Alemanha e Reino Unido assinam seu 1º pacto de defesa após 2ª Guerra

Internacional
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Reino Unido e Alemanha assinaram nesta quinta-feira, 17, o Tratado de Kensington, o primeiro pacto de defesa entre os dois países desde a 2.ª Guerra. A aproximação entre Londres e Berlim é um reflexo da busca por unidade entre os principais líderes europeus para enfrentar um cenário de insegurança, agravado pela política isolacionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela ameaça russa.

 

O acordo, assinado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, em Londres, envolve energia, cooperação econômica e cultural, migração e defesa. A base é um acordo assinado em outubro, em que os dois países acertaram a cooperação com a defesa mútua, exercícios militares conjuntos e desenvolvimento de armas sofisticadas.

 

O texto do tratado inclui uma réplica do Artigo 5 da Carta da Otan, que trata de defesa coletiva: uma ameaça contra um dos países é considerada uma ameaça contra o outro. "Reino Unido e Alemanha ajudarão um ao outro, inclusive por meios militares, em caso de um ataque armado", diz o documento.

 

Acordo

 

A linguagem é muito parecida com a adotada por Reino Unido e França, na semana passada, quando os dois governos se comprometeram em coordenar mais estreitamente seus arsenais nucleares em resposta a ameaças contra aliados europeus.

 

A Alemanha não possui armas nucleares, mas é o terceiro maior fornecedor de equipamentos militares para a Ucrânia, depois de EUA e Reino Unido, segundo o Instituto Kiel para a Economia Mundial. Sob o comando de Merz, o governo alemão concordou em aumentar seus gastos militares para 3,5% do PIB até 2029, o rearmamento mais ambicioso do país desde o fim da Guerra Fria.

 

Novo eixo

 

Ontem, Merz foi além e defendeu a criação de um eixo estratégico entre Londres, Paris e Berlim para combater a migração ilegal e aprofundar a cooperação na área de defesa, uma tentativa de recuperar o terreno perdido pelo Brexit, que o chanceler alemão disse ter sido uma pena. "Pessoalmente, lamento profundamente."

 

O alinhamento com a França foi impulsionado pela Alemanha, mas Starmer sinalizou apoio a uma cooperação mais próxima entre os três países, descrevendo o relacionamento do Reino Unido com o governo de Merz como uma prova da "ambição de trabalhar cada vez mais juntos".

 

Em um mundo pós-Brexit, Merz, Starmer e o presidente francês, Emmanuel Macron, estão posicionando o Reino Unido como uma peça importante demais para ser excluída, mesmo que o país não volte a fazer parte da União Europeia. Diante das ameaças da Rússia e as dúvidas sobre o compromisso dos EUA com a Otan, a coordenação entre Berlim, Londres e Paris se tornou vital.

 

Merz disse que o acordo assinado por Reino Unido e França na semana passada deveria ser expandido e se tornar um "pacto tripartite" com a Alemanha, para arquitetar uma resposta mais coordenada à imigração ilegal. "A cooperação entre Reino Unido e França deveria ser complementada por um acordo entre nós três", disse o chanceler.

 

O apelo de Merz por um acordo trilateral que inclua um cerco à imigração ilegal ocorre em momento de pressão causado pelo crescimento do partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD), que fustiga a União Democrática Cristã (CDU), de Merz, por não apresentar uma solução para o tema.

 

Velha ideia

 

A aliança entre Alemanha, França e Reino Unido revive elementos da visão de um "núcleo europeu" proposta inicialmente por Wolfgang Schäuble, que foi ministro das Finanças de Angela Merkel e mentor de Merz, na década de 1990.

 

O Tratado de Kensington não chega a criar um bloco militar formal, mas realinha o Reino Unido com as duas maiores potências da Europa em questões de imigração e segurança, áreas que se tornaram cada vez mais urgentes como resultado da guerra na Ucrânia e do isolamento de Trump. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil