Acusado de matar Charlie Kirk confessou crime ao parceiro por mensagem de texto

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Enquanto as autoridades trabalhavam intensamente para encontrar a pessoa que assassinou Charlie Kirk na Universidade do Vale de Utah na semana passada, um jovem de 22 anos - agora acusado pelo crime - trocava mensagens de texto com o parceiro amoroso e reconhecia ser o atirador, revelaram documentos judiciais.

Segundo investigadores, Tyler Robinson disparou um único tiro do telhado de um prédio com vista para o espaço ao ar livre onde Kirk falava para cerca de três mil pessoas, em 10 de setembro. Depois, ele trocou mensagens com o parceiro, com quem vivia perto de St. George, em Utah, a cerca de 387 quilômetros ao sudoeste do campus.

Troca de mensagens

Tyler Robinson disse para seu parceiro olhar embaixo do teclado em sua casa. Havia um bilhete escrito: "Tive a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitá-la." Após demonstrar choque, o parceiro perguntou a Robinson se ele era o atirador. Robinson respondeu: "Sou eu, desculpe."

Aparentemente, o parceiro nunca procurou as autoridades com essa informação. Robinson permaneceu foragido até a noite seguinte, quando seus pais reconheceram que ele era a pessoa de uma foto divulgada pela polícia durante as buscas. Eles ajudaram a organizar a rendição pacífica de Robinson.

Autoridades afirmam que investigam se outras pessoas sabiam ou ajudaram Robinson no assassinato. Elas não informaram se o parceiro está entre os investigados, mas agradeceram publicamente pelo fato de ele ter compartilhado informações.

DNA no rifle

Segundo os promotores, Robinson usou um rifle de ferrolho para atirar em Kirk no pescoço dentro do campus em Orem, a cerca de 64 quilômetros ao sul de Salt Lake City. A amostra de DNA encontrada no gatilho da arma correspondia a Robinson, de acordo com o promotor do condado de Utah, Jeff Gray. O rifle havia pertencido ao avô de Robinson.

O suspeito apareceu brevemente nesta terça-feira, 16, diante de um juiz, por meio de uma videoconferência realizada da prisão. Ele acenou levemente em alguns momentos, mas em geral apenas olhou para frente enquanto o juiz lia as acusações e informava que nomearia um advogado para representá-lo. Desde a prisão, a família de Robinson se recusou a comentar o caso.

Kirk era uma figura proeminente na política, creditado por impulsionar o movimento jovem republicano e por ajudar Donald Trump a recuperar a Casa Branca em 2024. Ele ganhou grande popularidade por meio das redes sociais, de seu podcast e de eventos em campus universitários que o apresentavam respondendo perguntas de uma fila de debatedores que podiam questioná-lo sobre qualquer tema.

O que motivou o ataque a Kirk?

As autoridades não revelaram um motivo claro para o ataque, mas Gray disse que Robinson escreveu em uma mensagem de texto sobre Kirk ao parceiro: "Eu já estava cansado do ódio dele. Certo ódio não dá para negociar". O promotor afirmou que Robinson também escreveu em outra mensagem que passou mais de uma semana planejando o ataque a Kirk. As autoridades não disseram no que exatamente esse planejamento consistiu.

Gray se recusou a responder se Robinson mirou Kirk por causa de suas visões anti-transgênero. Kirk foi baleado enquanto respondia a uma pergunta que abordava tiroteios em massa, violência armada e pessoas transgênero. "Isso cabe a um júri decidir", disse Gray. Robinson mantinha um relacionamento amoroso com seu colega de quarto, que, segundo os investigadores, é transgênero.

O que os pais de Robinson disseram?

Embora as autoridades digam que Robinson não está cooperando com os investigadores, eles afirmam que parentes e amigos têm fornecido informações. A mãe dele contou aos investigadores que o filho se tornou mais à esquerda politicamente no último ano e passou a apoiar mais os direitos de gays e pessoas transgênero, disse Gray.

Essas mudanças geraram várias conversas na casa, especialmente entre Robinson e o pai. Eles tinham visões políticas diferentes, e Robinson disse ao parceiro em uma mensagem que o pai havia se tornado um "diehard MAGA" - expressão usada para dizer que alguém é um apoiador radical do movimento Make America Great Again (Faça a América Ótima Novamente), popularizado por Trump - desde que o republicado foi eleito.

A mãe de Robinson o reconheceu quando as autoridades divulgaram uma foto do suspeito, e os pais o confrontaram - momento em que Robinson disse que queria se matar, afirmou Gray. Os pais o convenceram a se encontrar com um amigo da família, que é um ex-policial aposentado. Essa pessoa conseguiu levar Robinson a entregar-se, disse o promotor. Robinson foi preso no final da tarde de quinta-feira, 11, perto de St. George, onde cresceu.

Movimentos após o ataque

Em uma troca de mensagens com o parceiro divulgada pelas autoridades, Robinson escreveu sobre o plano de recuperar seu rifle em um "ponto de descarte", mas disse que a área estava "isolada". Mais tarde, ele enviou: "Consigo chegar perto, mas há uma viatura estacionada bem ao lado. Acho que eles já revistaram esse local, mas não quero arriscar." Os textos citados nos documentos judiciais não incluíam marcação de horário, e não estava claro quanto tempo após o ataque Robinson estava enviando as mensagens.

"Para ser honesto, eu esperava manter isso em segredo até morrer de velhice. Sinto muito por envolvê-lo(a)," escreveu Robinson em outra mensagem para o parceiro. Segundo Gray, Robinson descartou o rifle e as roupas e pediu ao colega de quarto que escondesse provas.

Ele foi acusado de disparo de arma de fogo em crime grave, com pena de até prisão perpétua, obstrução da Justiça, com pena de até 15 anos de prisão, e intimidação de testemunha, porque orientou o parceiro a apagar as mensagens trocadas e a permanecer em silêncio caso fosse questionado pela polícia, disse Gray.

Participantes de bate-papo na Discord serão investigados

O diretor do FBI, Kash Patel, disse nesta terça-feira, 16, que os agentes estão investigando "qualquer um e todos" que participaram de uma sala de bate-papo de jogos na plataforma social Discord com Robinson. A sala envolvia "bem mais" de 20 pessoas, afirmou ele durante uma audiência no Comitê Judiciário do Senado, em Washington. As acusações apresentadas na terça incluem dois agravantes: a prática de vários crimes na frente de crianças ou perto delas e a realização de violência com base nas crenças políticas do acusado.

Kirk, uma figura dominante na política conservadora, tornou-se confidente de Trump após fundar a Turning Point USA, com sede no Arizona, uma das maiores organizações políticas do país. Ele aproximou jovens cristãos evangélicos conservadores da política. Nos dias que se seguiram ao assassinato de Kirk, os americanos passaram a enfrentar questões sobre o aumento da violência política, as profundas divisões que levaram o país a esse ponto e se algo pode mudar.

Apesar dos apelos por maior civilidade, alguns que se opunham às declarações provocativas de Kirk sobre gênero, raça e política o criticaram após sua morte. Muitos republicanos lideraram o esforço para punir qualquer pessoa que, em sua visão, o tenha desonrado, fazendo com que trabalhadores do setor público e privado perdessem seus empregos ou enfrentassem outras consequências profissionais. (Com informações da Associated Press)

* Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial.

Em outra categoria

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 17, a urgência (aceleração da tramitação) da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. Trata-se de um gesto do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O projeto com urgência aprovada com 311 votos sim e 163 não é do deputado Marcelo Crivella. A versão proposta beneficia Bolsonaro, os demais condenados pelo Supremo Tribunal Federal e também os envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro.

Mas ainda não há consenso sobre qual texto será analisado e qual a previsão de data para uma nova votação do mérito da proposta. "Se for aprovada (a urgência), um relator será nomeado para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa. Como Presidente da Câmara, minha missão é conduzir esse debate com equilíbrio, respeitando o Regimento Interno e o Colégio de Líderes", disse Motta.

O presidente da Câmara sustenta que o País precisa de pacificação e o plenário da casa deve deliberar sobre o assunto. "O Brasil precisa de pacificação e de um futuro construído em bases de diálogo e respeito. O País precisa andar. Temos na Casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Cabe ao Plenário, soberano, decidir", escreveu Motta.

A sessão, iniciada na noite desta quarta-feira, foi tumultuada, com cânticos mobilizados por governistas e oposicionistas sobre a anistia. De um lado, apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cantaram "sem anistia", enquanto bolsonaristas entoaram o lema "anistia já". "O que está sendo feito aqui hoje é um absurdo, um esculacho, um sarcasmo", afirmou Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

"Hoje chega de verdade um dia histórico para essa Casa. O que nós estamos votando aqui hoje é a urgência. Em nenhum momento colocaremos a faca no pescoço do presidente e nenhum dos líderes para discutir o mérito neste dia. O PL, a despeito do que a esquerda fala, somos o partido da pacificação, do entendimento. Nós aqui estamos buscando entendimento para o País. O discurso da esquerda é somente o seguinte: xingamento de fascistas", disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ).

Antes dele, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), criticou a votação da proposta. "Lamentável o que está acontecendo no dia de hoje. A instituições, num dia como esse, não podem se acovardar. Ao pautar a urgência de um projeto de anistia do deputado Marcelo Crivella, é uma anistia ampla, geral e irrestrita", afirmou Lindbergh. "Os deputados do Centrão estão abrindo a porteira, para que com maioria simples eles aprovem o texto. Alguém aqui acredita que eles querem pacificar alguma coisa?", completou.

Ao falar em nome do MDB, o deputado Isnaldo Bulhões Junior (AL), defendeu que seria melhor ajustar o texto para uma proposta que apenas reduzisse o tamanho das penas aplicadas pelo STF, mas sem anistia. "É lamentável que a pauta que ora apreciamos, a urgência a um projeto de lei que textualmente trata da anistia a uma tentativa de golpe virou um debate político eleitoral", disse o alagoano.

Ao anunciar que iria colocar o requerimento de urgência para votar, Motta explicou após a aprovação da urgência vai escolher um relator para ajustar o texto. Ainda não há previsão de quando essa nova votação deve ocorrer. "Se for aprovada (a urgência), um relator será nomeado para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa. Como Presidente da Câmara, minha missão é conduzir esse debate com equilíbrio, respeitando o Regimento Interno e o Colégio de Líderes", disse Motta.

Bolsonaristas afirmaram que acordaram com Motta a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que dificulta a abertura de processos e a autorização de prisão de parlamentares em troca da aprovação da urgência da anistia. Ainda não há previsão para quando seria votado o texto definitivo no plenário.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a aliados que é favorável a um acordo com o Centrão para uma "anistia light", que reduziria a pena dos condenados pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro, mas sem que o benefício atinja Bolsonaro. "O texto será trabalho com relator a ser escolhido. A gente vai ter um tempo para trabalhar um tempo efetivo e acredita que vai ter um texto a contento", disse o deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição.

O que diz o projeto de Crivella sobre anistia

O projeto escolhido para ter a urgência votada nesta quarta-feira prevê anistia ampla a todos os crimes vinculados a manifestações ocorridas a partir de outubro de 2022. O texto de Crivella também perdoa multas aplicadas pela Justiça Eleitoral.

"Ficam anistiados todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas, entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor desta Lei", diz o texto.

Crivella justificou a proposta, apresentada em abril de 2023, dizendo que se trata de uma "resposta apaziguadora, de arrefecimento de espíritos e congraçamento dos contrários por meio do perdão soberano". Bolsonaristas articulam pela aprovação de uma anistia há dois anos. Durante esse período, chegaram a fazer um motim que impediu o funcionamento do plenário da Câmara por dois dias.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), encaminhou oficialmente, na noite desta quarta-feira, 17, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), conhecida como "PEC da Blindagem", à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados, altera regras relacionadas ao foro privilegiado e à tramitação de ações penais contra parlamentares.

Pouco após o recebimento pelo Senado, o texto foi despachado para a CCJ, onde começará a tramitação. A proposta prevê, entre outros pontos, que parlamentares só poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável, como racismo, tortura, terrorismo ou tráfico de drogas. Também estabelece a necessidade de autorização da respectiva Casa Legislativa para o prosseguimento de ações penais em votação com voto secreto.

Caso um parlamentar seja preso, os autos devem ser enviados do Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara ou ao Senado, que terá prazo curto para decidir, por maioria absoluta, se mantém a prisão. Se a autorização for negada, a prisão é automaticamente suspensa durante o mandato.

O presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), já sinalizou resistência à proposta. "Essa PEC não passa de jeito nenhum", afirmou anteriormente. Segundo ele, Alcolumbre não indicou urgência na tramitação da matéria. Apesar da resistência na CCJ, parlamentares da base governista e da oposição demonstraram apoio à PEC. O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) afirmou que a proposta deve seguir os trâmites regimentais.

"Essa matéria deve ir para a CCJ. Sem questionar a decisão da Câmara, mas isso obedecerá à Constituição", disse. Agora, a PEC entra oficialmente em tramitação no Senado. Mesmo que receba parecer contrário da CCJ, poderá ser levada ao plenário, onde precisa do apoio de dois terços dos senadores, em dois turnos, para ser aprovada e, posteriormente, promulgada pelo Congresso.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou, em publicação no X (ex-Twitter), que vai colocar para votação nesta quarta-feira, 17, requerimento de urgência para projeto de anistia. Motta sustenta que o País precisa de pacificação e o plenário da casa deve deliberar sobre o assunto.

"O Brasil precisa de pacificação e de um futuro construído em bases de diálogo e respeito. O País precisa andar. Temos na Casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Cabe ao Plenário, soberano, decidir", escreveu Motta.

Ele explicou ainda que será votado um requerimento para acelerar a votação de um projeto elaborado pelo deputado Marcelo Crivella. No entanto, esse não deve ser o texto que irá a votação quando chegar o momento de examinar o mérito do assunto. Será indicado um relator para rever a proposta. Ainda não há previsão de quando essa nova votação deve ocorrer.

"Se for aprovada (a urgência), um relator será nomeado para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa. Como Presidente da Câmara, minha missão é conduzir esse debate com equilíbrio, respeitando o Regimento Interno e o Colégio de Líderes", disse Motta.

Bolsonaristas afirmaram que acordaram com Motta a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que dificulta a abertura de processos e a autorização de prisão de parlamentares em troca da aprovação da urgência da anistia. Ainda não há previsão para quando seria votado o texto definitivo no plenário.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a aliados que é favorável a um acordo com o Centrão para uma "anistia light", que reduziria a pena dos condenados pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro, mas sem que o benefício atinja Bolsonaro.

"O texto será trabalho com relator a ser escolhido. A gente vai ter um tempo para trabalhar um tempo efetivo e acredita que vai ter um texto a contento", disse o deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição.

O que diz o projeto de Crivella sobre anistia

O projeto escolhido para ter a urgência votada nesta quarta-feira prevê anistia ampla a todos os crimes vinculados a manifestações ocorridas a partir de outubro de 2022. O texto de Crivella também perdoa multas aplicadas pela Justiça Eleitoral.

"Ficam anistiados todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas, entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor desta Lei", diz o texto.

Crivella justificou a proposta, apresentada em abril de 2023, dizendo que se trata de uma "resposta apaziguadora, de arrefecimento de espíritos e congraçamento dos contrários por meio do perdão soberano". Bolsonaristas articulam pela aprovação de uma anistia há dois anos. Durante esse período, chegaram a fazer um motim que impediu o funcionamento do plenário da Câmara por dois dias.