Trump volta a defender 'grande' Bolsonaro e pede que deixem ex-presidente em paz

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em nova publicação o americano classificou novamente as investigações contra Bolsonaro como "caça às bruxas" e pediu que ele seja deixado em paz. Foi a segunda vez em dois dias que Trump saiu em defesa do brasileiro.

"Deixem o Grande ex-presidente do Brasil em paz. CAÇA ÀS BRUXAS!!!", escreveu o presidente americano em sua rede social Truth Social. A mensagem citou a primeira publicação de Trump em defesa de Bolsonaro, publicada na segunda-feira, 7. Na ocasião, Trump escreveu que as ações judiciais contra Bolsonaro são ataques políticos e que o Brasil está fazendo algo "terrível" contra o ex-presidente.

A pressão exercida pelos Estados Unidos é a principal aposta do para evitar uma condenação de Bolsonaro, que responde no Supremo Tribunal Federal (STF) pela acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado após ser derrotado na eleição presidencial de 2022.

Filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se licenciou do mandato para morar permanentemente nos Estados Unidos e tentar articular sanções do governo americano ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator da ação. Na quinta-feira, Moraes prorrogou por 60 dias inquérito aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a atuação de Eduardo perante o governo americano.

"Quase meia-noite no Brasil e Donald Trump voltou a postar denunciando a lawfare contra Jair Bolsonaro. Caça às bruxas!", escreveu Eduardo Bolsonaro. Lawfare é um termo utilizado nos Estados Unidos para descrever a utilização do sistema jurídico para atacar adversários.

As declarações de Trump e de outras autoridades de sua gestão tem incomodado o governo brasileiro, que enxerga a atitude como ataque à soberania do País.

"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um País soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nota divulgada pelo Palácio do Planalto após o primeiro comentário de Trump sobre Bolsonaro na segunda-feira.

O STF não se posicionou, deixando a defesa institucional para o Executivo brasileiro. Nos bastidores, contudo, magistrados da Suprema Corte disseram à Coluna do Estadão que a declaração de Trump é "irrelevante" para o julgamento de Bolsonaro no caso da tentativa de golpe.

No mesmo dia que Trump fez o primeiro comentário, a Justiça da Flórida deu 21 dias para que Alexandre de Moraes se manifeste no processo aberto pela plataforma de vídeos Rumble e pela empresa Trump Media & Technology Group, ligada ao presidente americano. As empresas acusam o ministro de censurar conteúdos publicados nessas redes sociais ao determinar que o Rumble suspendesse perfis de influenciadores brasileiros na plataforma.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se reúne com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os procuradores-gerais de Justiça dos Estados, às 16h desta segunda-feira, 10, na sede da Corte. A pauta é a ADPF das Favelas, ação no Supremo que estabeleceu uma série de diretrizes para reduzir a letalidade policial.

Moraes é relator temporário da ação até a nomeação do ministro que vai suceder Luís Roberto Barroso na Corte.

Em seguida, às 17h, Moraes recebe o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A pauta é o projeto de lei (PL) 5582/2025, conhecido como "PL Antifacção", enviado pelo governo ao Congresso após a Operação Contenção, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha em outubro.

O relator do PL Antifacção, indicado por Motta na semana passada, é o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo Guilherme Derrite (PP-SP). Ele se licenciou do cargo para assumir a relatoria do projeto.

Mais cedo, Moraes determinou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), preserve todas as imagens das câmeras corporais dos policiais civis e militares envolvidos na operação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse nesta segunda-feira, 10, acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tomou a decisão de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de não anunciar essa escolha.

"Tenho de trabalhar com o dado que tenho. E o dado que tenho é que há uma escolha feita pelo presidente, apesar de não anunciada formalmente", afirmou Wagner, referindo-se à indicação de Messias.

Ele disse ser natural que a "torcida" do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga fique triste, mas não vislumbra dificuldades de Messias de ser aprovado no Senado. Segundo ele, a demora para o anúncio formal se justifica pela necessidade de Lula ter de promover conversas em Brasília, como com o próprio Pacheco, por exemplo.

A maioria dos integrantes do Congresso Nacional aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais capaz de liderar a direita no Brasil e unificar o campo nas eleições de 2026 na ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Levantamento exclusivo do Ranking dos Políticos para o Estadão divulgado nesta segunda-feira, 10, mostra que, apesar de reconhecerem a liderança de Tarcísio, a maioria dos parlamentares consultados acredita que o grupo deve chegar dividido às urnas, com várias candidaturas e polos concorrentes.

A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 partidos entre os dias 21 e 31 de outubro, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Na Câmara dos Deputados, 48,6% dos deputados entrevistados apontaram Tarcísio como o principal nome capaz de liderar a direita brasileira. Ele é seguido por Eduardo Bolsonaro (PL), com 15%; Michelle Bolsonaro (PL), com 13,1%; Ratinho Júnior (PSD), com 9,3%; Romeu Zema (Novo), com 3,7%; Ronaldo Caiado (União), com 0,9%; e a opção Outro (1,9%). 7,5% não souberam responder.

No Senado, o governador paulista também é o mais mencionado (44,5%), à frente de Eduardo e Michelle Bolsonaro, empatados com 14,8%, e de Ratinho Júnior, com 7,4%. O índice de indecisos entre senadores é de 18,5%.

Em comparação com a pesquisa anterior, feita em julho de 2023, Tarcísio manteve vantagem expressiva, enquanto Michelle Bolsonaro teve leve alta e Romeu Zema perdeu espaço. Já nomes como Eduardo Leite (PSD) e Flávio Bolsonaro (PL), que figuravam entre as opções no ano passado, deixaram de ser citados.

Questionados sobre quem teria mais condições de unir a direita em torno de uma candidatura única competitiva em 2026, 56,1% dos deputados e 55,6% dos senadores apontaram Tarcísio. Ratinho Júnior aparece em segundo lugar, com 15% das menções na Câmara e 11,1% no Senado. Michelle Bolsonaro tem 11,2% e 7,4%, respectivamente, enquanto Caiado, Zema e Eduardo Bolsonaro registraram índices menores.

Apesar dessa percepção de liderança, 67,3% dos deputados e 63% dos senadores acreditam que o campo conservador deve permanecer fragmentado em 2026. Apenas 29,9% e 22,2%, respectivamente, veem chance de união, ainda que com candidatos de partidos diferentes, por meio de alianças e blocos partidários.

Para o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, os resultados mostram que o governador paulista consolidou seu papel de liderança, mas enfrenta um ambiente de dispersão política e uma avaliação predominante de que a direita não marchará unida, o que pode interromper negociações por alianças e definição antecipada de cabeça de chapa.

"Ainda tem o fato de ele não contar com declarações públicas de seu padrinho político, Jair Bolsonaro, o que acaba facilitando a criação de várias candidaturas da direita em 2026 que buscam se viabilizar", explica.

A pulverização das candidaturas tem sido apontada como benéfica por figuras como Caiado, que já afirmou que uma variedade de nomes oposicionistas pode reduzir as chances de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o diretor do Ranking dos Políticos, a estratégia contém riscos. "Uma coisa é ter vários candidatos que contribuam na discussão, outra é se eventualmente enveredar a ataques entre eles, o que pode prejudicar e fazer com que o representante (da direita) chegue fragilizado a um segundo turno".

Não mencionado na edição de 2023, Ratinho Júnior foi mais lembrado que Zema e Caiado na última pesquisa. Segundo Sperandio, apesar de suas ambições presidenciais e movimentação no sentido de nacionalizar sua imagem, os frutos devem ser colhidos em pleitos futuros.

"Não só o Ratinho, mas temos outros nomes jovens que vão estar no jogo nas próximas eleições e não necessariamente precisam se visibilizar no próximo ano. Certamente essa safra de governadores é uma nova geração na política que vamos ver nas próximas duas décadas", analisa.