Irã e EUA iniciam negociações sobre o rápido avanço do programa nuclear de Teerã

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O Irã e os Estados Unidos iniciaram neste sábado, 26, negociações aprofundadas em Omã sobre o rápido avanço do programa nuclear de Teerã. As conversações provavelmente se concentrarão no enriquecimento de urânio pela República Islâmica.

Segundo a televisão estatal iraniana e uma fonte dos EUA, as negociações estão ocorrendo em Mascate, a capital do sultanato, cercada de montanhas, no extremo leste da Península Arábica.

No entanto, nem o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, nem o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ofereceram quaisquer detalhes específicos ou imediatos sobre as negociações que eles conduzirão.

Araghchi chegou na sexta-feira, 25, a Omã e se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, que mediou as duas rodadas anteriores de negociações em Mascate e Roma.

Em seguida, Araghchi visitou a Feira Internacional do Livro de Mascate, cercado por câmeras de televisão e fotojornalistas.

Um vídeo no final da manhã de sábado mostrou Araghchi indo para as negociações. Witkoff esteve em Moscou na sexta-feira, reunido com o presidente russo Vladimir Putin.

Ele chegou no sábado a Omã, onde as negociações deveriam se desenvolver, disse uma fonte familiarizada com as viagens de Witkoff à agência de notícias Associated Press, falando sob condição de anonimato.

Negociações nucleares ocorrem após décadas de tensões

As negociações buscam limitar o programa nuclear do Irã em troca do levantamento de algumas das pesadas sanções econômicas que os EUA impuseram à República Islâmica, encerrando meio século de inimizade.

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou repetidamente desencadear ataques aéreos contra o programa do Irã se um acordo não for alcançado.

As autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam construir uma arma nuclear com seu estoque de urânio já enriquecido a níveis próximos aos usados por esses artefatos.

O acordo nuclear de 2015 do Irã com as potências mundiais limitou o programa de Teerã. No entanto, Trump se retirou unilateralmente do acordo em 2018, dando início a anos de ataques e tensões.

O Oriente Médio em geral também continua no limite com a devastadora guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Trump, em viagem a Roma para o funeral do Papa Francisco, disse novamente que esperava que as negociações levassem a um novo acordo nuclear. Entretanto, ele ainda manteve a possibilidade de um ataque militar caso isso não ocorra.

"A situação do Irã está indo muito bem", disse Trump no Air Force One. "Tivemos muitas conversas com eles e acho que vamos chegar a um acordo. Prefiro um acordo a outra alternativa. Isso seria bom para a humanidade."

Ele acrescentou: "Há algumas pessoas que querem fazer um tipo diferente de acordo - um acordo muito mais desagradável - e eu não quero que isso aconteça com o Irã, se pudermos evitar."

Conversas voltadas para especialistas

Embora Araghchi e Witkoff devam novamente falar, especialistas de ambos os lados também começarão a negociar os detalhes de um possível acordo.

Do lado iraniano, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Majid Takht-e Ravanchi, liderará a equipe de especialistas de Teerã, disse Mohammad Golzari, uma autoridade do governo iraniano. Takht-e Ravanchi participou das negociações nucleares de 2015.

A equipe técnica dos EUA será liderada por Michael Anton, diretor da equipe de planejamento de políticas do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Anton não tem a mesma experiência em política nuclear daqueles que lideraram os esforços dos Estados Unidos nas negociações de 2015.

O Irã tem insistido que manter seu enriquecimento é fundamental. Mas Witkoff embaralhou a questão ao sugerir, em uma entrevista para a televisão, que o Irã poderia enriquecer urânio a 3,67% e, posteriormente, dizer que todo enriquecimento deve ser interrompido.

Essa exigência de parar todo o enriquecimento também foi repetida pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

No entanto, os iranianos continuam esperançosos de que as negociações possam ser bem-sucedidas. Um indicativo é que o rial, a moeda iraniana, se recuperou de baixas históricas durante as quais era necessário mais de 1 milhão de riais para comprar US$ 1.

"Não há problema em negociar, diminuir ou aumentar o programa nuclear e chegar a um acordo", disse Farzin Keivan, morador de Teerã. "É claro que não devemos lhes dar tudo. Afinal de contas, sofremos muito por esse programa."

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O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai destinar R$ 100 milhões para um plano nacional para enfrentamento aos desastres naturais que será desenvolvido juntamente com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A parceria foi oficializada em Belém, nesta sexta-feira, 7, durante cerimônia que homenageou Pedro Teixeira, militar português do período colonial que liderou a primeira expedição fluvial subindo o rio Amazonas.

Estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen; a diretora do Cemaden, Regina Célia Alvalá; e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. A cerimônia ocorreu no espaço interno do navio Atlântico, ancorado no porto de Belém e que funcionará como base de operações e apoio logístico das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

A ideia da parceria é unir esforços técnicos, científicos e institucionais para fortalecer a capacidade nacional de prevenção, monitoramento e resposta aos eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes.

"Estamos tendo desastres extremos cada vez mais frequentes e intensos. Estamos desenvolvendo esforços de prevenção, com programa de descarbonização e outras iniciativas. Mas nós também temos que nos preparar para a resposta.

Salvar vidas em primeiro lugar e recuperar as estruturas, as comunicações, a economia", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. De acordo com Mercadante, a expectativa é de que, com base nas estudos que serão realizados, o plano nacional esteja concluído em outubro do próximo ano.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste sábado, 8, que o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para o projeto de lei antifacção enviado ao Congresso pelo Executivo "preserva avanços" do texto do governo federal e "endurece as penas contra o crime".

"É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade e, com a maturidade que o país exige, trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa: garantir segurança à nossa sociedade", escreveu o parlamentar em sua conta no X. "Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger", completou.

Motta afirmou ainda que segurança pública é uma pauta suprapartidária e que vai conduzir as discussões sobre o congresso, "com respeito ao regimento, mas com a firmeza de quem conhece a urgência das ruas". O deputado diz acreditar que o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado "encontrou um ponto de unidade".

A declaração ocorre no rescaldo do anúncio, na noite desta sexta, 7, de que Derrite - que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo para relatar projetos sobre o tema na Câmara - também seria relator do PL antifacção, de autoria do governo Lula. O parlamentar já havia recebido a relatoria de um projeto concorrente, o que propõe equiparar facções a organizações terroristas, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE).

O anúncio gerou fortes críticas de governistas. O líder do PT na Câmara dos Deputados afirmou que a escolha de Derrite como relator do projeto como um "desrespeito" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também ressaltou que a decisão "beira uma provocação". Já a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, disse que a escolha "contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político".

Horas depois do anúncio Derrite já publicou seu parecer sobre o tema, que pode ser analisado na Câmara dos Deputados já na próxima semana.