Por que o Brasil faz o primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU? Entenda

Internacional
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O Brasil tem a responsabilidade, a cada ano, de ser o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Mas por que o Brasil fala antes dos outros países, incluindo do anfitrião do encontro?

Como se trata mais de uma tradição do que de uma regra escrita, não há registros formais das razões. A primeira sugere que o Brasil se voluntariou nos primeiros encontros para falar. Durante os primeiros anos da ONU, criada em 1945, nenhum país queria ser o primeiro a falar na assembleia. O Brasil, então, se voluntariava, sendo o primeiro orador em 1949, 1950 e 1951.

A organização decidiu oficializar o país como aquele que abriria o debate geral a partir de 1955. "Ao longo do tempo, certos costumes emergiram durante o debate geral, incluindo a ordem dos primeiros a falar", diz a ONU em sua página oficial.

Desde 1955, a ordem de abertura tem sido: o secretário-geral da ONU, seguindo pelo presidente da Assembleia-Geral, sucedido pelos representantes do Brasil e Estados Unidos -- o país sede. Os demais países falam de acordo com a ordem estabelecida por um algoritmo que leva em consideração o nível de representação do orador, pedido de fala, entre outros.

As únicas vezes em que o Brasil não abriu as oratórias foram nas sessões de 1983 e 1984, quando o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan falou primeiro.

Outra explicação para o privilégio dado ao Brasil é o reconhecimento ao brasileiro Osvaldo Aranha pela sua atuação em 1947, na segunda assembleia. Aranha presidiu a Primeira Sessão Especial da Assembleia, reunião histórica na qual foi aprovada a criação do Estado de Israel. O papel do brasileiro ao apoiar a solução de dois Estados e garantir que a votação não fosse adiada rendeu elogios de diversos países e entidades sionistas, que chegaram a cogitá-lo como candidato ao Nobel da Paz.

A terceira teoria diz que foi um premio de consolação. O professor Oliver Stuenkel, coordenador de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, diz que a "tradição informal" pode ser considerada um prêmio de consolação pelo fato de o Brasil ter ficado de fora do Conselho de Segurança da Organização, composto por Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido desde a fundação da ONU, em 1945.

Até hoje, o País pleiteia mudanças na composição do Conselho, que tem ainda dez membros rotativos eleitos a cada dois anos. No entanto, só os cinco iniciais têm poder de veto nas decisões.

"O mais provável é que essa tradição iniciou-se porque o Brasil acabou sendo vetado por Winston Churchill (líder do Reino Unido) e por Josef Stalin (líder da URSS) de fazer parte do Conselho de Segurança de maneira permanente. Então, isso acabou sendo uma espécie de prêmio de consolação porque tinha de haver uma maneira de reconhecer a importância do Brasil à época", disse.

O Brasil integrou o primeiro grupo de 51 países fundadores da ONU. Hoje, são 193 nações, mas a "regra" continua, apesar de não haver documentos ou normas da ONU com essa previsão. Outra teoria difundida é a de que o País tem essa atribuição pela sua participação na solução pacífica da criação do Estado de Israel, ainda nos primórdios da ONU.

"É um reconhecimento tácito de sua participação na fundação da organização e dos esforços do então chanceler brasileiro, Oswaldo Aranha, nas discussões da época, em especial a criação do Estado de Israel", afirmou o professor Lucas Leite, da Fundação Armando Álvares Penteado, doutor em relações internacionais.

Para além das motivações da tradição, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, que discursou em nome do Brasil nas Assembleias-Gerais de 1992 e de 2002, quando foi chanceler, diz que é um momento especial para a voz do País ser ouvida no plano internacional. "É uma tentativa de o Brasil contribuir para a formulação da agenda global e, portanto, para os objetivos de nossa política externa e de nossa inserção no mundo".

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Em evento do Partido Socialista Brasileiro (PSB) neste domingo, 27, o senador Cid Gomes (PSB) declarou que, no cenário nacional, não pretende adotar uma posição contrária à de seu irmão, o ex-ministro e ex-presidenciável, Ciro Gomes (PDT).

"Eu jamais estarei em lado oposto ao Ciro na questão nacional. Aqui no Ceará a gente tem uma visão diferente, eu o respeito profundamente, mas jamais estarei em lado diferente dele na questão nacional. Penso absolutamente como ele", disse Cid ao jornal jangadeiro.

O possível sinal de reaproximação entre os irmãos vem depois de se distanciarem politicamente. O racha começou ainda nas eleições de 2022, com discordâncias sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores (PT). Enquanto Cid se aproximou da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), consolidando-se como um dos principais aliados do governo federal no Senado e apoiando também a administração estadual de Elmano de Freitas (PT) no Ceará, Ciro manteve uma postura crítica e firme contra o PT, tanto no contexto nacional quanto estadual.

Essa diferença de posicionamento culminou, no início de 2024, na saída de Cid e de seus aliados do PDT e sua filiação ao PSB. A mudança aprofundou a divisão entre os grupos conhecidos como "cidistas" e "ciristas" na política cearense.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta terça-feira, 29, que a defesa do ex-presidente Fernando Collor de Mello apresente exames para comprovar que ele tem Doença de Parkinson. O prazo para resposta é de 48 horas.

A defesa do ex-presidente pediu prisão domiciliar humanitária alegando que ele enfrenta problemas de saúde graves. Antes de decidir sobre o pedido, Moraes vem cobrando laudos médicos que atestem as comorbidades.

Nesta segunda, 28, o ministro pediu "prontuário e histórico médico, bem como os exames anteriormente realizados".

Em novo despacho nesta terça, Moraes cobra a "íntegra dos exames realizados, inclusive os exames de imagens", e manda a defesa explicar por que não há "exames realizados no período de 2019 a 2022, indicativos e relacionados a Doença de Parkinson".

Os advogados advogados Marcelo Bessa e Thiago Fleury alegam que, aos 75 anos, Collor tem "comorbidades graves" e faz uso de medicamentos contínuos. Ao ser ouvido na audiência de custódia, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

O ex-presidente foi preso para cumprir a condenação de 8 anos e 6 meses em um processo da Operação Lava Jato. Ele está detido no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

Após 17 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu bem à ingestão de água, chá e gelatina. Segundo o boletim médico divulgado nesta terça-feira, 29, Bolsonaro mantém sinais de movimentos intestinais espontâneos e continua se alimentando pela veia, para obter todos os nutrientes e as calorias que precisa.

O documento também relata que o ex-presidente segue sem dor ou febre, com a pressão controlada e com melhora nos exames de fígado. Não há previsão de alta e visitas seguem restritas, apesar de o ex-presidente já ter recebido o pastor evangélico Silas Malafaia e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Nesse período de internação, Bolsonaro também concedeu entrevista à televisão e participou de uma live.

A live, inclusive, motivou o ex-presidente a ser intimado por uma oficial de Justiça na última quarta-feira, 23, por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele "demonstrou a possibilidade" de ser avisado da ação penal sobre a tentativa de golpe. No dia seguinte, conforme informou a equipe médica, Bolsonaro teve elevação na pressão arterial e piora nos exames hepáticos.

No dia 13, o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado após Bolsonaro passar mal, no dia 11, em uma agenda no interior do Rio Grande do Norte.

A cirurgia, ainda em consequência da facada que ele levou durante a campanha presidencial de 2018, foi a mais delicada das quais foi submetido até agora.