Rússia avança no sul da Ucrânia enquanto expande ataques na linha de frente

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O exército da Rússia invadiu três assentamentos na região sul de Zaporizhzhia, na Ucrânia, disse o principal comandante militar de Kiev na quarta-feira, 12, no momento em que as forças de Moscou expandem seus esforços para capturar mais território ucraniano.

A neblina densa permitiu que tropas russas infiltrassem posições ucranianas em Zaporizhzhia, escreveu o general Oleksandr Syrskyi no aplicativo de mensagens Telegram, acrescentando que unidades ucranianas estão travadas em "batalhas árduas" para repelir o avanço russo.

Ele observou, no entanto, que as batalhas mais ferozes ainda estão na cidade ucraniana sitiada de Pokrovsk, na região oriental de Donetsk, onde quase metade de todos os confrontos na linha de frente aconteceu nas últimas 24 horas. As cidades de Kupiansk e Lyman, na região nordeste de Kharkiv na Ucrânia, também testemunharam recentemente um aumento nos combates.

A Rússia lançou sua invasão em larga escala do vizinho quase quatro anos atrás e agora ocupa aproximadamente um quinto do território ucraniano. Novas sanções dos Estados Unidos que visam o setor petrolífero da Rússia, que é o pilar da economia russa, estão previstas para entrar em vigor em 21 de novembro. Seu propósito é compelir o presidente russo, Vladimir Putin, a aceitar um cessar-fogo.

Enquanto isso, oficiais de Kiev correm o risco de se distrair com um crescente escândalo de corrupção que envolve membros seniores do governo. O ministro da Justiça da Ucrânia, Herman Halushchenko, foi suspenso de seu cargo na quarta-feira após ser colocado sob investigação, anunciou a primeira-ministra Yulia Sviridenko.

Os ganhos russos vêm com um custo

As sanções dos EUA às maiores companhias petrolíferas da Rússia, Rosneft e Lukoil, aumentam os riscos para Putin. O líder russo até agora evitou negociações de paz sérias de alto nível, com oficiais ucranianos e ocidentais o acusando de ganhar tempo enquanto seu exército tenta capturar mais território ucraniano. Esforços internacionais pela paz não levaram a nada.

O exército russo, maior e melhor equipado, intensificou seus ataques, colocando os militares ucranianos em menor número sob severa tensão. Oficiais ucranianos disseram em setembro que a linha de frente cresceu em comprimento para quase 1.250 quilômetros. O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse no início deste mês que a Rússia havia mobilizado cerca de 170 mil tropas em Donetsk.

Nas últimas quatro semanas, o Ministério da Defesa da Rússia relatou a captura de nove assentamentos e vilas em Donetsk: oito na região de Zaporizhzhia, sete na região de Dnipropetrovsk e cinco na região de Kharkiv. A guerra corrosiva de desgaste da Rússia tem sido custosa em termos de baixas e blindagens, no entanto, e a Ucrânia tem limitado seus ganhos no campo de batalha a avanços incrementais.

O Instituto para o Estudo da Guerra disse que o cerco russo a Pokrovsk, onde foram deslocados operadores de drones de elite e soldados das forças especiais russas "spetsnaz", tem sido lento porque seus comandantes militares estão dispersando seus recursos amplamente.

A Rússia está conduzindo diversas operações ofensivas simultâneas em todo o 'teatro' de operações e está tendo dificuldades para expandir as operações logísticas. Enquanto isso, a Ucrânia lançou ataques contínuos de longo alcance com drones em ativos militares de alto valor dentro da Rússia.

Seu último ataque atingiu a planta química Stavrolen em Budionovsk, na região de Stavoprol da Rússia, durante a noite, segundo o estado-maior. A planta produz polímeros para materiais compostos usados pelo exército russo, disse ele. (Com informações da Associated Press)

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O relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), anunciou na sessão do colegiado nesta quinta-feira, 13, que o pai do depoente foi preso pela Polícia Federal (PF) neste mesmo dia. O advogado Eric Fidelis presta depoimento à comissão que apura o esquema de desvio de aposentadorias. Ele é filho de André Fidelis, ex-diretor de benefícios do INSS.

"Eu quero lamentar e lhe informar que o seu pai acaba de ser preso", disse Gaspar nos primeiros minutos da inquirição, apelando para que Eric colaborasse com a CPI. "Você ainda tem a oportunidade de salvar o seu pai e esclarecer os fatos."

O Estadão mostrou que dados apontados em relatório de inteligência financeira produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) entregues à CPI do INSS apontam que Eric movimentou R$ 12 milhões por meio de escritório de advocacia próprio antes mesmo de ser aberto. Das receitas registradas, pelo menos R$ 5,1 milhões seriam oriundas de entidades ligadas a fraudes a aposentados e pensionistas do INSS.

A Polícia Federal afirma que o escritório de Eric Fidelis foi usado para intermediar propina paga a André Fidelis pelo empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS". Eric Fidelis optou por manter o silêncio a perguntas do relator por orientação da defesa. Ele recebeu habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que o garante esse direito em caso de questionamentos que o possam autoincriminar.

O plenário do Senado aprovou na quarta-feira, 12, a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de 63 anos, para mais dois anos no comando da Procuradoria-Geral da República.

Gonet é jurista e professor universitário. Entre 1983 e 1987, foi assessor do então ministro do STF Francisco Rezek. Entre 1986 e 1987, passou em primeiro lugar em dois concursos da área jurídica. Entre as carreiras de promotor de Justiça do Distrito Federal e de procurador da República, optou por assumir o posto no Ministério Público Federal. Permanece na instituição desde então, e foi promovido, em 2012, subprocurador-geral da República.

Gonet é quem assina a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por uma tentativa de golpe de Estado no País após as eleições de 2022. Em dezembro de 2023, foi nomeado para assumir a titularidade da PGR. A indicação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi aprovada no Senado por 65 votos a 11.

O nome dele para a PGR também foi cogitado por Bolsonaro em 2019. Gonet chegou se reunir com o ex-presidente à época, ocasião na qual Bolsonaro indicou que queria um PGR alinhado ao seu governo. A escolha foi pelo nome de Augusto Aras.

Maior rejeição para PGR no Senado desde 1989

Quando teve seu nome submetido ao crivo dos senadores, em 2023, para assumir o posto, Gonet teve 65 votos favoráveis e 11 contrários. Na quarta-feira, foram 45 votos a favor e 26 contra. O resultado representa a maior rejeição a um indicado para a PGR desde 1989, início da série histórica após a redemocratização. Na votação anterior, em 2023, Gonet havia recebido 65 votos favoráveis e 11 contrários.

Até então, o procurador-geral mais rejeitado pelo Senado havia sido Geraldo Brindeiro, indicado no governo Fernando Henrique Cardoso. Em sua recondução de 2001, Brindeiro recebeu 18 votos contrários e 55 favoráveis. Ele também registrou resistência em 1999, quando foi reconduzido com 61 votos favoráveis e 11 contrários.

Sabatinado na CCJ, Gonet afirmou na quarta-feira que a decisão de se aprovar anistia cabe ao Congresso, mas que há polêmicas do ponto de vista jurídico. Gonet não especificou quais seriam essas "polêmicas".

Gonet é considerado por seu pares como conservador, religioso, ponderado e conciliador. Gosta de caminhar e os amigos brincam que é um "glutão" - aprecia uma boa comida. É formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Direitos Humanos Internacionais pela Universidade de Essex, do Reino Unido, e doutor em Direito pela UnB.

O procurador é autor de diversos artigos e publicações sobre Direito Constitucional. Em 2008, recebeu o Prêmio Jabuti pelo livro "Curso de Direito Constitucional", assinado em coautoria com Gilmar Mendes, ministro do STF e, hoje, decano da Corte. No MPE, Gonet esteve à frente de um parecer que embasou a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. O ex-presidente acumula duas penas do gênero no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)e não pode concorrer a cargos eletivos até 2030.

A CPI do INSS aprovou nesta quinta-feira, 13, a convocação e quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático do deputado estadual do Maranhão Edson Araújo (PSB), alvo de operação da Polícia Federal neste mesmo dia. O colegiado também aprovou o pedido de prisão de mais duas pessoas. Araújo presidiu entidade de pescadores responsável por descontos associativos e já foi acusado pelo vice-presidente da comissão, deputado Duarte Júnior (PSB-MA), de ser beneficiário do esquema.

O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG) anunciou que, a partir da próxima semana, a comissão começa a investigar aspectos políticos, e deixará de votar requerimentos consensuais. Agora, pedidos mais controversos irão a voto.

Em sessão da CPI do INSS, Duarte acusou Araújo de receber "quase R$ 5 milhões" por meio da Federação das Colônias de Pescadores do Maranhão e pediu a expulsão dele do partido. Após essa declaração, o deputado estadual fez ameaças a Duarte por mensagens. "Palhaçada. Quer aparecer. Lugar de palhaço é no circo", disse Araújo.

Duarte respondeu pedindo respeito e Araújo começou a fazer ameaças, como mostram as mensagens. "Nunca recebi nada de aposentado. Nós ainda vamos nos encontrar", disse Araújo. "Você está me ameaçando?", perguntou Duarte. "Tô, por quê? Você é um m. irresponsável", respondeu Araújo.

"Deputado, suas agressões e ameaças só demonstram o quão errado você está", treplicou Duarte. Edson prosseguiu com ameaças: "Você vai ter que provar tudo que falou ou vai se arrepender", disse. "O que você vai fazer?" perguntou Duarte. "Você vai saber", concluiu Araújo. A CPI autorizou a escolta para o deputado e familiares após as ameaças.

A CPI autorizou pedidos de prisão do empresário Igor Delecrode, apontado como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade, e Americo Monte, ex-Presidente da ABCB/Amar Brasil, entidades que participavam do esquema.

No total, foram 79 requerimentos aprovados. Outro pedido é ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para que entre como amicus curiae no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação pela paralisação de processos que pedem a culpabilização da União por descontos indevidos em benefícios.

"O referido acordo, embora celebrado com o propósito de racionalizar demandas, acabou por alterar substancialmente o alcance de decisões judiciais e impor prazos restritivos para o exercício de direitos, fixando o dia 14 de novembro de 2025 como data-limite para requerimentos administrativos de ressarcimento", justifica a autora do requerimento, deputada Coronel Fernanda (PL-MT), que considera a data um prazo curto. "Tal limitação pode causar prejuízos significativos a milhares de beneficiários do INSS, muitos dos quais sequer foram adequadamente informados sobre as novas regras."

Nesta segunda-feira, 10, porém, o líder do governo na CPI do INSS, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), já tinha anunciado a prorrogação do prazo para contestar descontos indevidos para 14 de fevereiro de 2026.