Oficiais da inteligência acusam Netanyahu de 'dar ordens ilegais e condenar reféns à morte'

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O governo de Binyamin Netanyahu está emitindo ordens "ilegais" que não devem ser obedecidas, segundo um grupo de oficiais da inteligência militar de Israel, que anunciou que não iria mais participar das operações israelenses na Faixa de Gaza em uma carta divulgada na terça-feira, 10.

O documento foi assinado por 41 oficiais e reservistas e enviado a Netanyahu e ao ministro da Defesa, Israel Katz. Os militares afirmaram que o governo israelense estava travando uma "guerra eterna e desnecessária em Gaza".

A carta do grupo de israelenses aponta que eles se recusam a participar de um conflito que está destinado a "preservar o governo de Netanyahu" e a manter "elementos antidemocráticos em seu governo".

Os oficiais que assinaram o documento não foram identificados, mas eles são membros do comitê de inteligência das Forças de Defesa de Israel (FDI), que desempenhou um papel na seleção de alvos para bombardeios em Gaza.

O grupo também disse que o governo de Netanyahu deu uma "sentença de morte" aos reféns israelenses que seguem em Gaza quando optou por quebrar o acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas em março.

Segundo a carta, muitos sequestrados foram mortos por bombardeios do Exército de Israel. 55 reféns israelenses seguem em Gaza, mas apenas 20 são considerados vivos.

A guerra na Faixa de Gaza já deixou mais de 55 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de combatentes. O conflito começou no dia 7 de outubro de 2023 após ataques terroristas do Hamas no sul de Israel, que deixaram 1,2 mil mortos e 250 sequestrados.

Plano para ocupação de Gaza

A divulgação da carta ocorre um mês depois do gabinete de segurança aprovar um plano para convocar mais reservistas do Exército israelense e aumentar o controle militar de Gaza.

De acordo com o documento, Israel forçaria o deslocamento dos 2 milhões de palestinos que vivem no território para uma zona humanitária no sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito. O resto do território seria ocupado por Israel para a destruição de toda a infraestrutura militar e túneis do Hamas.

A crise humanitária em Gaza tem chocado cada vez mais a comunidade internacional. Um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), agencia apoiada pela ONU, divulgou no começo de maio que a população inteira do território palestino corre "risco crítico" de fome e enfrenta "níveis extremos de segurança alimentar".

Após o fim do cessar-fogo, em março, o governo israelense bloqueou a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, alegando que se tratava de uma estratégia para pressionar o Hamas a libertar os reféns, mas voltou a entrar e voltou a permitir a ajuda em maio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).