Bombardeios deixam 340 mil desabrigados, diz ONU; palestinos falam em 1,4 mil mortos em Gaza

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A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quinta-feira, 12, que ao menos 340 mil habitantes da Faixa de Gaza tiveram que deixar as suas casas nos últimos dias por causa de bombardeios lançados por Israel, após o ataque terrorista do Hamas no último sábado, 7.

Um balanço divulgado nesta manhã pelo governo palestino indica que 1.417 pessoas morreram em Gaza desde o início dos ataques de Israel. Entre elas estão 447 crianças e 248 mulheres.

Em Israel, o número de mortos durante o ataque do grupo terrorista Hamas chega a 1.300. Entre as vítimas há mulheres, crianças e bebês. O governo israelense afirmou e divulgou fotos de bebês mortos e carbonizados em dois kibutzim atacados pelos terroristas do Hamas.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, postou em uma rede social fotos dos bebês mortos e carbonizados pelos terroristas do Hamas para comprovar os crimes. Ele disse que mostrou as imagens ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, que visita Israel nesta quinta.

Em Gaza, os palestinos estão sem água, alimentos e eletricidade, após um "cerco completo" à Faixa de Gaza declarado pelo Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, nesta semana.

Em Gaza, hoje, vivem em torno de 2,3 milhões de pessoas. A região tem apenas algumas horas restantes de abastecimento de combustível, segundo a ONU.

"Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios", afirmou o diretor regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Fabrizio Carboni, nesta quinta-feira, 12. "A miséria humana causada por esta escalada é abominável e imploro às partes que reduzam o sofrimento dos civis", acrescentou.

A situação humanitária em Gaza é "terrível", acrescentou nesta quinta-feira (12), o vice-chefe de emergências do Programa Alimentar Mundial da ONU (PMA), Brian Lander.

'Não haverá exceções humanitárias'

Na contramão do pedido feito pela Cruz Vermelha, Israel disse que "não haverá exceções humanitárias" ao cerco à Faixa de Gaza até que todos os seus reféns sejam libertados. Acredita-se que 150 pessoas foram levadas para a região de Gaza pelos terroristas do Hamas.

"Ajuda humanitária a Gaza? [...] Nenhum hidrante será aberto e nenhum caminhão de combustível entrará até que os reféns israelenses retornem para casa", postou o ministro da Energia de israelense, Israel Katz, no Twitter.

"Isto é diferente, não tem precedentes, as regras mudaram", disse o reservista israelense Yonatan Steiner, de 24 anos, que voltou de Nova York, onde trabalha para uma empresa de tecnologia.

Quase 220 mil dos desabrigados em Gaza foram alocados em 92 escolas administradas pela ONU, informou a agência de notícias Reuters.

Uma das pessoas desabrigadas, Hanan Al-Attar, 14 anos, disse que sua família chegou a sair correndo de casa somente com as roupas do corpo, quando bombas caíram nas proximidades. O tio dela chegou a voltar para casa para buscar algumas roupas, mas foi morto quando a residência foi atingida. "Eles estão bombardeando, por cima, as casas de civis, mulheres e crianças", disse o seu avô.

Na noite de quarta-feira 11, mais de 8 membros de uma mesma família - conhecida como família Samour - foram mortos após um bombardeio em uma residência, em Khan Younis.

Parentes e amigos correram para o necrotério para recolher os 8 corpos já recuperados pelas equipes de resgate, acreditando-se que mais 10 ainda estejam sob os escombros da casa da família.

Seus corpos foram levados em um caminhão coberto com cobertores floridos do hospital para um terreno baldio na mesma rua dos escombros do prédio, e depois alinhados em mortalhas brancas - uma delas manchada de sangue, enquanto centenas de homens se rezavam nas proximidades.

Os coveiros retiraram terra de uma longa trincheira, marcando sepulturas individuais com blocos de concreto. Um homem segurava a cabeça com uma das mãos enquanto acariciava um corpo envolto com a outra antes de ser colocado na sepultura e uma mulher chorava.

"Estes são os nossos parentes e sogros", disse Abdelaziz al-Fahem. "Esta é uma família civil que as forças israelenses bombardearam. É um verdadeiro massacre", acrescentou.

Explosões ecoaram por Gaza durante a toda noite. Bolas de fogo de ataques aéreos pulsavam em vermelho na escuridão acima das cidades e campos de refugiados sem eletricidade para iluminar as ruas.

Do ar, imagens de drones da destruição mostraram buracos entre edifícios de concreto compactados, com tábuas de madeira e barras de metal retorcidas enfiadas nos restos das casas bombardeadas enquanto os moradores as vasculhavam.

Ainda em Khan Younis, um grupo de pessoas ficou em cima dos destroços que restaram da destruição de uma casa por um ataque aéreo. Um colchão, almofadas e lençóis claros estavam sujos de fuligem e poeira em meio aos escombros, aparecendo entre os blocos de concreto. (Com agências internacionais)

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O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o início dos pagamentos do programa Pé-de-Meia e confirmou a gratuidade dos 41 medicamentos do Farmácia Popular, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, nesta segunda-feira, 24. As falas ocorrem em meio à queda na popularidade do petista, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Lula destacou que os pagamentos do programa Pé-de-Meia começam a ser feitos nesta terça-feira, 25. O benefício, no valor de R$ 1.000, será pago a estudantes que concluíram o ensino médio e atenderam aos critérios do programa. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e que a iniciativa já atende mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

O programa prevê o pagamento mensal de R$ 200 aos estudantes que frequentam as aulas regularmente, podendo chegar a um total de R$ 9.200 para aqueles que concluírem o ciclo escolar e realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. A partir de agora, todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. O presidente destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 24, que não tem motivos para ser impedido de participar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

A defesa do ex-presidente informou que vai pedir o impedimento dele. O requerimento terá como base uma queixa-crime movida por Dino contra Bolsonaro em 2021.

"Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", disse o ministro a jornalistas antes de uma palestra na PUC de São Paulo.

"O Supremo é composto por 11 ministros. Todos chegaram lá do mesmo modo. Todos os ministros foram escolhidos por presidentes da República e aprovados no Senado. Existem ministros indicados por cinco presidentes da República diferentes", acrescentou.

Flávio Dino afirmou ainda que o julgamento "vai se dar de acordo com as regras do jogo previstas na lei e no regimento interno, com isenção e com respeito à ampla defesa".

A expectativa é que a votação sobre o recebimento da denúncia ocorra na Primeira Turma do STF, o que também contraria a defesa de Bolsonaro. O ex-presidente quer ser julgado no plenário. Hoje, pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

"Todos os outros casos criminais estão sendo julgados nas turmas. Isso já vem de alguns anos. Então, para haver uma mudança nisso, seria preciso rever o regimento interno", declarou. "Pode mudar de novo? Pode. Mas isso depende da presidência. E os advogados podem fazer os pedidos que entenderem necessários."

Relator dos processos sobre a distribuição de emendas, que pressionam o Congresso para dar mais transparência aos repasses, Flávio Dino disse que espera avançar em um consenso na reunião prevista nesta semana.

"O que é importante é compreender que existe um sentido de cumprimento da Constituição. E a minha expectativa é positiva, no sentido de que novos passos serão dados, o que não significa que os processos vão ser finalizados."

Mais cedo, o ministro esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Durante a palestra aos calouros do Largo do São Francisco, rebateu as críticas por decisões "ativistas". "Nenhum ministro do Supremo foi visto de toga ou sem ela, de capa ou sem ela, correndo na Praça dos Três Poderes atrás de processos", disparou Dino.

O ministro defendeu que o volume de direitos previstos na Constituição de 1988 e de políticas públicas constitucionalizadas, somado ao rol de atores legitimados a acionar o STF, abre caminho para a intervenção do tribunal em diferentes assuntos sociais, políticos e econômicos.

"Os tempos são outros, e obrigaram a que o STF, esse terceiro poder, outrora desconhecido, se tornasse de algum modo partícipe da vida das pessoas, e isto não é derivado de uma deformação moral, ou de uma opção individual dos atuais jogadores do Supremo", disse aos calouros.

O ministro afirmou também que, quando é acionado, o STF não poder se omitir, caso contrário se tornará uma instituição "acovardada, omissa, prevaricadora".

Dino adereçou, por exemplo, a decisão em que ele determinou que o município de São Paulo retomasse a cobrança de serviços cemiteriais e funerários em valores anteriores à concessão dessas atividades à iniciativa privada.

"Eu só posso falar nos autos ou em palestra, então me perdoem o desabafo. O que é mais fundamental do que o direito de uma família conseguir sepultar com dignidade o seu ente querido, sem ser submetido a uma situação de vexame? O que pode ser mais fundamental do que isto?"