Trump liga energia nuclear à corrida da IA e ordena expansão do setor

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou quatro decretos para acelerar a construção de usinas nucleares no país e impulsionar o setor na área civil. O objetivo, segundo ele, é a retomada americana na liderança da energia nuclear.

Durante o evento na Casa Branca, ele ligou o setor à atual corrida da inteligência artificial (IA). Segundo Trump, a crescente demanda energética provocada por tecnologias emergentes, como a IA, exige novas fontes confiáveis de energia.

Trump defendeu a energia nuclear como essencial para os planos estratégicos de seu governo, e reforçou que trata-se de uma fonte "segura e boa para o meio ambiente". "Avançaremos com usinas nucleares bem rapidamente e de maneira muito segura", disse ele.

Para isso, o governo americano buscará flexibilização nas regras atuais. Um dos decretos determina que a Comissão Reguladora Nuclear (NRC), o órgão independente de segurança do país, simplifique as exigências.

Mais tarde, ao dar mais detalhes sobre o anúncio do presidente, a Casa Branca explicou que os decretos preveem impacto em três frentes principais do setor nuclear civil.

Primeiro, os textos autorizam a realização de testes com novos projetos de reatores em laboratórios do Departamento de Energia (DoE). Segundo, liberam construções de instalações nucleares em terras federais, com o argumento de proteger a segurança nacional e econômica. E, terceiro, sobre as flexibilizações, obrigam a NRC a emitir decisões de licenciamento em prazos definidos, com o objetivo de eliminar entraves burocráticos.

"Nos últimos 30 anos, paramos de construir reatores nucleares nos EUA. Isso termina agora", afirmou Michael Kratsios, diretor do Escritório de Ciência e Tecnologia da Casa Branca. Kratsios acrescentou que os decretos visam restaurar a cadeia de suprimento de combustível nuclear dentro dos EUA.

O secretário de Energia, Chris Wright, celebrou o pacote de medidas. "Com o surgimento da IA e as políticas pró-manufatura de Trump, a energia nuclear civil americana está sendo liberada no momento ideal", disse.

"Este é um dia enorme para a indústria nuclear", disse Doug Burgum, secretário do Interior, ao lado de Trump em uma cerimônia de assinatura no Salão Oval. "Marquem este dia em suas agendas. Isso vai fazer o tempo voltar atrás em mais de 50 anos de excesso de regulamentação."

Em um de seus primeiros atos no cargo, Trump declarou "emergência energética nacional", afirmando que o país não tinha eletricidade suficiente para atender às suas crescentes necessidades, especialmente para data centers que operam com IA. Embora a maioria de suas ações tenha se concentrado em impulsionar o carvão, o petróleo e o gás natural, autoridades do governo também apoiaram a energia nuclear.

Essa abordagem tem apoio bipartidário no Congresso. Embora alguns democratas continuem se opondo devido a preocupações com a segurança e o descarte de resíduos nucleares, um número crescente tem adotado a tecnologia por ela não produzir emissões que aquecem o planeta.

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.