Escândalo com monges budistas na Tailândia envolve sedução, chantagem e milhares de vídeos

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A polícia da Tailândia prendeu na última terça-feira, 15, uma mulher que teria seduzido monges budistas a se relacionar sexualmente e depois os pressionou a fazer grandes pagamentos para encobrir sua intimidade.

A possível violação da regra do celibato dos monges abalou as instituições budistas e chamou a atenção do público na Tailândia nas últimas semanas. Pelo menos nove abades e monges seniores envolvidos no escândalo foram despojados e expulsos do monastério, informou o Escritório Central de Investigação da Polícia Real Tailandesa.

Wilawan Emsawat, que tem cerca de 30 anos, foi presa em sua casa na província de Nonthaburi, ao norte da capital Bangkok, sob acusações que incluem extorsão, lavagem de dinheiro e recebimento de bens roubados. A polícia disse que rastreou o dinheiro transferido para ela por um monge sênior de uma conta bancária pertencente ao seu templo no norte da Tailândia.

Wilawan não fez nenhuma declaração desde sua prisão e não ficou claro se ela tem advogados. Falando à mídia local antes de sua prisão, ela reconheceu um relacionamento e afirmou que havia dado dinheiro a esse monge.

Monges seniores

Escândalos envolvendo monges vêm à tona algumas vezes por ano na Tailândia, mas geralmente não envolvem membros seniores do clero. O caso também chama a atenção para as grandes somas de dinheiro doadas aos templos controlados pelos abades, o que contrasta com a vida abstêmia que eles devem levar de acordo com os preceitos de sua religião.

Wilawan deliberadamente visava monges seniores para obter ganhos financeiros, disse a polícia, observando que eles descobriram que vários monges haviam transferido grandes quantias de dinheiro depois que Wilawan iniciou relacionamentos românticos com eles.

As contas bancárias de Wilawan receberam cerca de 385 milhões de baht (cerca de US$ 11,9 milhões) nos últimos três anos, mas a maior parte dos fundos foi gasta em sites de jogos de azar online, segundo a polícia.

Jaroonkiat Pankaew, vice-comissário do Escritório Central de Investigação, disse que a investigação começou no mês passado, depois que um abade de um famoso templo em Bangkok deixou abruptamente o monastério.

Os investigadores descobriram que o abade havia sido chantageado por Wilawan por causa de seu relacionamento amoroso. Ela disse ao monge que estava grávida e pediu que ele pagasse 7,2 milhões de baht (US$ 222 mil) em assistência financeira, disse Jaroonkiat em uma entrevista coletiva. A polícia acredita que "essa mulher é perigosa e precisamos prendê-la o mais rapidamente possível", disse Jaroonkiat.

A mídia tailandesa informou que uma busca em seus telefones celulares revelou dezenas de milhares de fotos e vídeos, bem como inúmeros registros de bate-papo indicando intimidade com vários monges, muitos dos quais poderiam ser usados para chantagem.

Os monges tailandeses são, em sua maioria, membros da seita Theravada, que exige que eles sejam celibatários e se abstenham até mesmo de tocar em uma mulher.

O primeiro-ministro em exercício, Phumtham Wechayachai, ordenou que as autoridades revisassem e considerassem a possibilidade de endurecer as leis existentes relacionadas a monges e templos, especialmente a transparência das finanças dos templos, para restaurar a fé no budismo, disse o porta-voz do governo, Jirayu Houngsub, na terça-feira.

O Escritório Central de Investigação criou uma página no Facebook para que as pessoas denunciem os monges que se comportam mal, disse Jaroonkiat. "Investigaremos os monges em todo o país", disse ele. "Acredito que os efeitos em cascata dessa investigação levarão a muitas mudanças".

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil