5 coisas que você deve saber sobre o ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas a Israel

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No sábado, sem aviso prévio, os líderes do grupo terrorista Hamas em Gaza atacaram Israel por ar, terra e mar. Milhões de israelenses no sul do país acordaram com o som estridente dos mísseis que se aproximavam e com o inevitável impacto. Sirenes de ataque aéreo soaram ao norte, até Tel-Aviv. Interceptadores antimíssil de Israel trovejaram em Jerusalém.

Em uma escalada sem precedentes, terroristas do Hamas explodiram partes da cerca de separação altamente fortificada de Israel e invadiram comunidades israelenses ao longo da fronteira de Gaza, aterrorizando moradores e trocando tiros com soldados israelenses.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seus aliados de extrema-direita tentaram reagir aos acontecimentos. Com o passar do dia, as vítimas aumentaram rapidamente.

Aqui estão alguns fatos importantes do ataque que subitamente lançou Israel e Gaza às armas.

Os israelenses detectaram o ataque antes da hora?

O choque que os israelenses sentiram na manhã de sábado - dia de Simchat Torá, uma das datas mais festivas do calendário judaico - lembrou a surpresa da guerra de 1973 no Oriente Médio. Quase exatamente 50 anos antes, um ataque sírio-egípcio em grande escala durante um feriado judaico logo se transformou em desastre para um despreparado exército israelense.

Naquela época, assim como agora, os israelenses presumiram que seus serviços de inteligência conseguiriam alertar o exército sobre qualquer grande ataque ou invasão com bastante antecedência. Esse fracasso colossal ainda assombra o legado da então primeira-ministra Golda Meir e ajudou a derrubar o governo do outrora dominante Partido Trabalhista.

Agora, a questão de como os terroristas foram capazes de organizar um ataque tão grande e coordenado - que já matou mais israelenses do que qualquer ataque desde a segunda revolta palestina, duas décadas atrás - sem desencadear preocupações da inteligência israelense já representa um grande desafio para o governo ultranacionalista de Netanyahu.

Os apoiadores do governo esperavam que Netanyahu e seus ministros linha-dura com histórico de retórica antiárabe, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, assumissem uma posição particularmente beligerante contra os palestinos e respondessem com mais força às ameaças dos militantes em Gaza.

Enquanto os analistas políticos criticam Netanyahu pelo fracasso e o número de vítimas aumenta, Netanyahu corre o risco de perder o controle tanto do governo quanto do país.

Como o Hamas conseguiu realizar o ataque?

O Hamas afirmou que seus combatentes sequestraram vários israelenses no enclave e divulgou vídeos perturbadores de militantes arrastando soldados ensanguentados pelo chão e se postando de pé sobre cadáveres, alguns deles apenas de roupa de baixo. O Hamas disse que oficiais militares israelenses estavam entre os cativos.

Não foi possível verificar a autenticidade dos vídeos imediatamente, mas as imagens correspondiam às características geográficas da região. Os receios de que israelenses tivessem sido raptados evocaram a captura, em 2006, do soldado Gilad Shalit, que combatentes ligados ao Hamas capturaram em um ataque transfronteiriço. O Hamas deteve Shalit durante cinco anos, até que ele foi trocado por mais de mil prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Em uma escalada dramática não vista há décadas, o Hamas também enviou parapentes para Israel, disseram os militares israelenses. O ataque ousado lembrou uma famosa investida do final da década de 1980, quando militantes palestinos cruzaram do Líbano para o norte de Israel de asa-delta e mataram seis soldados israelenses.

O exército israelense depois confirmou que soldados e civis foram feitos reféns em Gaza, mas se recusou fornecer mais detalhes.

O que provocou o ataque?

Autoridades do Hamas citaram fontes de tensão de longa data entre Israel e os palestinos, entre elas a disputa em torno do complexo da Mesquita Al-Aqsa, que é sagrado tanto para muçulmanos quanto para judeus e continua no centro emocional do conflito. Reivindicações concorrentes sobre o local, conhecido pelos judeus como Monte do Templo, já se transformaram em violência antes, como na sangrenta guerra de 11 dias entre Israel e o Hamas, em 2021.

Nos últimos anos, nacionalistas religiosos israelenses - como Ben-Gvir, o ministro da Segurança Nacional - aumentaram a frequência de suas visitas ao complexo. Na semana passada, durante o Sucot, uma festa judaica da colheita, centenas de judeus ultraortodoxos e ativistas israelitas visitaram o local, provocando críticas por parte do Hamas e acusações de que os judeus estavam rezando no local, em violação ao acordo do Status Quo.

As declarações do Hamas também citaram a expansão dos colonos judeus em terras que os palestinos reivindicam para um futuro estado e os esforços de Ben-Gvir para endurecer as restrições aos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses.

Mais recentemente, as tensões aumentaram com violentos protestos palestinos ao longo da fronteira de Gaza. Nas negociações com o Qatar, o Egito e as Nações Unidas, o Hamas pressionou por concessões israelenses que poderiam aliviar o bloqueio de 17 anos ao enclave e ajudar a deter o agravamento da crise financeira que acentuou as críticas públicas a seu governo.

Alguns analistas políticos associaram o ataque do Hamas às atuais conversações mediadas pelos Estados Unidos sobre a normalização dos laços entre Israel e a Arábia Saudita. Até agora, relatos de possíveis concessões aos palestinos nas negociações envolveram palestinos na Cisjordânia ocupada, mas não em Gaza.

"Sempre dissemos que a normalização não alcançará segurança, estabilidade nem tranquilidade", disse Bassem Naim, uma autoridade do Hamas, à AP.

O ataque ocorre quando a sociedade israelense está dividida

A erupção da violência surge em um momento difícil para Israel, que enfrenta os maiores protestos de sua história por causa da proposta de Netanyahu de enfraquecer a Suprema Corte ao mesmo tempo em que é julgado por corrupção.

O movimento de protesto, que acusa Netanyahu de tentar dar um golpe, dividiu amargamente a sociedade israelense e desencadeou turbulência no seio das forças armadas. Centenas de reservistas ameaçaram deixar de se reapresentar em protesto contra a reforma judicial.

Os reservistas são a espinha dorsal do exército do país e os protestos dentro de suas fileiras suscitaram preocupações sobre a coesão militar, a prontidão operacional e o poder de dissuasão diante de ameaças em diferentes frentes. Netanyahu convocou no sábado "uma ampla mobilização das forças de reserva".

Que tipo de cessar-fogo ou resolução se pode esperar?

Israel e o Hamas travaram quatro guerras e trocaram tiros inúmeras vezes desde que o grupo militante islâmico tomou o controle de Gaza das mãos das forças leais à Autoridade Palestiniana, em 2007. As tréguas interromperam grandes combates em ondas de conflito anteriores, mas sempre se revelaram instáveis.

Cada acordo proporcionou um período de tranquilidade, mas as questões mais profundas e subjacentes do conflito raramente são abordadas, o que prepara o terreno para a rodada seguinte de mísseis e ataques aéreos.

Com sua influência crescente nesta onda, é provável que o Hamas pressione com mais força por concessões em temas fundamentais, como a flexibilização do bloqueio e a libertação de prisioneiros detidos por Israel.

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O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), promulgou, nesta segunda-feira, 28, a lei que cria o auxílio-alimentação para vereadores no valor de R$ 2.374. O texto, publicado nesta terça-feira, 29, no Diário Oficial do Município, determina ainda um aumento de 10% no salário dos servidores da Casa.

A Lei 11.849/2025 entra em vigor imediatamente e já será pago a partir o próximo dia 1.º. Hoje, apenas os servidores efetivos e comissionados recebiam, por dia útil, R$ 49,68, para jornadas de até 6h, e R$ 63,24 para aqueles que trabalhavam em jornadas de 8h. Os parlamentares, até então, não recebiam nenhum valor para alimentação.

O texto é de autoria dos vereadores da Mesa Diretora da Câmara e foi aprovado, em março deste ano, com 37 votos a favor e apenas três contrários: os três vereadores do Novo, Braulio Lara, Fernanda Altoé e Marcela Trópia.

De acordo com os cálculos apresentados no projeto, o reajuste salarial de servidores e o novo valor de vale-alimentação, para os anos de 2025, 2026 e 2027, representam um impacto orçamentário de R$ 32,7 milhões neste ano.

Em 2026, o gasto total estimado será de R$ 50,6 milhões. E em 2027, R$ 62,7 milhões. Nos três anos, o impacto total será de R$ 146 milhões.

Os servidores, que recebiam cerca de R$ 1.250 mensais em auxílio-alimentação, também passaram a receber o valor de R$ 2,3 mil, um aumento de 89,9%.

O reajuste de 10% nos salários dos servidores não se estende aos vereadores. Os parlamentares da capital mineira recebem R$ 18.402,02 mensais.

De acordo com o projeto aprovado na Câmara, o objetivo da lei é "demonstrar que a gestão valoriza os serviços desempenhados e reconhece a importância do trabalho desenvolvido como fundamental para o exercício da atividade legislativa".

"Além disso, a alteração no valor e forma de cálculo do auxílio-alimentação é uma forma de compensar os efeitos negativos da inflação e do custo dos alimentos na cidade de Belo Horizonte e se alinha com a praxe administrativa de órgãos de referência que concedem o auxílio-alimentação da mesma maneira que a CMBH passará a conceder, como Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Tribunal de Contas de Minas Gerais", diz o texto da proposta aprovada.

A Polícia Federal concluiu as investigações sobre o atentado ocorrido em novembro de 2024, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que o autor, Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, agiu sozinho, "sem participação ou financiamento de terceiros", e que a motivação do crime foi "o extremismo político".

Na noite de 13 de novembro, Francisco se matou ao explodir uma bomba junto à sua cabeça em frente à estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes.

Em nota divulgada nesta terça, 29, a PF informou que recorreu a diversos meios de prova, com destaque para a análise das comunicações e dos dados bancários e fiscais, exames periciais em todos os locais vinculados aos fatos, reconstituição cronológica das ações do autor antes e durante o atentado e, ainda, os depoimentos de mais de uma dezena de testemunhas.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou por 44 votos a 22 o recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a decisão que recomenda a perda do mandato e a inelegibilidade dele por oito anos. Com exceção de PSOL, PT, PDT, PSB e PSD (e respectivas federações), parlamentares de outros partidos acompanharam o relator e votaram contra o recurso, na sessão que durou quase sete horas nesta terça-feira, 29.

Com a negativa, o caso segue para o plenário da Casa, onde é preciso que a maioria absoluta, ou seja, 257 deputados, votem favoravelmente para o deputado ser cassado. Se o número não for atingido, o processo será arquivado e Glauber seguirá com o mandato. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se comprometeu no último dia 17 a não pautar a votação da cassação por 60 dias.

A defesa de Glauber Braga alegou que a acusação contra ele é "indeterminada" e que lhe foram atribuídas uma série de condutas, sem apontar qual artigo do Código de Ética o deputado teria infringido, ao expulsar a chutes um integrante do MBL que havia xingado a mãe doente do deputado.

Deputados governistas que apoiam Glauber Braga defenderam o deputado afirmando que o Código de Ética prevê "censura escrita" em caso de agressões físicas, não cassação, e alegam desproporcionalidade na punição.

Antes da decisão, em declaração inicial, o deputado afirmou que, caso o recurso fosse rejeitado pela CCJ, percorreria os 26 Estados brasileiros para "apresentar sua defesa" e "dialogar com as pessoas sobre o que está acontecendo".

A análise do recurso foi iniciada na última quinta-feira, 24, dois dias após o documento de 94 páginas ser protocolado na comissão. No pedido, Glauber disse que adotou uma reação "proporcional" no episódio e que tem sido perseguido pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Ainda segundo o parlamentar, não houve direito de defesa no processo, e o relator do caso no Conselho de Ética, Paulo Magalhães (PSD-BA), teve postura "sempre desejosa de uma condenação".

Após o voto do relator na CCJ, deputado Alex Manente (Cidadania-SP) pela rejeição do recurso, aquela votação foi interrompida com um pedido de vista do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), alegando ser preciso mais tempo para a questão ser debatida. Outros parlamentares também pediram mais tempo para análise.

No parecer, Manente defendeu que a representação contém as condutas atribuídas a Glauber Braga, e que a escolha do relator seguiu o Código de Ética da Casa. Já sobre as alegações do deputado, argumentando desproporcionalidade da penalidade aplicada, suposta violação da isonomia em relação a casos anteriores e o direito a legítima defesa, Manente disse que não cabia à CCJ a análise.

A sessão desta quarta foi marcada por defesas e acusações fervorosas de deputados aliados e oposicionistas, e houve até indicação sobre voto na próxima fase do processo, que irá a plenário. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse que perdeu a mãe há 40 dias e que, apesar de votar contra o recurso, seu voto sobre a cassação ainda está indefinido. "Há uma briga entre a minha cabeça e o meu coração", disse.

A decisão, segundo o pastor, seria porque durante uma discussão com Glauber Braga, longe dos microfones, o deputado do PSOL teria lhe chamado de "filho da p...", o que Feliciano equiparou ao episódio que baseia o processo contra Glauber Braga. Parlamentares aliados do deputado julgado vaiaram e gritaram que o caso, se existiu, se tratou de "força de expressão", e não direcionado pessoalmente à mãe do parlamentar, como foi no caso de Glauber Braga.

"Deputado Feliciano, eu xinguei o senhor, não xinguei a sua mãe. Não a conheço, não o faria, e não uso esse tipo de expediente contra quem não está na arena política", se desculpou Braga nas declarações finais.

Greve de fome

Em protesto contra a decisão do Conselho de Ética, que votou pela cassação do mandato, por 13 votos a cinco, Glauber Braga fez uma greve de fome que durou nove dias. Entre 9 e 17 deste mês, ele dormiu no plenário 5 da Câmara e fez a ingestão somente de água, soro fisiológico e isotônico.

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) permaneceu na Câmara dos Deputados em greve de fome em protesto à recomendação do Conselho de Ética pela cassação de seu mandato.

A greve só foi suspensa após Motta prometer adiar a votação da cassação do parlamentar em plenário para o segundo semestre, por 60 dias.