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Irã retirou urânio de instalações antes de ataque dos EUA, e estoque está intacto, diz jornal

Internacional
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Os Estados Unidos bombardearam na noite de domingo (22) instalações de Fordow, Natanz e Isfahán.

Relatórios de inteligência fornecidos a governos europeus apontam que o estoque de urânio enriquecido do Irã permanece em grande parte intacto após os ataques dos Estados Unidos, segundo informações do jornal britânico Financial Times, citando dois oficiais de países europeus.

De acordo com o jornal, o relatório de inteligência sinalizou que o estoque de urânio enriquecido de Teerã, que é de 408 kg, não estava concentrado apenas na instalação nuclear de Fordow no momento do ataque americano e foi distribuído para várias outras localizações.

As novas informações colocam em dúvida a afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o bombardeio americano havia "acabado" com o programa nuclear do Irã.

Os oficiais citados pelo Financial Times apontaram que os governos da UE estavam esperando por um relatório de inteligência completo sobre os danos em Fordow. A avaliação parcial é de que a instalação sofreu "danos extensos, mas não destruição completa".

O Irã sinalizou que o estoque de urânio enriquecido foi movido antes dos ataques de Washington.

Ataque

No dia 21 de junho, os EUA decidiram entrar na guerra contra o Irã e atacaram o país persa com bombas de fragmentação que atingiram as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan.

Após o ataque, que Trump classificou como um "sucesso", o presidente americano disse que não acreditava em uma avaliação provisória da inteligência dos EUA que dizia que o programa nuclear iraniano havia sido atrasado apenas por alguns meses.

Um outro relatório divulgado por Israel apontou que o ataque americano ao local nuclear iraniano reforçado em Fordow "destruiu a infraestrutura crítica do local e tornou a instalação de enriquecimento inoperante".

O Irã ainda teria condições de produzir uma arma atômica, caso tenha conseguido manter o seu estoque de urânio enriquecido. Teerã insiste que seu programa é para fins civis pacíficos.

Antes do início da guerra com Israel no dia 13 de junho, o Irã chegou a enriquecer urânio com até 60% de pureza, grau próximo do necessário para construir armas.

Acordo nuclear

Antes do início da guerra, o governo Trump vinha mantendo negociações indiretas com o Irã para costurar um acordo nuclear. As negociações foram interrompidas durante a guerra e devem retornar na semana que vem, segundo informações divulgadas pelo próprio Trump durante uma entrevista coletiva em Haia, durante a cúpula da Otan.

O republicano sinalizou que um acordo não era necessário após os ataques americanos.

"Não me importo se tenho um acordo ou não", disse Trump. "A única coisa que pediríamos é o que pedíamos antes, que não queremos armas nucleares."

Não está claro qual seria o formato das novas discussões. O secretário de Estado Marco Rubio disse que os Estados Unidos estavam buscando negociações diretas entre os países.

Em outra categoria

Assumindo a dimensão política da sobretaxa de 50% imposta a todos os produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unios, Donald Trump, o subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, afirmou nesta segunda, 14, que o tarifaço é uma "consequência há muito esperada". Segundo ele, o ato do governo dos EUA foi motivado pelos "ataques" do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Procurado pelo Estadão, o STF não quis se manifestar.

"O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano. Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil", escreveu, em inglês, o funcionário do alto escalação americano em seu perfil no X (antigo Twitter).

No domingo, 13, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu a autonomia do Judiciário brasileiro e criticou a taxação imposta pelos EUA.

"As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos observando atentamente", encerra o Subsecretário de Diplomacia Pública americana. Na carta que comunicou o aumento das taxas, Donald Trump critica a julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o classificando como "uma desgraça internacional" e afirma que "esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!".

A página oficial da embaixada dos EUA no Brasil replicou e traduziu a postagem feita pelo funcionário público americano em sua conta no X, endossando a mensagem.

De acordo com a página oficial do órgão em que Darren Beattie trabalha, "o Subsecretário de Diplomacia Pública lidera os esforços do Departamento para expandir e fortalecer as relações entre o povo dos Estados Unidos e cidadãos de outros países".

"Os departamentos e escritórios subordinados ao Subsecretário promovem os interesses nacionais, buscando envolver, informar e compreender as perspectivas de públicos estrangeiros", prossegue a definição.

Tarifaço possui dimensões políticas

Em entrevista concedida à Globonews na última sexta-feira, 11, o filho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), já havia admitido que "a sanção que o Trump impõe não é meramente econômica, todos nós sabemos disso, ela tem, sim, um viés político, e tem um viés econômico, porque o Trump olha para a América do Sul e enxerga para onde o Lula está levando nosso País".

As novas taxas sobre produtos brasileiros devem entrar em vigor no dia 1º de agosto. Até lá, o governo tenta encontrar soluções, por meio de um comitê interministerial presidido pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.

Além de aliados do governo, nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também tentam negociar para reverter ou adiar o tarifaço.

Sobre os esforços, Paulo Figueiredo, blogueiro aliado do ex-presidente e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que dos EUA pede por sanções em busca de anistia para os condenados por 8 de janeiro, diz que o governador "atrapalha sem saber" ao tentar reverter as taxas, e atrasa um possível perdão que seria negociado para evitar as tarifas.

A Polícia Federal descobriu repasses que somam R$ 91,6 milhões em recursos públicos federais para municípios do Ceará que acabaram migrando para o caixa de um grupo de empresas fantasmas que teriam sido criadas pelo prefeito Carlos Alberto Queiroz, o 'Bebeto do Choró', apontado como braço direito do deputado Júnior Mano (PSB-CE) em suposto esquema de desvios de emendas parlamentares.

O Estadão busca contato com Bebeto, foragido da Justiça há mais de seis meses. O gabinete de Júnior Mano informou, na semana passada, quando o parlamentar foi alvo de buscas da PF na Operação Underhand, que ele 'não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos' (leia abaixo a íntegra da manifestação)

Segundo a PF, a análise de contas bancárias e o cruzamento com sistemas do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Tribunal de Contas do Estado do Ceará indicam que pessoas jurídicas de 'fachada' - criadas só no papel com capital social fictício - ligadas a Bebeto movimentaram R$ 455 milhões entre 2023 e 2025, dos quais cerca de 20% tem 'origem comprovada' em verbas da União descentralizadas a municípios cearenses.

Na semana passada, a PF deflagrou a Operação Underhand, investigação sobre desvio de emendas destinadas a pelo menos 50 municípios cearenses. O deputado Antônio Luís Rodrigues Mano Júnior, ou Júnior Mano - seu nome nas urnas -, é o alvo principal do inquérito, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

A investigação aponta que o parlamentar teria destinado pelo menos R$ 120 milhões para prefeituras do sertão do Ceará, inclusive Choró, da qual Bebeto foi eleito prefeito no pleito de outubro do ano passado.

'Apadrinhado' de Júnior Mano, ele conquistou a prefeitura de Choró - município com 12 mil habitantes situado a 165 quilômetros de Fortaleza -, segundo os investigadores, no comando de uma audaciosa máquina de compra de votos, intimidações e até ameaças de morte a rivais feitas por 'soldados' do Comando Vermelho, a cruel facção do crime organizado baseada no Rio que espalhou o terror no sertão cearense.

Segundo a PF, o plano de Júnior Mano e Bebeto previa assumir o domínio político de toda a região a partir das eleições municipais do ano passado.

A Operação Underhand identificou o caixa gordo de empresas controladas por Bebeto do Choró que já estavam na mira de uma outra investigação, denominada Operação Camisa Sete.

Uma dessas empresas tem como sócio Maurício Gomes Coelho, um vigia, de 37 anos, que a PF acredita ser laranja de gestões municipais que fecharam contratos de quase R$ 320 milhões com o grupo ligado à facção CV.

Durante as investigações, a PF esbarrou em Maurício e descobriu que ele recebia salário mensal de R$ 2,4 mil e abriu uma empresa com capital social de R$ 8,5 milhões.

Em janeiro passado, o Estadão mostrou que a PF registrou não ter encontrado 'elementos que justifiquem' o fato de o vigia ter constituído a MK Serviços em Construção e Transporte Escolar Ltda, contratada por administrações municipais a peso de ouro. O valor global de contratos da MK com 47 gestões municipais soma R$ 318.927.729,42.

A reportagem busca contato com a defesa do vigia. O espaço está aberto.

Maurício e a MK seriam peças importantes do esquema, segundo os investigadores. Pelo menos outras sete empresas também teriam sido contempladas por meio de contratos de grande valor com gestões públicas cooptadas pelo crime organizado.

Ao decretar o confisco de R$ 54 milhões de Júnior Mano, Bebeto do Choró e de outros alvos da investigação, Gilmar Mendes destacou que a PF informou que 'os investigados utilizam contas bancárias próprias e de terceiros, incluindo familiares, assessores e titulares de programas sociais, como instrumento para a simulação de recebimentos de origem lícita e dissimulação de valores'.

O ministro alertou que o esquema continua em aberto, apesar de a investigação já estar em curso desde o final de 2024. "Diversas dessas contas, conforme demonstrado, contornam atuais operações, mesmo após medidas cautelares já aplicadas e ações repressivas em níveis distintos, mantendo a pulverização de valores e a rotatividade do sistema de transações, um desafio para retirada dos recursos."

Para Gilmar, a PF 'demonstrou os vínculos entre os investigados, a existência do esquema, os benefícios indevidos, a habitualidade e a dissimulação da origem dos recursos movimentados de modo ilícito'.

O bloqueio de ativos foi ordenado pelo ministro e recaiu sobre 'valores encontrados nas contas e investimentos vinculados aos investigados e às empresas por eles diretamente controladas' - nos termos do artigo 140 do Código de Processo Penal para garantir o ressarcimento ao dano ao erário e também as despesas processuais e as penas pecuniárias.

O Estadão apurou que a PF juntou ao inquérito cópias de mensagens extraídas de aparelhos celulares de investigados, entre eles Adriano Almeida Bezerra, ex-assessor de Júnior Mano, 'para concluir que há elementos consistentes que evidenciam tratativas sobre desdobramentos do esquema de desvio de recursos públicos com a destinação de valores a agentes públicos, contratos em nome de laranjas, além da utilização de entidades do terceiro setor (associações) vinculadas a Carlos Alberto Queiroz (Bebeto do Choró), Cícero Queiroz e Maurício Gomes Coelho'.

A PF informou Gilmar Mendes que a investigação "revelou a existência de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos, operado a partir da atuação de Alexandre 'Aki Frutas da Mombaça', indicado por Carlos Alberto Queiroz Pereira, vulgo 'Bebeto do Choró'".

Segundo o ministro, a Polícia Federal 'demonstrou a contento a materialidade e os indícios de autoria, pois revelam que os investigados têm adotado estratégias para dissimulação da origem dos recursos movimentados e da sua real titularidade, sendo impositivo o deferimento do bloqueio requerido'.

COM A PALAVRA, O GABINETE DE JÚNIOR MANO

"O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta."

COM A PALAVRA, BEBETO DO CHORÓ

O Estadão busca contato com o prefeito Bebeto do Choró, foragido da Justiça há mais de seis meses, sem sucesso. O espaço está aberto (fausto.macedo@stadao.com; nino.guimarães@estadao.com)

Caso renuncie do mandato de deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abrirá mão de R$ 46.366,19 de salário mensal. O político ainda perde até R$ 42.837,33 mensais de cota parlamentar, R$ 4.148,80 por mês de auxílio moradia e reembolsos de gastos com saúde que podem chegar a até R$ 135,4 mil.

Como deputado ele ainda tem direito a R$ 133,2 mil por mês para pagar o salário de 25 secretários parlamentares e indicar R$ 37,8 milhões anuais em emendas parlamentares ao Orçamento.

Há mais vantagens que Eduardo poderá perder. Como parlamentar, ele não pode ser preso, ao menos que em flagrante de crime inafiançável e com o aval do plenário da Casa e é inviolável civil ou penalmente por qualquer opinião ou voto. Deputados também têm direito a foro privilegiado e só podem ser julgados no Supremo Tribunal Federal por crimes cometidos no exercício do mandato. Sem esse direito, os processos tramitam na primeira instância do Judiciário.

A Coluna do Estadão revelou mais cedo que Eduardo pretende permanecer nos Estados Unidos e cogita a renúncia caso não consiga uma nova licença - algo que o regimento interno da Câmara dos Deputados proíbe. Neste ano, Eduardo gastou R$ 68 mil com cota parlamentar e indicou R$ 3,7 milhões em emendas individuais.

Por enquanto, em 2025, apenas R$ 477 mil das emendas indicadas foram empenhadas - o recurso foi destinado para a cidade de Caçapava (SP), para a compra de uma retroescavadeira.

À Coluna do Estadão, Eduardo disse que só voltará ao Brasil quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não "tiver mais força" para poder prendê-lo. "Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui. O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil", disse.

Eduardo Bolsonaro tirou licença parlamentar de 122 dias em março. O prazo termina neste domingo, 20, e não pode ser prorrogável (se ele optasse por novamente se afastar por quatro meses por razões pessoais).

Caso não renuncie o mandato, Eduardo Bolsonaro poderia perder o cargo por decreto da Mesa Diretora, quando tiver mais de um terço de faltas num ano.

Enquanto esteve licenciado, o deputado suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) o substituiu. Desde que assumiu a função, em março, Olímpio não apresentou um projeto de lei e discursou 11 vezes no plenário.

Olímpio emprega apenas um funcionário no gabinete - Eduardo Nonato de Oliveira, que trabalhava com Eduardo, e recebe R$ 23.732,92 por mês.