Trump diz que encerrou amizade com Epstein porque ele 'roubou pessoas que trabalhavam para mim'

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na segunda-feira, 28, que encerrou sua amizade com Jeffrey Epstein e expulsou o agora desacreditado financista de seu clube privado na Flórida depois que Epstein o traiu mais de uma vez ao contratar pessoas que trabalhavam para ele. Trump não disse o que seus funcionários faziam ou onde trabalhavam, e a Casa Branca se recusou a comentar o assunto.

 

Mas a Casa Branca havia oferecido anteriormente uma explicação diferente para o rompimento. Steven Cheung, diretor de comunicações da Casa Branca, disse em um comunicado na semana passada: "O fato é que o presidente o expulsou de seu clube por ser um cretino".

 

Epstein se matou, segundo as autoridades, em uma cela de prisão em Nova York em 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. Trump e seus principais aliados alimentaram teorias da conspiração sobre a morte de Epstein antes de Trump retornar ao poder. Agora, eles estão lutando para lidar com as consequências depois que o Departamento de Justiça afirmou que Epstein realmente morreu por suicídio e que não divulgaria documentos adicionais sobre o caso. O presidente e seus aliados, alguns dos quais agora fazem parte do governo, haviam prometido divulgar os arquivos.

 

Na Escócia

 

O presidente republicano falou em sua propriedade de golfe em Turnberry, na Escócia, enquanto estava sentado com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, após os líderes se reunirem e responderem a perguntas de jornalistas dos EUA e do Reino Unido.

 

Questionado sobre o motivo do enfraquecimento do relacionamento, Trump disse: "Isso é história antiga, muito fácil de explicar, mas não quero desperdiçar seu tempo explicando". Ele então explicou, dizendo que parou de falar com Epstein depois que "ele fez algo inadequado". "Ele roubou pessoas que trabalhavam para mim. Eu disse: 'Nunca mais faça isso'. Ele fez isso de novo e eu o expulsei do lugar, persona non grata". "Eu o expulsei e foi isso. Estou feliz por ter feito isso, se você quer saber a verdade", acrescentou Trump.

 

Trump recentemente instruiu a procuradora-geral Pam Bondi a solicitar a divulgação pública das transcrições seladas do grande júri no caso. Um juiz federal negou esse pedido; um segundo juiz ainda não se pronunciou.

 

JD Vance

 

O caso tem perseguido Trump no país e no exterior e até mesmo acompanhou o vice-presidente JD Vance durante uma aparição em seu Estado natal, Ohio, na segunda-feira. Um pequeno grupo de manifestantes se reuniu do lado de fora de uma fábrica em Canton que Vance visitou, segurando cartazes com os dizeres "JD protege pedófilos" e indicando que "GOP" (sigla associada ao Partido Republicano dos EUA) significa "Guardians Of Pedophiles" ("Guardiões dos Pedófilos").

 

Vance visitou a fábrica na segunda-feira para promover o corte de impostos e o projeto de lei de fronteira de Trump, mas também abordou o assunto Epstein, dizendo que o presidente quer "total transparência" no caso. "O presidente foi muito claro. Não estamos escondendo nada", disse Vance em resposta à pergunta de um repórter.

 

"O presidente instruiu a procuradora-geral a divulgar todas as informações confiáveis e, francamente, a procurar informações adicionais confiáveis relacionadas ao caso Jeffrey Epstein." "Algumas dessas coisas levam tempo", disse Vance, acrescentando que Trump foi "muito claro. Ele quer total transparência".

 

"Não faço desenhos de mulheres"

 

Trump havia dito em 2019 que Epstein era uma figura conhecida em Palm Beach, mas que os dois haviam se desentendido há muito tempo e ele não falava com Epstein havia 15 anos. O presidente também negou na segunda-feira ter contribuído para uma compilação de cartas e desenhos para marcar o 50º aniversário de Epstein, noticiada pela primeira vez pelo Wall Street Journal. O jornal disse que a carta, que se acredita ser de Trump, incluía um desenho do corpo de uma mulher.

 

Trump também disse que recusou o convite de Epstein para visitar uma ilha particular de propriedade do financista. "Nunca tive o privilégio de ir à ilha dele e recusei o convite, mas muitas pessoas em Palm Beach foram convidadas para ir à ilha dele", disse Trump. "Em um dos meus melhores momentos, recusei o convite. Não queria ir à ilha dele." (Com informações da Associated Press)

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