Paquistão autoriza retaliação após ataque da Índia que matou 31 pessoas

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Paquistão autorizou nesta quarta-feira, 7, suas forças armadas a retaliar os bombardeios da Índia que mataram 31 pessoas na terça-feira, aumentando os temores de uma escalada do conflito entre os dois vizinhos com arsenais nucleares. Ontem, o governo paquistanês acusou o indiano de "iniciar um inferno" e disse que a Índia "deve sofrer as consequências dos ataques covardes" desta semana.

A crise começou com um atentado em abril. Militantes mataram 25 turistas indianos e um guia nepalês em Pahalgam, na parte da Caxemira controlada pela Índia. O governo do premiê indiano, Narendra Modi, acusou o Paquistão de apoiar o terrorismo islâmico e ser responsável pelo massacre.

O exército indiano afirmou ter atacado nove alvos terroristas, incluindo campos de treinamento de dois grupos islâmicos, Lashkar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammed, que há muito tempo são acusados de operar livremente do Paquistão e estão envolvidos em alguns dos ataques terroristas mais letais da Índia.

"Matamos apenas aqueles que mataram nossos inocentes", disse o ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, enquanto o chanceler indiano, Amit Shah, garantiu que o governo estava "decidido a dar uma resposta adequada a qualquer ataque contra a Índia e seu povo".

O governo paquistanês afirmou que 78 aviões indianos atacaram seis localidades, mas que nenhuma tinha qualquer relação com grupos terroristas. Islamabad disse ainda ter abatido cinco caças, incluindo dois jatos Rafale, de fabricação francesa - a França confirmou que pelo menos um havia sido derrubado.

Vingança

Em um discurso à nação, no fim da noite de ontem, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, prometeu vingança. "Nós nos comprometemos a vingar cada gota de sangue desses mártires", afirmou o premiê, que disse ter autorizado as forças armadas a responder "à altura" o ataque indiano.

Embora as autoridades paquistanesas tenham dito que o Paquistão se reserva o direito de retaliar, Khawaja Muhammad Asif, o ministro da Defesa, adotou um tom diferente, sugerindo que o Paquistão já havia respondido abatendo aviões e drones indianos.

Ele prometeu não escalar o conflito se a Índia evitar novos ataques e concordar com uma investigação independente sobre a crise. "O governo paquistanês sugere uma comissão de dois ou três outros países", disse Asif. "Um órgão confiável poderia ser criado. Não queremos que isso fique no limbo."

Foi a primeira vez desde a guerra entre a Índia e o Paquistão, em 1971, que mísseis indianos atingiram o interior de Punjab, a província mais importante do ponto de vista político e militar do país, o que foi considerado como "um ato de guerra" pelo governo paquistanês.

Alto risco

Índia e Paquistão entraram em guerra quatro vezes desde a independência dos dois países, em 1947, a última delas em 1999. Desde então, os conflito entre os dois assumiu um caráter ainda mais grave em razão de indianos e paquistaneses terem desenvolvido a capacidade de fabricar armas nucleares. Por isso, impasses militares, fogo cruzado e escaramuças de fronteira sempre foram cuidadosamente coreografadas para evitar uma catástrofe.

O analista Michael Kugelman disse que os ataques foram os de maior intensidade da Índia contra o Paquistão em anos, e a resposta "certamente será contundente". "Essas são duas forças armadas fortes que, mesmo tendo armas nucleares como dissuasão, não têm medo de empregar níveis consideráveis de força militar convencional uma contra a outra", disse. "Os riscos de escalada são reais. E eles podem muito bem aumentar, e rapidamente".

O Paquistão afirmou que mais de 50 aeronaves civis voavam pelo espaço aéreo do país na quarta-feira, quando a Índia atacou o país. "Havia vários aviões comerciais com milhares de passageiros cujas vidas foram colocadas em grave perigo. Esses voos não eram apenas paquistaneses, mas também sauditas, do Catar, da Emirates, da Etihad, da Gulf Air, chineses e coreanos", disse o general Ahmed Sharif Chaudhry, porta-voz do exército.

Ontem, as companhias aéreas Etihad, Emirates e Qatar Airways cancelaram ou foram forçadas a desviar voos com destino ao Paquistão. Aeroportos em cidades do norte da Índia, como Dharamshala, Leh, Jammu, Srinagar e Amritsar, foram fechados.

Reação

EUA, Reino Unido, União Europeia, China, Rússia e Turquia, os principais atores com influência sobre os dois países, tentaram abaixar a temperatura da crise. O presidente americano, Donald Trump, se colocou à disposição para "ajudar". "O que eu puder fazer para que eles parem, eu farei", disse.

Diplomatas americanos têm mantido contato constante com autoridades paquistanesas e indianas. Tulsi Gabbard, diretora de inteligência nacional dos EUA, está em contato frequente com o governo da Índia para tentar acalmar a situação.

A China também pediu calma. Pequim é o maior investidor estrangeiro no Paquistão e tem várias disputas de fronteira com a Índia, incluindo uma na parte nordeste da região da Caxemira. "Pedimos à Índia e ao Paquistão que priorizem a paz e a estabilidade, mantenham a calma e a moderação e evitem tomar medidas que possam complicar ainda mais a situação", disse a chancelaria chinesa, em comunicado.

Os pedidos, no entanto, foram ignorados. Desde as primeiras horas da manhã, houve troca pesada de disparos entre soldados indianos e paquistaneses na Linha de Controle, a fronteira de fato que divide a Caxemira. De acordo com autoridades da Índia, pelo menos 12 civis indianos foram mortos. O Paquistão informou que pelo menos cinco pessoas haviam morrido ontem por bombardeios em seu lado da Caxemira.

Como a troca de fogo, milhares de moradores do lado indiano foram forçados a fugir para áreas mais seguras. Eles se disseram aterrorizados em meio ao que chamaram de "chuva de fogo de artilharia" que danificou casas, um templo sikh, campos agrícolas e veículos.

Do lado paquistanês, o estrago à infraestrutura civil foi notório. Um dos ataques indianos atingiu a mesquita Subhan, na cidade de Bahawalpur, matando 13 pessoas. O prédio fica perto de um seminário que já foi QG do Jaish-e-Mohammed, grupo terrorista que entrou na clandestinidade em 2002.

Desde então, segundo o governo paquistanês, os militares não atuam no local. Representantes do Jaish-e-Mohammed, no entanto, admitiram que pelo menos dez parentes e quatro pessoas ligadas ao líder do grupo, Masood Azhar, foram mortos no ataque indiano.

Um outro ataque da Índia atingiu uma mesquita em Muridke. A história é semelhante. Um edifício localizado nas proximidades serviu como sede do Lashkar-e-Taiba até 2013, quando o Paquistão proibiu a organização e prendeu alguns de seus líderes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai destinar R$ 100 milhões para um plano nacional para enfrentamento aos desastres naturais que será desenvolvido juntamente com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A parceria foi oficializada em Belém, nesta sexta-feira, 7, durante cerimônia que homenageou Pedro Teixeira, militar português do período colonial que liderou a primeira expedição fluvial subindo o rio Amazonas.

Estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen; a diretora do Cemaden, Regina Célia Alvalá; e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. A cerimônia ocorreu no espaço interno do navio Atlântico, ancorado no porto de Belém e que funcionará como base de operações e apoio logístico das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

A ideia da parceria é unir esforços técnicos, científicos e institucionais para fortalecer a capacidade nacional de prevenção, monitoramento e resposta aos eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes.

"Estamos tendo desastres extremos cada vez mais frequentes e intensos. Estamos desenvolvendo esforços de prevenção, com programa de descarbonização e outras iniciativas. Mas nós também temos que nos preparar para a resposta.

Salvar vidas em primeiro lugar e recuperar as estruturas, as comunicações, a economia", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. De acordo com Mercadante, a expectativa é de que, com base nas estudos que serão realizados, o plano nacional esteja concluído em outubro do próximo ano.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste sábado, 8, que o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para o projeto de lei antifacção enviado ao Congresso pelo Executivo "preserva avanços" do texto do governo federal e "endurece as penas contra o crime".

"É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade e, com a maturidade que o país exige, trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa: garantir segurança à nossa sociedade", escreveu o parlamentar em sua conta no X. "Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger", completou.

Motta afirmou ainda que segurança pública é uma pauta suprapartidária e que vai conduzir as discussões sobre o congresso, "com respeito ao regimento, mas com a firmeza de quem conhece a urgência das ruas". O deputado diz acreditar que o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado "encontrou um ponto de unidade".

A declaração ocorre no rescaldo do anúncio, na noite desta sexta, 7, de que Derrite - que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo para relatar projetos sobre o tema na Câmara - também seria relator do PL antifacção, de autoria do governo Lula. O parlamentar já havia recebido a relatoria de um projeto concorrente, o que propõe equiparar facções a organizações terroristas, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE).

O anúncio gerou fortes críticas de governistas. O líder do PT na Câmara dos Deputados afirmou que a escolha de Derrite como relator do projeto como um "desrespeito" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também ressaltou que a decisão "beira uma provocação". Já a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, disse que a escolha "contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político".

Horas depois do anúncio Derrite já publicou seu parecer sobre o tema, que pode ser analisado na Câmara dos Deputados já na próxima semana.