Kremlin afirma que Putin não vai à Turquia negociar com a Ucrânia

Internacional
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O presidente russo, Vladimir Putin, não comparecerá às negociações de paz com a Ucrânia em Istambul nesta quinta-feira, 15. Nesta quarta, 14, o Kremlin confirmou o envio de uma equipe de nível inferior para os primeiros contatos diretos entre os dois países após mais de três anos de guerra.

 

Após cinco dias de suspense, Putin rejeitou a proposta do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, para um encontro presencial entre eles. Além do presidente russo, o chanceler Serguei Lavrov e o assessor de política externa Yuri Ushakov não estarão presentes, apesar de terem liderado rodadas anteriores de negociações com os EUA.

 

A delegação russa será comandada por Vladimir Medinski, um assessor linha-dura de Putin que liderou a única rodada anterior de negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, em 2022.

 

No sábado, 10, Putin sugeriu a reunião como uma contraproposta ao cessar-fogo de 30 dias proposto por Kiev e seus aliados. Zelenski prometeu comparecer pessoalmente e desafiou Putin a aparecer.

 

Pressão

 

As negociações na Turquia serão as primeiras entre russos e ucranianos desde março de 2022, um mês após o início da invasão da Ucrânia. Zelenski alertou que a ausência de Putin seria interpretada como falta de vontade dele de alcançar a paz. "A Ucrânia está pronta para qualquer forma de negociação e não temos medo de reuniões", disse.

 

Nas últimas semanas, a Ucrânia pediu ao Brasil e à China que tentassem convencer a Rússia a aceitar o cessar-fogo de 30 dias, para então dar início às negociações. Na sua visita a Moscou, no fim de semana, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu que Putin viajasse à Turquia para se encontrar com Zelenski.

 

Ontem, ao voltar da China e fazer escala em Moscou, Lula telefonou para Putin e reforçou o pedido. Em mensagem divulgada ontem, Zelenski acusou a Rússia de prolongar a guerra e agradeceu aos países que estão pressionando para que o Kremlin encerre os bombardeios e comece a negociar.

 

Na terça-feira, 13, em declaração conjunta em Pequim, Lula e Xi Jinping expressaram apoio às negociações e defenderam o diálogo como "única forma de pôr fim ao conflito". Brasil e China têm laços estreitos com Moscou. O documento, no entanto, não citou o cessar-fogo ou as garantias de segurança para Ucrânia.

 

Putin e Zelenski se encontraram apenas uma vez, em 2019, e Moscou repetidamente retratou o líder ucraniano como ilegítimo. Se aceitasse negociações diretas com o ucraniano, o presidente russo poderia acabar legitimando seu governo e passar a impressão de ter cedido às exigências de Zelenski.

 

Impasse

 

Milhares de pessoas morreram e milhões foram forçadas a fugir de suas casas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Atualmente, os militares russos controlam cerca de um quinto da ex-república soviética, incluindo a Península da Crimeia, anexada em 2014.

 

Quando retornou à Casa Branca, em janeiro, Trump prometeu acabar com a guerra na Ucrânia no primeiro dia de mandato. Desde então, ele vem exercendo intensa pressão, mas nos últimos dias expressou frustração, especialmente depois que a Rússia rejeitou uma proposta de cessar-fogo de 30 dias.

 

Antes da confirmação de que Putin não participaria do encontro, o presidente americano disse que poderia viajar para a Turquia. Diante da ausência do alto escalão do governo russo, a Casa Branca confirmou ontem que Trump não irá a Istambul. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.