Rússia toma vilarejos fronteiriços e avança em nova frente na Ucrânia

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

As forças russas tomaram quatro vilarejos fronteiriços na região de Sumi, no nordeste da Ucrânia, informou uma autoridade local nesta terça-feira, 27, dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter dito que havia ordenado que as tropas estabelecessem uma zona de proteção ao longo da fronteira.

Sumi faz fronteira com a região russa de Kursk, onde uma incursão ucraniana surpresa no ano passado capturou um bolsão de terra na primeira ocupação do território russo desde a 2ª Guerra Mundial. A longa fronteira é vulnerável às incursões ucranianas, disse Putin, e a criação de uma "zona de amortecimento" poderia ajudar a Rússia a evitar novos ataques transfronteiriços no local.

Moscou diz ter tomado Belovodi, após ter ocupado quatro vilas na segunda, 26. Segundo sites de monitoramento ucranianos, na região, na vizinha Kharkiv e em Donetsk (leste), Moscou fez o maior avanço desde dezembro, tomando 100 km2 em uma semana.

O governo de Sumi ainda diz entendê-lo não como uma ideia de conquista total da província, mas sim de estabelecimento de uma área tampão entre o local e Kursk, a região russa vizinha.

Enquanto isso, a campanha de bombardeio russa, que havia aumentado nos últimos dias, diminuiu, com menos drones russos alvejando vilas e cidades ucranianas.

Ofensiva continua

A invasão de Moscou não deu sinais de parar, apesar de meses de intensos esforços liderados pelos EUA para garantir um cessar-fogo e para negociações de paz.

Desde que as delegações russa e ucraniana se reuniram na Turquia, em 16 de maio, para suas primeiras conversas diretas em três anos, uma grande troca de prisioneiros foi o único resultado tangível, mas as negociações não trouxeram nenhum avanço significativo.

O enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, disse que Putin ainda não entregou um memorando prometido que o líder russo disse ao presidente dos EUA, Donald Trump, em uma ligação telefônica em 19 de maio, que delinearia a estrutura para um possível acordo de paz.

O Kremlin também descartou o Vaticano como local para as negociações, disse ele. "Gostaríamos de ter feito isso no Vaticano e estávamos prontos para fazer algo assim, mas os russos não quiseram ir lá... então acho que Genebra pode ser a próxima parada", disse Kellogg à Fox News.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, disse que seu país também estava pronto para sediar outra rodada de negociações de paz.

Entre sexta-feira, 23, e domingo, 25, a Rússia lançou cerca de 900 drones contra a Ucrânia, segundo as autoridades, em meio a uma série de bombardeios em grande escala. Na noite de domingo, a Rússia lançou seu maior ataque de drones na guerra de três anos, disparando 355 drones.

De segunda a terça-feira, a Rússia disparou 60 drones contra a Ucrânia, informou a força aérea ucraniana. O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas defesas derrubaram 99 drones ucranianos durante a noite em sete regiões russas.

O aumento dos bombardeios russos no fim de semana atraiu uma repreensão de Trump, que disse que Putin havia ficado "louco". Esse comentário provocou uma forte reação do Kremlin na segunda-feira, com o porta-voz Dmitry Peskov criticando as "reações emocionais" aos acontecimentos.

Ele adotou um tom mais suave na terça-feira, saudando os esforços de paz dos EUA e dizendo que "os americanos e o presidente Trump adotaram uma abordagem bastante equilibrada".

Em Sumy, as forças russas estão tentando avançar mais profundamente depois de capturar aldeias, disse Oleh Hryhorov, chefe da administração militar regional de Sumy.

As forças ucranianas estão tentando manter a linha, disse ele, acrescentando que os moradores das aldeias foram evacuados mais cedo, e não há ameaça imediata para os civis.

Putin visitou a região de Kursk na semana passada pela primeira vez desde que Moscou afirmou, no mês passado, que expulsou as forças ucranianas da área, onde capturaram terras em agosto passado. As autoridades de Kiev negaram a alegação.

A longa fronteira continua vulnerável a incursões ucranianas, disse Putin. Ele disse que instruiu os militares russos a criar uma "zona tampão de segurança" ao longo da fronteira, mas não forneceu detalhes públicos sobre onde seria a zona proposta ou até onde ela se estenderia.

Putin disse há um ano que uma ofensiva russa na época tinha como objetivo criar uma zona de segurança na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia. Isso poderia ter ajudado a proteger a região fronteiriça russa de Belgorod, onde os frequentes ataques ucranianos deixaram o Kremlin constrangido.

Nova ofensiva de Putin

Nas últimas semanas, imagens de satélite obtidas por sites de monitoramento da guerra mostravam uma concentração de forças russas perto de Sumi e a vizinha Kharkiv. Jornais britânicos e alemães falaram em 50 mil homens, o suficiente para uma operação de grande porte.

Segundo analistas internacionais, a Rússia estaria preparando uma nova grande ofensiva no começo do verão no Hemisfério Norte, no próximo mês.

Kiev já havia alertado anteriormente sobre a ameaça de uma nova e importante ofensiva russa visando Kharkiv e Sumi, no nordeste da Ucrânia. Embora a Rússia tenha obtido apenas ganhos territoriais mínimos à custa de grandes perdas nos últimos meses, Moscou dobrou seus objetivos de conquista máxima nas recentes negociações de paz. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue com reprovação de 40% e aprovação de 29%, segundo pesquisa Datafolha divulgada há pouco. O levantamento foi feito com 2.004 eleitores de 130 cidades do País, entre os dias 29 e 30 de julho, durante a escalada das tensões na guerra comercial com o presidente americano Donald Trump.

Havia expectativa sobre os ganhos de imagem para o petista, mas houve manutenção da avaliação de "ruim/péssimo", enquanto a de "ótimo/bom" oscilou de 28% para 29% na rodada anterior da pesquisa. A avaliação do governo como "regular" teve variação de 31% para 29% e 1% dos entrevistados não deu opinião.

A pesquisa mostra que Lula segue com maior desaprovação com o eleitorado de classe média baixa (62%), mais rico (57%), evangélico (55%), sulista (51%), mais instruído (49%) e com idade entre 35 e 44 anos (48%).

De acordo com o Datafolha, a esta altura do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentava taxas piores. Após dois anos e oito meses de governo, Bolsonaro tinha 24% de aprovação e 51% de reprovação.

A pesquisa divulgada hoje também mostra que 50% dos eleitores desaprovam o trabalho de Lula no Executivo Federal e 46% aprovam, em estabilidade estatística em relação ao levantamento de junho, segundo o Datafolha.

O presidente do PT, senador Humberto Costa, disse neste sábado, 2, que há um "caso claro" de lawfare (uso do sistema legal para prejudicar um adversário político) contra a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, recentemente condenada por corrupção.

"Como vocês sabem, da mesma maneira que aconteceu no Brasil com o presidente Lula, temos hoje na Argentina um caso absolutamente claro, que logo é contra a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner", disse o senador, durante o encontro do PT, em Brasília.

Ao lado de um dirigente do Partido Justicialista argentino, Costa lembrou da solidariedade dos argentinos a Lula, quando o ex-presidente brasileiro esteve preso.

"Cristina, como vocês sabem, é uma aliada nossa, é uma companheira que tem uma representatividade política, e o objetivo da justiça argentina é exatamente e impedir que ela possa continuar liderando movimento de oposição ao presidente de extrema direita, Javier Milei", disse.

O Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou ontem uma carta na qual pede que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspenda relações diplomáticas e comerciais com o governo de Benjamin Netanyahu, de Israel. Na abertura do 17º Encontro do PT, na noite desta sexta-feira, em Brasília, o senador e atual presidente nacional do PT, Humberto Costa, leu a carta de apoio ao povo palestino e reafirmou a posição histórica do PT em defesa da causa.

"Não é possível virar os olhos às mortes de crianças em Gaza pelos bombardeios de Israel há mais de 20 meses, e agora pela fome e doenças produzidas pelo bloqueio israelense. São crianças, um terço dos 55 mil palestinos mortos em Gaza e na Cisjordânia", descreve a carta. "O governo de Benjamin Netanyahu é acusado de 'crimes de guerra' até por ex-embaixadores e ex-primeiros-ministros israelenses. Os crimes agora incluem assassinar civis desarmados e famintos, que buscam auxílio humanitária e recebem balas e bombas."

O documento destaca que, no último dia 5 de junho, o presidente Lula declarou que, na região, não se trata de uma guerra, mas de "um genocídio premeditado". "Todavia, ainda há no mundo inteiro quem compre, venda e subsidie o complexo industrial-militar de Israel, como se isso fosse normal", afirma o texto, acrescentando que a militância presente no Encontro Nacional do PT "declara sua irrestrita solidariedade ao povo palestino".

"De acordo com os compromissos históricos do PT que todos reivindicamos, endossamos a nota do Conselho Nacional de Direitos Humanos de 6 de junho de 2025, e solicitamos ao presidente Lula para que intervenha em favor da suspensão de relações diplomáticas e comerciais com o governo de Netanyahu", reforça o documento.

Com a presença de cerca de mil delegados e delegadas do Brasil, o 17º Encontro Nacional do PT começou ontem e deve seguir até amanhã, com lideranças petistas presentes para debater os rumos do partido e os desafios do próximo período. Além de Humberto Costa, estiveram presentes na abertura do evento o presidente eleito, Edinho Silva, e os dirigentes Romênio Pereira, Mônica Valente, Valter Pomar e Misiara, além do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.