decisão nos próximos dias. (Com agências internacionais).

 

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.

Senadores brasileiros tiveram uma primeira reunião de trabalho na noite desde sábado, em Washington, nos Estados Unidos, no âmbito da missão oficial à capital americana para debater as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto. Participaram das conversas Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser discutidos nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.

"O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil", afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, em nota.

Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) devem chegar a Washington neste domingo.

A missão oficial do Senado brasileiro à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até o dia 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Há a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, assine uma ordem executiva nos próximos dias com as justificativas legais para taxar os produtos importados do Brasil em 50%, a partir de agosto, conforme relatos na imprensa. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) para apurar práticas comerciais injustas no Brasil, e que também teria o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo.

Na semana passada, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de "claro abuso de poder" e que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária ".