Suprema Corte autoriza Trump a revogar visto temporário de mais de 500 mil imigrantes nos EUA

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A Suprema Corte dos Estados Unidos permitiu nesta sexta-feira, 30, que o governo Donald Trump revogasse, por enquanto, um programa humanitário da era Biden destinado a dar residência temporária a mais de 500.000 imigrantes de países que enfrentam guerra e turbulência política.

A ordem do tribunal não foi assinada e não apresenta nenhuma justificativa, o que é típico quando os juízes decidem sobre pedidos de emergência.

A juíza Ketanji Brown Jackson, acompanhada pela juíza Sonia Sotomayor, discordou, dizendo que a maioria não havia considerado o suficiente "as consequências devastadoras de permitir que o governo destruísse precipitadamente as vidas e os meios de subsistência de quase meio milhão de não cidadãos enquanto suas reivindicações legais estavam pendentes".

A decisão, que expõe migrantes de Cuba, Nicarágua, Venezuela e Haiti à possível deportação, é a mais recente de uma série de ordens de emergência emitidas pelos juízes nas últimas semanas, em resposta a uma enxurrada de pedidos para que o tribunal opine sobre as tentativas do governo de reverter as políticas de imigração da era Biden.

A decisão desta sexta se concentrou na expansão do mecanismo legal de imigração do ex-presidente Joe Biden, chamado liberdade condicional humanitária, no qual migrantes de países que enfrentam instabilidade podem entrar nos Estados Unidos e obter rapidamente autorização de trabalho, desde que tenham um patrocinador privado para assumir a responsabilidade por eles.

A juíza Jackson alertou que "o caos social e econômico se instalará se tantos estrangeiros em liberdade condicional forem repentina e sumariamente remetidos" aos seus países de origem, observando que muitos foram convidados pelo governo dos EUA a vir para cá devido às condições inseguras no exterior.

No início deste mês, os juízes permitiram que o governo Trump removesse as proteções de deportação de quase 350.000 imigrantes venezuelanos que tinham permissão para permanecer nos Estados Unidos sob um programa conhecido como Status de Proteção Temporária.

A liberdade condicional humanitária e o Status de Proteção Temporária, ou TPS, são dois mecanismos diferentes pelos quais migrantes de países em dificuldades podem se estabelecer temporariamente nos Estados Unidos.

A liberdade condicional humanitária é normalmente obtida por indivíduos que a solicitam caso a caso, enquanto o TPS é mais frequentemente estendido a grandes grupos de migrantes por um período determinado. Indivíduos podem ter ambos os status simultaneamente.

Entre as duas decisões, os juízes concordaram que, por enquanto, o governo Trump pode prosseguir com os planos de deportar centenas de milhares de pessoas que fugiram de suas terras instáveis ??e devastadas pela guerra e se refugiaram legalmente nos Estados Unidos.

O uso da liberdade condicional humanitária tem uma história de décadas. Foi usada para acolher quase 200.000 cubanos durante a década de 1960 e mais de 350.000 cidadãos do Sudeste Asiático após a queda de Saigon durante a Guerra do Vietnã.

O governo Biden anunciou um programa de liberdade condicional humanitária em abril de 2022 para ucranianos que buscavam fugir após a invasão russa.

Depois, o programa foi estendido para venezuelanos no final de 2022 e para cubanos, haitianos e nicaraguenses em janeiro de 2023. O objetivo era aliviar o fluxo de travessias ilegais na fronteira sul naqueles anos, que batiam recordes, e permitir que os migrantes passassem pelos controles de segurança sem aumentar a pressão sobre os recursos da Segurança Interna.

Os programas abriram caminho para centenas de milhares de imigrantes dessas nações entrarem legalmente no país.

Defensores dos imigrantes disseram que a revogação do status e das autorizações de trabalho para cerca de 900.000 migrantes não tem precedentes e terá efeitos devastadores nas comunidades de migrantes em todo o país.

Autoridades do governo Trump dizem que os migrantes são uma ameaça à segurança pública e um peso para os recursos do país. Em seu primeiro dia no cargo, Trump assinou um decreto cancelando a liberdade condicional, e a Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem moveu uma ação para revogá-la.

Um tribunal federal em Massachusetts então decidiu que Noem "não poderia emitir uma proibição geral ao programa de liberdade condicional humanitária" e deveria analisar o caso de cada migrante individualmente. Essa decisão foi mantida por um tribunal de apelações na Nova Inglaterra em abril, antes que o governo Trump entrasse com um recurso de emergência na Suprema Corte.

O caso é uma das várias batalhas travadas em torno das políticas de imigração de Trump na pauta de emergência da Suprema Corte. Em meados de maio, os juízes prorrogaram o bloqueio imposto a Trump por usar uma autorização de guerra para deportar migrantes do norte do Texas que supostamente são membros de gangues e ouviram argumentos relacionados às tentativas do presidente de proibir a cidadania por direito de nascimento.

O tribunal superior também decidiu que o governo Trump deve facilitar o retorno de um homem de Maryland que foi deportado por engano para El Salvador. Kilmar Abrego García ainda está detido em uma megaprisão no estado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

Grupo de bolsonaristas deram início na tarde desta terça-feira, 7, a um ato em defesa da anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e demais condenados por tentativa de golpe de Estado. Batizada de "caminhada pela anistia, a manifestação percorre a Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso.

Logo no início do protesto um dos apresentadores admitiu que o público presente não era grande. "Nós sabemos que é uma terça-feira. A gente não teve a intenção de trazer milhares de pessoas. Nós quisemos mandar uma mensagem através dos olhos do brasiliense", disse o locutor do evento do alto de um carro de som.

Um dos primeiros a discursar foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. "Não tem sido fácil. Assim como ele (Bolsonaro) não baixou a cabeça, nós não vamos baixar a nossa cabeça. Vocês, além de testemunhas, são atores ativos em mais um ato pela anistia para que o Congresso ouça a nossa voz, veja as cores que nós carregamos", disse o senador.

Apesar de estar em processo de negociação um projeto que reduz penas de condenados, sem concessão de anistia geral como defendem os bolsonaristas, o senador preferiu dizer aos manifestantes que o projeto de perdão completo está para ser aprovado no Congresso.

"Nós estamos a um passo de conseguir aprovar essa anistia", declarou.

Os parlamentares que discursaram se uniram contra a proposta de dosimetria para redução das penas dos condenados.

"Nós não queremos qualquer coisa. Não queremos qualquer um. Nós queremos Bolsonaro. Nós não queremos dosimetria. Nós não queremos redução de pena. No Brasil já teve muitas anistias", disse a deputada Bia Kicis (PL-DF).

Um dos apoiadores é o pastor Silas Malafaia, que é investigado pela Polícia Federal (PF) em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por coação no curso do processo que condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe.

Em vídeo de convocação dos apoiadores para a caminhada, Malafaia ironizou as manifestações realizadas pela esquerda no mês de setembro que lotaram as ruas de diversas capitais do País com as pautas contra a anistia e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que foi aprovada na Câmara com apoio do bolsonarismo, mas arquivada no Senado.

O pastor debochou do fato de os atos da esquerda terem contado com a presença de grandes artistas da música popular brasileira, o que, na avaliação do campo bolsonarista, foi o que impulsionou as manifestações. Malafaia afirmou no vídeo de convocação para a passeata desta terça-feira que "os artistas são as famílias das pessoas injustiçadas".

"Agora é a reta final. A anistia vai ser votada na Câmara e os deputados precisam ver a nossa força e nossa voz", afirmou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no vídeo em que tenta atrair apoiadores para caminhar na Esplanada.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o bolsonarismo anunciou a caminhada como um ato modesto que não pretende rivalizar com as manifestações recentes da esquerda. A realização durante um dia útil já denota que não haverá grandes massas em Brasília. Segundo Malafaia, havia pouco tempo para organizar um ato grande em um domingo, como geralmente ocorre.

Contudo, eles se valem do fato de no início deste ano terem realizado uma passeata semelhante que reuniu um número considerável de apoiadores também em dia útil.

Os aliados de Bolsonaro viram a esquerda no mínimo igualar a sua capacidade de ocupação das ruas em diferentes Estados contra a PEC da Blindagem e foram obrigados a votar a favor do projeto de isenção do imposto de renda patrocinado pelo governo Lula, que deve ser um de seus principais trunfos na corrida eleitoral do ano que vem.

Somado a isso, o bolsonarismo observa um projeto alternativo ao da anistia ampla, geral e irrestrita ganhar tração. A expectativa é que o texto que vá a votação seja o sob relatoria do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que deve propor redução de penas em vez de perdão. Caso isso ocorra, Bolsonaro permaneceria preso, mas por menos tempo.

Em mais um revés recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu driblar o bloqueio realizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do influenciador Paulo Figueiredo para que ele acesse a Casa Branca, e teve o seu primeiro diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O canal de interlocução aberto entre os dois líderes é negativo para o bolsonarismo porque, além de abrir margem para que Lula reverta as tarifas americanas, Trump tem feito sucessivos elogios à figura do presidente brasileiro. Com isso, os aliados de Bolsonaro veem o seu principal aliado com potencial de fustigar Lula se mostrando aberto ao diálogo e à negociação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 7, que o União Brasil e o PP agem com "pequenez" ao pressionarem pela saída dos ministros André Fufuca (Esporte), Celso Sabino (Turismo) da Esplanada. Segundo o presidente, os partidos querem atrapalhar os auxiliares que fazem um bom trabalho no Executivo.

"Se essas coisas estão dando certo, por que mexer? Tem essa pequenez de achar que atrapalhar um ministro que está fazendo um bom trabalho e deixar de ser ministro, por quê? Por raiva? Por inveja? Por disputa política?", questionou o presidente.

Lula também disse que vai conversar com Fufuca e manifestou não desejar que ele deixe o cargo. O PP quer que ele saia do comando do Esporte até o final desta semana. Já Sabino entregou uma carta de demissão para Lula há duas semanas, mas ainda não deixou o Turismo. Como mostrou a Coluna do Estadão, ele optou por permanecer no Executivo e confrontar o União Brasil.

"Eu quero conversar com o Fufuca, eu não quero que ele saia, eu acho que ele está fazendo um bom trabalho, eu acho que é o equívoco do PP querer expulsar o Fufuca, da mesma forma que eu acho que é o equívoco do União Brasil querer, saber expulsar o Sabino, uma bobagem. Mas, de qualquer forma, eu vou conversar com ele, eles são deputados, eles têm mandato, eles sabem também o que decidir, tem maioridade para isso", disse o presidente.

O presidente também mandou recados para a oposição ao governo, afirmando que não vai implorar para que partidos fiquem do lado dele no ano que vem. Como mostrou o Broadcast Político, diretórios do Nordeste de partidos do Centrão devem abrir dissidências para apoiar Lula na região Nordeste.

"Quando chegar a época das eleições, cara, cada um vai para o canto que quiser, eu não vou implorar para nenhum partido estar comigo, vai estar comigo quem quiser estar comigo, eu não sou daqueles que ficam tentando comprar deputado, não, vai ficar comigo quem quiser, quem quiser ir para o outro lado que vá", declarou Lula.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abriu processo contra os deputados federais Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC) e Marcel van Hattem (Novo-RS), os últimos a manterem o motim em protesto à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que impediu o trabalhos da Casa, em agosto. O colegiado também sorteou nesta terça-feira, 7, a lista tríplice para definir o relator de representação por falta de decoro.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) decidiu apensar as três representações apresentadas contra os deputados, o que fará com que o relator sorteado avalie o caso dos três parlamentares. Foram sorteados Castro Neto (PSD-PI), Albuquerque (Republicanos-RR) e Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) para a representação contra Pollon, Trovão e Van Hattem.

Deputados do Novo contestaram a decisão de juntar as representações em uma só. "Recorro dessa apensação, disse Van Hattem. "Vejo que há uma grande cortina de fumaça contra parlamentares que agiram dentro da lei."

Caberá ao presidente do Conselho de Ética, Fabio Schiochet (União-SC), escolher quem será esse relator. Houve ainda um sorteio de outra representação contra Pollon (entenda sobre mais abaixo).

Nesse caso, compõem a lista tríplice Castro Neto, Moses Rodrigues (União-CE) e Ricardo Maia (MDB-BA).

Essa é a primeira fase da tramitação da representação contra os parlamentares. A representação com a sugestão de punições foi enviada pela Corregedoria da Câmara, chefiada pelo deputado Diego Coronel (PSD-BA).

O corregedor pediu a suspensão do mandato de Van Hattem e de Trovão por 30 dias por obstruirem a cadeira da presidência da Casa. No caso de Pollon, Coronel pediu mais 60 dias por ele ter chamado o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de "bosta" e "baixinho de um metro e sessenta".

Segundo as regras do Conselho de Ética, só poderia fazer parte dessa relatoria parlamentares que não são do mesmo partido ou Estado de Eduardo ou do mesmo partido de quem fez a representação.