Trump diz que vai perdoar casal de reality show condenado por fraude e sonegação

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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na terça-feira, 27, que planeja conceder o perdão presidencial às estrelas de TV Todd e Julie Chrisley, famosos pelo programa "Chrisley Knows Best", um reality show que acompanhava sua família e seu estilo de vida extravagante - que, segundo os promotores, foi impulsionado por fraudes bancárias e ocultação de rendimentos das autoridades fiscais.

Os Chrisley foram condenados em 2022 por conspiração para fraudar bancos na região de Atlanta, obtendo mais de US$ 30 milhões em empréstimos por meio da apresentação de documentos falsos. Eles também foram considerados culpados de sonegação fiscal, ao esconder rendimentos enquanto exibiam um estilo de vida luxuoso, que incluía carros caros, roupas de grife, imóveis e viagens.

Segundo os promotores, o casal se esquivou da responsabilidade de pagamento quando Todd Chrisley declarou falência, deixando mais de US$ 20 milhões em empréstimos não quitados. Julie Chrisley foi condenada a sete anos de prisão federal, e Todd Chrisley a 12 anos. O casal também foi condenado a pagar US$ 17,8 milhões em restituição.

"Seus pais vão ser libertados e inocentados, e espero que possamos fazer isso até amanhã", disse Trump em uma ligação com a filha do casal, Savannah Chrisley, conforme um vídeo postado online por um assessor da Casa Branca. Em uma publicação nas redes sociais, o assessor declarou: "Trump Knows Best!" ("Trump Sabe Mais!"), em referência ao nome do programa de televisão.

"Eles foram tratados com bastante severidade, pelo que estou ouvindo", acrescentou o presidente alguns momentos depois, referindo-se ao casal.

Um funcionário da Casa Branca, que falou sob condição de anonimato para discutir decisões que ainda não haviam sido tornadas públicas, disse que os perdões seriam concedidos em breve.

Histórico de perdões a amigos e aliados

A decisão dá continuidade a um padrão de Trump de conceder perdões a amigos, apoiadores, doadores e ex-funcionários de destaque. Na segunda-feira, Trump perdoou Scott Jenkins, ex-xerife da Virgínia, condenado a 10 anos de prisão após ser considerado culpado por fraude e suborno. O presidente publicou online que Jenkins e sua família "foram arrastados pelo INFERNO por um Departamento de Justiça corrupto e armado de Biden".

Trump também se moveu para perdoar Paul Walczak, um executivo do setor de saúde da Flórida, preso por acusações fiscais. A mãe de Walczak ajudou a expor o conteúdo de um diário mantido por Ashley Biden, filha do ex-presidente Joe Biden. E, em abril, ele perdoou Michele Fiore, republicana de Nevada, que aguardava sentença por acusações federais de ter usado dinheiro destinado a uma estátua em homenagem a um policial morto para despesas pessoais, incluindo cirurgia plástica.

O advogado dos Chrisley, Alex Little, disse que o perdão "corrige uma profunda injustiça e devolve dois pais dedicados à sua família e comunidade".

"O presidente Trump reconheceu o que defendemos desde o início: Todd e Julie foram alvo por causa de seus valores conservadores e de sua grande visibilidade. A acusação foi contaminada por múltiplas violações constitucionais e viés político", afirmou Little em comunicado.

A declaração de Little acrescentou: "O caso de Todd e Julie é exatamente o motivo pelo qual o poder de perdão existe. Graças ao presidente Trump, a família Chrisley agora pode começar a curar-se e reconstruir suas vidas".

Filha fala em "promotores desonestos"

Antes de se tornarem estrelas de reality show, os Chrisley e um ex-sócio comercial apresentaram documentos falsos a bancos na região de Atlanta para obter empréstimos fraudulentos, disseram os promotores durante o julgamento. Eles acusaram o casal de gastar de forma extravagante, usando novos empréstimos fraudulentos para pagar dívidas antigas.

Um painel de três juízes do 11º Tribunal de Apelações dos EUA confirmou no verão passado as condenações dos Chrisley, mas encontrou um erro jurídico na forma como o juiz de primeira instância calculou a sentença de Julie Chrisley, responsabilizando-a por todo o esquema de fraude bancária. O tribunal enviou o caso de volta para o tribunal inferior para novo julgamento da pena.

Savannah Chrisley falou na Convenção Nacional Republicana de 2024, onde comentou sobre o encarceramento de seus pais. Ela disse, na ocasião, que eles foram "perseguidos por promotores desonestos" - ecoando a retórica de Trump sobre o sistema de justiça criminal, enquanto ele próprio enfrenta investigações e processos.

Ela afirmou que Trump foi alvo por causa de sua política e que seus pais, da mesma forma, foram perseguidos por causa de suas crenças conservadoras e visibilidade.

"Eu nunca vou esquecer o que os promotores disseram no condado mais democrata do Estado, diante de um juiz nomeado por Obama. Ele nos chamou de 'os Trumps do Sul'", disse Savannah Chrisley em seu discurso na convenção, acrescentando: "Ele quis dizer como um insulto, mas, deixe-me dizer, eu uso isso como um distintivo de honra".

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil