Rússia faz testes com armas nucleares após Trump deixar em suspenso reunião com Putin

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comandou exercícios nucleares no país, informou o Kremlin, num momento em que as relações com os EUA passam por tensão, após o presidente Donald Trump, ter levantado dúvidas sobre a continuidades dos diálogos para um acordo de paz na Ucrânia.

O exercício envolveu a tríade nuclear de Moscou e colocou em teste um míssil balístico intercontinental Yars, na base de lançamento de Plesetsk; um míssil balístico intercontinental Sineva, lançado por um submarino no Mar de Barents; e bombardeiros estratégicos Tu-95 disparando mísseis de cruzeiro de longo alcance.

Segundo o Kremlin, o treinamento testou o nível de preparação dos órgãos de comando militar e as habilidades práticas das tropas russas.

Na semana, Trump informou que encontraria Putin em Budapeste, na Hungria.

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A ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara recebeu nesta terça-feira, 21, proposta de criação da Comissão Nacional Indígena da Verdade para apuração de crimes cometidos contra os povos indígenas durante a ditadura militar. A recomendação consta no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), de 2014.

O documento foi entregue pelo Fórum Memória, Verdade, Reparação Integral, Não Repetição e Justiça para os Povos Indígenas, formado por entidades indígenas, da sociedade civil, órgãos públicos e universidades.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou ao Estadão que "seguirá conduzido os diálogos sobre o tema dentro do governo federal". "A violência sofrida pelos povos indígenas ainda é uma realidade nos dias de hoje e, reconhecer esse passado e repará-lo, também é uma forma de combater essa violência", diz nota.

A ministra Sonia Guajajara recebeu a proposta das mãos de Elisa Pankararu, representante da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).

"Falar em uma Comissão Nacional Indígena da Verdade é dizer que a nossa verdade é dolorida, porque as violências atingem nossos corpos, nossos rios, nossas florestas e toda a natureza da qual fazemos parte. É uma história que oficialmente não se conta, mas que os nossos mais velhos nos contam", declarou Elisa durante a cerimônia.

O documento propõe decreto para criar a comissão por meio de um ato normativo. São sugeridos 14 membros, em sua maioria indígenas: sete indicados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e sete escolhidos a partir de uma lista apresentada pelo Fórum.

Com duração inicial de três anos, prorrogável, o grupo teria a missão de apurar fatos e circunstâncias relacionados a assassinatos, torturas, remoções forçadas, desaparecimentos e roubo de terras, além de propor medidas de reparação.

A proposta é um desdobramento das conclusões da Comissão Nacional da Verdade, que em 2014 reconheceu que ao menos 8.350 indígenas foram mortos pelo regime militar. O número é considerado subestimado, já que o levantamento abrangeu apenas dez dos 305 dos povos presentes no País.

Ao documentar remoções forçadas, assassinatos, contaminações deliberadas por doenças, envenenamento, sequestro de crianças e trabalho em condições análogas à escravidão, a CNV recomendou a criação de uma comissão específica para tratar das violações contra os povos indígenas e promover o reconhecimento da responsabilidade por parte do Estado brasileiro.

Lançado em 2024, o Fórum foi criado para articular essa proposta. Integram o grupo entidades como a Apib, o Instituto Vladimir Herzog, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Desde sua criação, foram levantados mais de 80 casos de violações praticadas durante a ditadura, segundo informações do Ministério Público Federal (MPF).

Em outro desdobramento da CNV, o Brasil tem retificado certidões de óbito de mortos e desaparecidos na ditadura. Mais de 100 famílias já receberam documentos corrigidos para constar as reais circunstâncias das mortes, no contexto de torturas e outras violações de direitos humanos.

Constam na lista casos o deputado Rubens Paiva, o jornalista Vladimir Herzog, o sociólogo Paulo Stuart Wright, irmão do reverendo Jaime Wright, os metalúrgicos Manoel Fiel Filho e Santos Dias da Silva e o estudante Alexandre Vannucchi Leme.

Oficialmente, o governo brasileiro reconhece apenas 434 mortes e desaparecimentos políticos no contexto da ditadura. Segundo a presidente da Comissão Especial de Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos ligada ao Ministério dos Direitos Humanos, Eugênia Gonzaga, o número real pode passar de 10 mil pessoas, incluindo indígenas e trabalhadores do campo.

A Defensoria Pública da União (DPU) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que notifique por carta rogatória o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a denúncia por "coação" no processo da trama golpista.

"No entender da DPU, no presente caso, é indevida a notificação da imputação penal por edital, uma vez que é do conhecimento do Poder Judiciário o fato de que o denunciado se encontra em país estrangeiro", diz a manifestação encaminhada ao ministro.

Eduardo está há sete meses nos Estados Unidos. Em um primeiro momento, o ministro determinou a intimação padrão do deputado, em seus endereços declarados no Brasil. O oficial de Justiça não conseguiu entregar o documento. Por isso, Moraes autorizou a notificação por edital, a partir da publicação da intimação no Diário Oficial e em jornais de grande circulação.

A notificação por carta rogatória depende da cooperação de autoridades americanas, o que torna o processo mais demorado.

A Defensora Pública assumiu a defesa do deputado porque ele não constituiu advogado no prazo.

Em manifestação enviada nesta quarta-feira, 22, ao STF, o defensor público Antonio Ezequiel Inácio Barbosa afirma que a atuação do órgão é "indevida e prematura" porque Eduardo não tomou conhecimento formal do processo "pelo meio legalmente determinado".

"Evidentemente, se depois de validamente cientificado e alertado da possibilidade de remessa dos autos à Defensoria Pública, o denunciado permanecer inerte, sua defesa técnica será realizada pela DPU, pois nessa hipótese será possível presumir a anuência com a atuação desta instituição", afirma o defensor público.

O deputado usou as redes sociais para criticar a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR). A DPU afirma que "eventual ciência informal da existência da denúncia não supre a exigência de cientificação oficial e válida prevista em lei".

"O devido processo legal não se satisfaz com o conhecimento de fato, 'por ouvir dizer', da imputação, mas exige o cumprimento das formalidades essenciais que asseguram ao acusado o direito de constituir defensor de sua escolha e de ser regularmente chamado a exercer sua defesa", diz o órgão.

Quando determinou a notificação do deputado por edital, Moraes afirmou que ele "está criando dificuldades para ser notificado" e destacou uma nota publicada por Eduardo no X a respeito da denúncia.

A Defensoria Pública sustenta que "a cogitação hipotética de que o denunciado poderia estar se esquivando ao processo não autoriza o desrespeito ao rito legalmente estabelecido, sob pena de se legitimar nulidade processual em razão de suposição sobre a conduta da parte".

A PGR denunciou Eduardo e o blogueiro Paulo Figueiredo pela articulação nos Estados Unidos de sanções contra o STF. Segundo o procurador-geral da República Paulo Gonet a campanha teve como objetivo pressionar os ministros a não condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para o procurador-geral, ficou comprovado que Eduardo e Paulo Figueiredo se valeram de contatos no governo Donald Trump para "constranger a atuação jurisdicional" do Supremo Tribunal Federal.

Em nota conjunta, eles disseram ser alvo de "perseguição política", atribuíram a denúncia a "lacaios" do ministro Alexandre de Moraes e disseram que vão continuar a campanha nos Estados Unidos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, solicitou nesta quarta-feira, 22, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorização para receber visitas em sua residência. Entre os nomes pedidos estão o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, o desembargador aposentado Sebastião Coelho, o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) e o bispo Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra.

Os pedidos foram encaminhados por meio de seus advogados de defesa. Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto deste ano. Em setembro, o ex-chefe do executivo foi condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado e por liderar uma organização criminosa.

A solicitação para receber Valdemar ocorre um dia após o STF decidir pela reabertura da investigação sobre a participação do presidente do PL na chamada trama golpista. Votaram pela reabertura o relator Alexandre de Moraes e os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino. O ministro Luiz Fux divergiu e votou contra.

Durante o julgamento do "núcleo 4" da tentativa de golpe, Moraes sugeriu o envio de documentos à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para subsidiar a reabertura da investigação sobre Valdemar. A solicitação foi fundamentada no artigo 18 do Código de Processo Penal, que permite reabrir investigações arquivadas em caso de surgimento de novas provas.

Outro nome solicitado por Bolsonaro foi o do deputado Alfredo Gaspar, relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, em outra oportunidade Gaspar recusou o convite, alegando a necessidade de manter a imparcialidade nos trabalhos da comissão.

"Eu disse que iria com muita honra, e assim foi feito o pedido. Depois, fui escolhido como membro da CPMI e, posteriormente, como relator. Quero dizer que estou declinando desse convite para manter a imparcialidade dos trabalhos, mas me senti honrado com ele", declarou o parlamentar em agosto.

Segundo Gaspar, o convite havia sido feito por meio do advogado de Bolsonaro uma semana antes de sua escolha como relator da CPMI.