Em evento no Catar, Trump diz que EUA irão transformar Gaza em 'zona de liberdade'

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou o desejo de assumir o controle da Faixa de Gaza nesta quinta-feira, 15, durante um evento com empresários em Doha, no Catar.

O republicano afirmou que o território poderia se tornar uma "zona de liberdade" sob administração americana e que é "inaceitável" que os palestinos de Gaza estejam vivendo em meio a escombros de prédios que desabaram.

A primeira vez que Trump ventilou a ideia de assumir Gaza foi em fevereiro, durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Na época, o presidente americano disse que países como Jordânia e Egito poderiam acolher os palestinos durante uma transformação do território, que se tornaria a "Riviera do Oriente Médio".

A iniciativa foi rejeitada por países árabes e ocidentais, mas recebida com entusiasmo pelo núcleo duro da coalizão de Netanyahu, que já tinha ventilado a possibilidade de sugerir a saída voluntária de palestinos de Gaza para a construção de novos assentamentos israelenses no local.

Segundo uma entrevista dada por Trump ao canal americano Fox News logo após a divulgação da ideia, os 2 milhões de palestinos de Gaza não poderiam voltar ao território depois da reconstrução.

Duas semanas depois de propor o plano, o republicano afirmou que a ideia era uma "recomendação" e não era "obrigatório". "E eu digo, meu plano é o caminho a seguir. Acho que é um plano que realmente funciona, mas não vou impor. Simplesmente vou me sentar e recomendar".

A deportação forçada ou transferência de uma população civil é uma violação do direito internacional e um crime de guerra, segundo especialistas.

Após as novas declarações de Trump nesta quinta-feira, o grupo terrorista Hamas rejeitou a possibilidade de Washington assumir o território. "Gaza é parte integral do território palestino; não é um bem imóvel à venda no mercado. Mantemos um firme compromisso com nossa terra e nossa causa nacional, e estamos dispostos a fazer todos os sacrifícios possíveis para preservar nossa pátria e assegurar o futuro do nosso povo", declarou Bassem Naim, um oficial do grupo terrorista.

Reassentamento de palestinos na África

Segundo uma reportagem da agência Associated Press do dia 14 de março, EUA e Israel contataram autoridades de três governos do leste da África para discutir o uso de seus territórios como possíveis destinos para o "reassentamento de palestinos" retirados da Faixa de Gaza.

Os contatos com Sudão, Somália e a região separatista da Somália conhecida como Somalilândia refletem a determinação dos EUA e Israel de seguir adiante com um plano que foi amplamente condenado e levantou sérias questões legais e morais.

Como as três regiões são pobres, e em alguns casos assoladas por violência, a proposta também lança dúvidas sobre o objetivo declarado de Trump de reassentar os palestinos de Gaza em uma "área bonita".

Autoridades do Sudão disseram que rejeitaram as investidas dos EUA, enquanto autoridades da Somália e Somalilândia informaram à Associated Press que não estavam cientes de nenhum contato. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil