Hamas aprova principais pontos do plano de Trump para trégua em Gaza

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O grupo terrorista Hamas concordou nesta sexta-feira, 4, com os pontos principais de uma proposta de Donald Trump para um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O acordo estabelece uma trégua de 60 dias, o retorno dos reféns israelenses ainda em cativeiro e a retomada da ajuda humanitária aos palestinos - uma das exigências do grupo, por exemplo, é a retomada dos canais habituais para a entrega. Um ponto determinante na negociação foi o fato de o presidente americano ter se apresentado como fiador do fim da guerra, o que garantiria que os termos do plano sejam cumpridos.

Em março, em meio a um impasse na trégua firmada dois meses antes, Israel retomou os ataques contra Gaza, alegando se tratar de uma operação preventiva para evitar o rearmamento do Hamas. Segundo os negociadores, o presidente americano agora se comprometeu a garantir que os israelenses não violem o cessar-fogo e também que os dois lados cumpram o que prometeram.

Em comunicado no Telegram, o Hamas disse que "apresentou uma resposta positiva aos mediadores (Catar e Egito) e está totalmente preparado para entrar imediatamente em uma rodada de negociações sobre o mecanismo para implementar a estrutura".

Segundo o jornal Al-Araby, do Catar, o Hamas concordou com os "pontos principais" do plano, mas pediu algumas modificações na linguagem do texto. Uma das exigências do grupo seria a expulsão da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), organização americana apoiada por Israel, que passou a distribuir ajuda aos palestinos.

A proposta aprovada ontem é parecida com os planos anteriores, a começar pelo prazo de 60 dias para a primeira etapa do cessar-fogo. Neste período, o Hamas se comprometeu em libertar 10 dos cerca de 20 reféns israelenses que ainda estão vivos em Gaza, além de entregar os corpos de 18 israelenses que morreram no cativeiro.

Acordo

Segundo os negociadores, o grupo aceitou não realizar mais as cerimônias de transferência, que provocaram críticas da ONU. Em troca, Israel libertaria um número ainda não especificado de palestinos que estão presos.

O plano ainda prevê a retomada da entrada de ajuda humanitária através dos canais habituais, especialmente com a ONU e outras organizações internacionais. A proposta também determina a retirada das tropas israelenses de alguns pontos do norte da Faixa de Gaza, no primeiro dia de cessar-fogo, e do sul do território, após a libertação dos reféns.

Na terça-feira, 1º, Israel já havia concordado com o plano. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, viajará para os EUA na segunda-feira e deve aproveitar o momento para celebrar o acordo ao lado de Trump.

O risco está em algumas questões, que ainda não estão resolvidas. Na quinta-feira, questionado sobre seus planos de assumir o controle total da Faixa de Gaza e realocar a população, o premiê afirmou que defendia "a segurança do povo de Gaza" - a expulsão da população poderia ser enquadrada como limpeza étnica.

Risco alto

Para tentar driblar as acusações de crime de guerra, em março, o gabinete de Netanyahu aprovou a criação de uma agência para facilitar a "partida voluntária" de palestinos de Gaza, uma ação criticada pela comunidade internacional.

Também não se sabe se Israel manteria algum tipo de presença militar em Gaza após a guerra. No passado, Netanyahu disse que não abriria mão de controlar alguns corredores de segurança em áreas de fronteira do território palestino com Israel e Egito. Alguns de seus aliados de extrema direita defendem uma ocupação permanente, o desarmamento completo do Hamas e o exílio de seus líderes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.