'Elon não está realmente indo embora', diz Trump na despedida de Musk do governo

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O presidente Donald Trump disse que Elon Musk não está "realmente indo embora" na entrevista que encerrou o período do bilionário como chefe do Departamento de Eficiência Governamental, após 130 dias.

Trump presenteou Musk com uma chave dourada com o brasão da Casa Branca e disse que continuará sendo aconselhado pelo homem mais rico do mundo. Lendo um discurso preparada para a despedida, ele descreveu o bilionário como um líder empresarial inovador e elogiou seu trabalho no DOGE.

"Estamos totalmente comprometidos em tornar permanentes os cortes do DOGE e cortar ainda mais desperdícios nos próximos meses", declarou Trump, acrescentando que Elon Musk não está "realmente não está indo embora".

Em discurso alinhado ao do presidente, o bilionário disse que espera continuar sendo "amigo e conselheiro" de Donald Trump. Ele afirmou que segue comprometido em buscar cortes de US$ 1 trilhão - meta que não chegou nem perto de atingir.

E prometeu continuar apoiando o Departamento de Eficiência Governamental. "A equipe do DOGE só vai ficar mais forte com o tempo", declarou Elon Musk.

Vestido de preto e usando um boné do DOGE, o bilionário se manteve de pé ao lado do presidente, que aproveitou a presença da imprensa para comentar diversos assuntos.

Musk estava com o olho visivelmente roxo. Questionado, ele ironizou que não estava "em nenhum lugar perto da França", uma referência ao vídeo em que a primeira-dama Brigitte empurra o rosto de Emmanuel Macron. Depois, explicou que estava "apenas brincando" com seu filho de 5 anos, chamado X. "Eu disse: 'vai em frente, me dá um soco no rosto'".

O bilionário, no entanto, evitou responder as perguntas sobre a reportagem do New York Times a respeito do suposto uso de drogas durante a campanha. Segundo o jornal, ele fez uso de substâncias como cetamina, ecstasy e cogumelos psicoativos.

A saída de Musk ocorre num momento em que sua influência dentro do governo Trump parece estar diminuindo. Ele enfrentou atritos com acionistas de suas empresas e com o próprio presidente, com quem teve desentendimentos sobre tarifas e questões orçamentárias.

O bilionário, dono da Tesla e da SpaceX, liderou um esforço informal para reduzir custos do governo, que levou à demissão de milhares de funcionários e ao desmonte de agências federais. Ele disse que está saindo porque já cumpriu 130 dias como funcionário especial - o prazo legal para essa função.

"Quero apenas agradecer a Elon por seu tempo como funcionário especial do governo", disse Trump. "Ele realmente mudou a mentalidade de muita gente."

Musk se aproximou do círculo íntimo de Donald Trump após gastar milhões de dólares em doações para a campanha do republicano. De volta à Casa Branca, Trump deu amplos poderes para que o bilionário cortasse programas do governo.

A influência na Casa Branca provocou atritos. Musk teve relações conturbadas com membros do gabinete de Trump e outros assessores de alto escalão da Casa Branca. Ele discutiu com autoridades sobre gastos e demissões e usou a sua rede social, o X, para atacar os críticos.

Depois de conquistar poderes sem precedentes para uma autoridade que não foi eleita nem passou por aprovação do Senado, Elon Musk se mostrou desanimado com a tarefa de reformar o governo.

A equipe do DOGE inflou com frequência os resultados concretos das suas iniciativas sobre o orçamento, mesmo promovendo cortes em programas e demissões em massa. Algumas agências foram praticamente desmontadas.

Isso inclui a principal agência americana de ajuda externa. De acordo com um estudo da Universidade de Boston, dezenas de milhares de pessoas já morreram em consequência da suspensão dessa assistência - dado que o secretário de Estado, Marco Rubio, nega.

Nas últimas semanas, o bilionário se distanciou do presidente. Criticou as tarifas impostas por Donald Trump aos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e disse que estava "decepcionado" com o megapacote orçamentário do governo.

Desanimado, Elon Musk afirmou recentemente que reduziria gastos com a política e se dedicaria mais às suas empresas. No entanto, disse a assessores de Donald Trump que pretende doar US$ 100 milhões a políticos aliados antes das eleições de meio de mandato de 2026. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (7) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tudo para ser competitivo e até favorito nas eleições de 2026. Ele participou do programa Bom Dia, Ministro, da EBC, ligada ao governo.

"Então, eu acredito que o presidente vai chegar bem. Ele é uma figura histórica, ele representa o Brasil como ninguém, em minha opinião, perante as outras nações. Ele tem tudo para chegar muito competitivo e até favorito", disse.

Haddad afirmou não acreditar em uma descontinuidade em obras e programas sociais do governo e que, com a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, as pessoas vão sentir que ganharam um 14° salário.

"Então eu acredito que quando o trabalhador brasileiro chegar em fevereiro e verificar que o salário dele não teve desconto e que alguns deles, não todos os 10 milhões, mas alguns deles vão ter a sensação de quase ganhar um 14º salário, eu penso que isso vai ajudar muito", afirmou.

O ministro disse ainda que a taxa de juros do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada está caindo por conta da concorrência.

Além disso, afirmou que há muitas reformas microeconômicas ainda pendentes no Congresso e que ele apresentou ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), essas propostas.

"Temos uma agenda micro muito importante e eu até mandei a pedido tanto para o senador Davi quanto para o presidente Hugo, eu mandei a lista de projetos que estariam prontos para aprovar, ou porque já passaram por uma das casas, ou porque já existe um relatório consensuado", completou.

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a falta de mobilização de lideranças de direita em defesa de anistia a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar e foi condenado por golpe de Estado.

"Jair Messias Bolsonaro, o principal líder político do país, segue preso ilegalmente, torturado diariamente, enquanto nenhum integrante da chamada 'união da direita' se manifesta com uma única palavra ou ação jurídica e política diante da destruição completa da democracia brasileira", escreveu nesta segunda-feira, 6, em seu perfil no X (antigo Twitter).

A expressão "união da direita" remete a declarações recentes do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, que defendeu maior união entre os partidos conservadores para evitar derrota eleitoral em 2026.

"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez", escreveu o senador.

Carlos e o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm demonstrado insatisfação com o recuo da oposição na pressão pela anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro que beneficiaria o ex-presidente.

Na última quinta-feira, 2, Carlos cobrou "firmeza e coerência". "Chega desse papo de 'eu darei indulto se for eleito' para enganar inocentes", afirmou.

As críticas são dirigidas a figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Os três já declararam que perdoariam Bolsonaro caso chegassem à Presidência em 2026.

O relator do projeto de anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que a "anistia ampla, geral e irrestrita" defendida por bolsonaristas está descartada em seu parecer, que se limitará à dosimetria, ou seja, na redução das penas fixadas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), elogiou a Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 6, após ser agraciado com o Colar do Mérito Eleitoral Paulista, homenagem concedida pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). A Justiça Eleitoral é criticada pelos bolsonaristas por ter tornado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em duas ocasiões.

"Uma premiação, uma comenda, é como se fosse uma nota promissória. A gente sai daqui mais devedor. Eu saio daqui no dia de hoje mais devedor da Justiça Eleitoral, em especial da Justiça Eleitoral de São Paulo", disse o governador em seu discurso de agradecimento.

Ele afirmou ainda que por causa do trabalho do órgão eleitoral tem "certeza" que as eleições vão transcorrer com tranquilidade e disse que se hoje tem condições de exercer o mandato é porque a Justiça Eleitoral "garantiu isso". "Nós vamos pagar nossa nota promissória, fazendo com que o Estado de São Paulo sempre apoie a Justiça Eleitoral", concluiu Tarcísio.

Segundo o TRE-SP, o objetivo do colar recebido por Tarcísio é homenagear juízes e autoridades "por seus méritos e relevantes serviços prestados à vivência democrática e ao processo eleitoral do Estado".

O chefe do Executivo paulista já havia elogiado a Justiça Eleitoral no início do ano, quando afirmou que ela era "garantidora da democracia", o que lhe rendeu críticas de apoiadores do ex-presidente.

Mais recentemente, Tarcísio mudou de postura e passou a criticar o Judiciário como um todo. Em agosto, às vésperas do início do julgamento de Bolsonaro pela trama golpista, o governador disse que "infelizmente, hoje eu não posso falar que confio na Justiça". Dias depois, na manifestação bolsonarista de 7 de Setembro, chamou o ministro Alexandre de Moraes de "ditador" e afirmou que não aceitaria mais a ditadura de "um poder sobre o outro".