Trump sofre reveses na Justiça em políticas para imigração, reforma eleitoral e diversidade

Internacional
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O governo Donald Trump sofreu uma série de derrotas na Justiça entre a quarta-feira, 23, e quinta-feira, 24, em processos relacionados às suas políticas para imigração, eleições e combate aos programas de diversidade e inclusão. Apesar dos reveses sofridos pelo governo, as batalhas judiciais estão longe de chegar ao fim. Os advogados que representam a Casa Branca recorreram aos tribunais de apelação e à Suprema Corte na tentativa de reverter algumas das decisões desfavoráveis.

 

Em ações separadas, os juízes barraram os esforços do Departamento de Educação contra os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).

 

As decisões foram emitidas antes do prazo final estabelecido pela agência para os estados se comprometessem a não adotar o que considera "práticas ilegais" de DEI.

 

Em New Hampshire, um juiz federal suspendeu uma série de diretrizes do Departamento de Educação. Isso inclui o memorando que exigia garantias de que as escolas não utilizam práticas de diversidade, equidade e inclusão consideradas discriminatórias pelo governo.

 

Em Maryland e Washington, os juízes também barraram parte dos esforços do Departamento de Educação contra as políticas de diversidade, equidade e inclusão.

 

Em outro revés para o governo Donald Trump, a Justiça impediu a Casa Branca de implementar imediatamente mudanças no sistema eleitoral, incluindo a exigência de comprovação da cidadania no registro de eleitores. Mas permitiu que outras partes do decreto avancem, pelo menos por enquanto. Isso inclui a diretriz com prazos mais rígidos para o voto por correio.

 

A Justiça também ordenou que o governo facilite o retorno de um venezuelano, de 20 anos, que foi deportado para El Salvador no mês passado, apesar do pedido de asilo pendente.

 

Na decisão, a juíza federal Stephanie Gallagher, de Maryland, afirmou que o governo violou um acordo de 2019 ao deportar o imigrante, identificado apenas como Cristian nos registros do tribunal.

 

Em paralelo, a Casa Branca vem sendo cobrada a colaborar para o retorno de Kilmar Albrego Garcia, deportado por engano para El Salvador no mês passado e detido em prisão de segurança máxima desde então.

 

Em ação separada, o juiz federal William Orrick, de San Francisco, impediu o governo de reter recursos federais para as cidades que têm o status de "santuário", o que limita a cooperação com agentes da imigração.

 

Orrick apontou que os decretos são inconstitucionais que o governo não pode congelar recursos de San Francisco e outras cidades enquanto corre o processo.

 

Por outro lado, o governo Donald Trump recorreu à Suprema Corte contra as decisões dos tribunais inferiores que bloquearam a proibição de pessoas transexuais nas Forças Armadas.

 

Logo após assumir a Casa Branca, o presidente assinou um decreto alegando que a identidade de militares transexuais "entra em conflito com o compromisso de um soldado com um estilo de vida honrado, verdadeiro e disciplinado, inclusive em sua vida pessoal". Seguindo as ordens de Donald Trump, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, emitiu o memorando que desqualifica pessoas trans para o serviço militar.

 

O juiz federal Benjamin Settle, em Washington, decidiu no mês passado a favor de militares transexuais, que denunciaram a proibição como discriminatória. O tribunal de apelações manteve a ordem bloqueando a política em todo país. Fonte: Associated Press.

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O senador Sergio Moro (União-PR) se pronunciou nas redes sociais sobre a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello nesta sexta-feira, 25. Ele relacionou o fato ao Partido dos Trabalhadores (PT), que responsabilizou pela influência de Collor na BR Distribuidora.

O ex-presidente foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção a partir de investigação na Operação Lava Jato. A ação penal contra ele foi aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018 e Collor movia recursos contra sua condenação, que ocorreu em maio de 2023.

Ele foi acusado de usar sua 'influência política' na BR Distribuidora, que era a empresa de distribuição de combustíveis da Petrobras, para viabilizar quatro contratos da UTC Engenharia para a construção de bases de combustíveis.

No processo, recebeu cerca de R$ 20 milhões em propinas. O STF entendeu que a vantagem foi dada em troca de apoio político para indicação e manutenção de diretores da estatal. Na época, ele era senador pelo estado de Alagoas.

Em seu perfil no X, antigo Twitter, Sergio Moro relacionou a condenação e prisão de Collor ao partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Prisão de Collor pela corrupção na BR Distribuidora durante os Governos do PT. Fatos descobertos na Lava Jato. Quem será que entregou a BR Distribuidora para o Collor?", escreveu o ex-juiz federal.

Para a CNN Brasil, Moro disse que a prisão foi uma "vitória da lei e da Justiça e um desdobramento da Lava Jato", e insistiu em atrelar a atuação de Collor a Lula. "Por que outros ladrões da Petrobras estão soltos injustificadamente? Por que omite-se, nas notícias, que foi Lula quem entregou a BR Distribuidora ao Collor?", opinou.

Em 2017, então exercendo o cargo de juiz federal no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Sergio Moro condenou Lula à prisão no âmbito da Lava Jato, de que era um dos principais juízes. Mais tarde, em 2021, ele foi declarado parcial para julgar o caso.

O STF anulou as condenações por entender que não há relação entre desvios praticados na Petrobras e os processos contra Lula, que envolviam o tríplex do Guarujá. O caso deveria ser reiniciado no Distrito Federal, mas a Justiça reconheceu que os crimes prescreveram.

Apesar dos casos de Lula e Collor guardarem relação com a Lava Jato, os processos tramitaram em instâncias diferentes e tratavam de circunstâncias distintas.

As comissões de Cultura e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara vão ouvir, na próxima quarta-feira, 30, a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Os parlamentares querem que ela explique os R$ 640 mil em cachês por apresentações no carnaval, pagos por prefeituras, e o uso político de escritórios estaduais da pasta, caso revelado pelo Estadão.

A sessão está marcada para as 10 horas. Inicialmente, a ministra seria ouvida no dia 16 de abril, mas a sessão foi adiada. O Ministério da Cultura não soube explicar o motivo da mudança de data, mas confirmou a presença dela na quarta.

O Estadão procurou o líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), autor do requerimento de convite, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.

Em novembro do ano passado, o Estadão mostrou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou, nos escritórios estaduais do Ministério da Cultura nos 26 Estados, uma estrutura de "filiais" da pasta. Esses postos foram entregues para pessoas filiadas a partidos políticos, em especial a militantes do PT.

A criação dos escritórios se deu no início do governo Lula e eles ganharam a atribuição de influenciar a escolha das organizações não governamentais (ONGs) que formam os comitês de cultura dos Estados. Os colegiados fazem parte de uma política nacional que, entre 2025 e 2026, deve repassar R$ 58,8 milhões para difusão cultural.

Após a publicação da reportagem pelo Estadão, o Ministério da Cultura afirmou, em nota, que os comandantes dos 26 escritórios são escolhidos a partir da experiência no setor cultural e que a filiação a um partido não seria um requisito. Mas acrescentou que o governo Lula "é composto por ampla base partidária e atua na perspectiva do estabelecimento de coalizão para o aperfeiçoamento da democracia".

Em outra reportagem, publicada em março deste ano, o Estadão revelou áudios onde a secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, afirma que os colegiados serviram para eleger aliados em 2024 com o aval da cúpula do ministério. Em 2024, o comitê de Cultura no Amazonas republicou peças de campanha de Anne para a Câmara Municipal de Manaus, na qual ela saiu derrotada.

Além do caso dos comitês, Margareth Menezes recebeu pelo menos R$ 640 mil, em cachê de shows, das prefeituras de Salvador (BA) e Fortaleza (CE) pelas apresentações que fez nas duas cidades em 2025. A informação foi publicada pelo site Metrópoles e confirmada pelo Estadão.

Em março de 2024, o Estadão mostrou que, a Comissão de Ética Pública da Presidência (CEP) havia decidido que a ministra só poderia fazer shows pagos com dinheiro privado. O colegiado, porém, chegou a liberar os shows pagos com verba pública já contratados na época, mas vedou as "apresentações futuras" custeadas dessa forma.

Antes do carnaval, a ministra fez nova consulta à Comissão de Ética pedindo esclarecimentos sobre as decisões do ano passado. O colegiado, controlado por aliados de Lula, decidiu que a proibição valeria apenas em casos de verbas federais. Dessa forma, cachês pagos por Estados e municípios foram liberados.

Em uma nota de esclarecimento, a CEP afirmou que os diferentes entendimentos não entravam em contradição. "Nas decisões das consultas formuladas pela ministra Margareth Menezes em 2024 e 2025, tratando expressamente da possibilidade de shows remunerados com recursos estaduais ou municipais, a CEP manteve sempre o mesmo entendimento: é possível, desde que não envolva recursos federais", disse o colegiado.

"A separação entre a figura pública da ministra e a da artista precisa ser cristalina, principalmente quando há recursos públicos envolvidos. [...] É fundamental esclarecer se houve qualquer tipo de favorecimento ou conflito de interesse na contratação da ministra por municípios que podem ser beneficiados por verbas do ministério que ela comanda", afirmou Zucco na justificativa do convite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) informou que vai apurar a entrada de pessoas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está internado.

"As unidades de terapia intensiva (UTIs) acolhem pacientes em condições de saúde delicadas, exigindo ambientes rigorosamente controlados para favorecer a recuperação. O aumento no número de pessoas circulando nesses espaços pode comprometer a evolução clínica dos pacientes e aumentar o risco de infecções hospitalares", explicou o CRM-DF em comunicado.

Nesta sexta-feira, 25, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma nota técnica em que reafirma que o acesso à UTIs é restrito e que o desrespeito aos protocolos técnico-científicos deve ser apurado pelas unidades regionais do órgão.

Segundo o CFM, a entrada nesses espaços deve obrigatoriamente atender a critérios como autorização prévia da equipe médica, ter duração da visita e número de pessoas restrito, observar protocolos de segurança sanitária e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Bolsonaro permanece na UTI há 13 dias e ainda não tem previsão de alta. Ele foi internado após ser submetido a uma cirurgia de desobstrução intestinal.

O ex-presidente já recebeu aliados como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o pastor Silas Malafaia; deu uma entrevista para o SBT; fez uma live para venda de capacetes e foi intimado pela Justiça. Ao Estadão, Costa Neto informou que pediu ao hospital para realizar a visita e foi autorizado.

Na quarta-feira, 23, uma oficial de justiça entregou a Bolsonaro a intimação sobre a abertura da ação penal de um plano de golpe de Estado. Ele é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder de uma organização criminosa. Logo depois, na quinta-feira, 24, ele apresentou piora clínica, com elevação da pressão arterial e alteração nos exames hepáticos, segundo o boletim médico.

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal afirma que cabe à instituição hospitalar e ao Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar estabelecer critérios claros sobre a quantidade de pessoas e quem pode acessar a UTI.