Governo Lula volta a criticar Israel após ataque no qual Exército reconheceu 'erro técnico'

Internacional
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez novas críticas ao governo de Israel, nesta segunda-feira, dia 14, desta vez por causa de ataques aéreos que resultaram na morte de civis palestinos em uma fila para obter água, na Faixa de Gaza.

O governo Lula cobrou a condução de uma investigação internacional sobre o episódio, que foi reconhecido pelo Exército de Israel como um "erro técnico".

Entre os vários ataques, um drone atingiu um ponto de distribuição de água no campo de refugiados Nusseirat. Também foram alvejadas a Cidade de Gaza e Khan Younis. Ao menos 50 pessoas morreram.

Segundo os militares israelenses, o bombardeio em Nusseirat tinha como alvo a Jihad Islâmica, um grupo terrorista, mas uma falha fez com que atingissem outro ponto e provocassem mortes.

"O governo brasileiro condena as operações israelenses realizadas, nos últimos dias, na Faixa de Gaza, que resultaram em dezenas de mortes, com alto número de mulheres e crianças palestinas entre elas", disse comunicado divulgado pelo Itamaraty. "No episódio mais recente, no campo de refugiados de al-Nuseirat, crianças foram mortas em um ataque aéreo israelense enquanto faziam fila para coletar água potável para si e para suas famílias."

A nota se soma a outras manifestações oficiais do Ministério das Relações Exteriores, em nome do governo Lula, contrárias a atos do governo israelense na guerra ao grupo terrorista Hamas. O governo petista também condenou com veemência os ataques aéreos de Israel e dos Estados Unidos, com aval de Donald Trump, ao Irã.

Brasil e Israel vivem uma crise diplomática sem precedentes, que beira o rompimento total de laços - algo ainda evitado pelo Palácio do Planalto, apesar da pressão de alas da esquerda e do PT, simpáticas à causa palestina. No entanto, o relacionamento foi reduzido ao mínimo na esfera política, comercial e afetou a cooperação e compra de equipamentos de defesa.

O Itamaraty também "lamentou" que novas mortes "venham a somar-se às cerca de 800 acumuladas nas últimas seis semanas, ocorridas junto a postos de ajuda humanitária em Gaza controlados pelo governo israelense".

Ação na Corte Internacional de Justiça

Na véspera, a TV de origem catari Al Jazeera publicou entrevista em que o chanceler Mauro Vieira confirma decisão do governo brasileiro de ingressar na ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ).

O processo foi aberto em dezembro de 2023, por iniciativa da África do Sul, que acusa o governo e as forças militares israelenses de crime de genocídio na Faixa de Gaza contra a população palestina, durante a guerra ao grupo terrorista Hamas.

Apesar de ter dado endosso político quando a ação foi protocolada, o governo brasileiro jamais havia formalizado pedido para entrar na causa, o que deverá fazer em breve, segundo o chanceler Vieira.

Além do Brasil, já intervieram no processo contra Israel os seguintes países: Colômbia, Líbia, México, Palestina, Espanha, Turquia, Chile, Maldivas, Bolívia, Irlanda, Cuba e Belize.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil