Com escalada entre Israel e Hezbollah, EUA enviam armas e Irã faz ameaças

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O temor a uma escalada regional do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas aumentou neste domingo, 15, com um novo e intenso fogo cruzado entre Exército israelense e Hezbollah no norte, em meio a ameaças do Irã. Os EUA expressaram preocupação com um possível envolvimento direto de Teerã, que apoia o Hamas e o Hezbollah. Os americanos enviaram mais armas para Israel e um segundo porta-aviões para a região.

Foi o dia de maior violência entre a facção libanesa Hezbollah e os israelenses. Um ataque do grupo libanês matou uma pessoa na cidade israelense de Shtula. Mísseis antitanque e foguetes foram lançados ao longo do dia, e no começo da noite, caças de Israel bombardearam posições do grupo no sul libanês, enquanto soldados de ambos os lados trocavam fogo.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou em um vídeo que seu país não tem interesse em um novo conflito com o Hezbollah, mas que o grupo precisava estar atento às consequências.

O principal patrocinador do Hezbollah e um dos maiores aliados do Hamas na região, o Irã fez ameaças. "Se a agressão sionista não parar, as mãos de todos os envolvidos estão no gatilho", afirmou o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian, segundo a imprensa estatal iraniana, em referência à retaliação do Estado judeu contra Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007.

Depois, à rede de televisão Al-Jazeera, o chanceler iraniano disse que seu país não pode ser só um observador. "Se o escopo da guerra se expandir, danos significativos serão infligidos aos EUA", disse.

A escalada deste domingo vem um dia após o chanceler iraniano encontrar-se com o líder político do Hamas, Ismail Haniye, no Catar. Ele também se reuniu com representantes do Hezbollah e da Jihad Islâmica, outro grupo anti-Israel que compõe, com a Síria, os aliados que Teerã chama de Eixo da Resistência.

Em resposta, o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan afirmou que os EUA procuraram o Irã por canais informais para alertar o país de que não deveria haver envolvimento na crise de Israel.

Para responder a esta ameaça, o Pentágono está dobrando o poder de fogo americano no Oriente Médio, em um esforço para impedir uma guerra regional mais ampla.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, disse no sábado que havia deslocado um segundo porta-aviões para o Mediterrâneo oriental "para impedir ações hostis contra Israel ou quaisquer esforços para ampliar essa guerra" após o ataque terrorista do Hamas a Israel no dia 7. Espera-se que o segundo porta-aviões, o Dwight Eisenhower, chegue nos próximos dias. A Força Aérea também está enviando aviões de ataque terrestres adicionais para a região do Golfo Pérsico.

O Pentágono também mandou uma pequena equipe de forças de Operações Especiais a Israel para auxiliar na inteligência e no planejamento de operações para ajudar a localizar e resgatar os reféns que o Hamas mantém em seu poder, incluindo alguns americanos.

Corredor

Sob a expectativa de uma invasão israelense, os moradores de Gaza estão à espera da definição de um corredor humanitário. A agência da ONU dedicada aos palestinos afirma que já não tem capacidade para prestar assistência. O número de mortos ultrapassou neste domingo o da terceira guerra entre Israel e Hamas, em 2014, quando 2.251 palestinos foram mortos. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que 2.329 palestinos foram mortos desde o início dos combates nesta que tornou-se a mais mortífera das cinco guerras em Gaza.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) divulgaram neste domingo uma ligação telefônica em que um morador de Gaza confirmaria suspeitas de que o Hamas impede a saída da população na região norte, que recebeu um ultimato para ocupar o sul do território. No sábado, o governo israelense divulgou fotos do que seria um bloqueio do Hamas de uma estrada usada pelos palestinos.

Os moradores tentam chegar ao sul após o ultimato de Israel para deixar o norte, onde pretende iniciar sua investida terrestre. Estrangeiros aguardavam a liberação da fronteira em Rafah, com Egito, para deixar o enclave, entre eles brasileiros. Em nota, o Itamaraty informou no domingo que uma equipe está de prontidão no Egito para repatriar o grupo de cerca de 30 brasileiros que aguardam em Rafah.

Cisjordânia

Enquanto as atenções se concentram em Gaza e no norte, as tensões aumentaram na Cisjordânia ocupada, onde 55 palestinos foram mortos em confrontos com tropas israelenses desde o ataque do Hamas, segundo a ONU.

Os militares afirmam ter detido 330 pessoas na Cisjordânia, incluindo 190 agentes do Hamas, desde o dia 7. O Hamas está presente na Cisjordânia, mas opera em grande parte na clandestinidade devido ao forte controle de Israel sobre o território.

Filha de brasileiros está entre os reféns, segundo Israel

O Exército de Israel afirmou neste domingo que 155 pessoas são mantidas como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza desde o ataque do dia 7. As famílias foram notificadas. Entre os reféns está a jovem Tchelet Fishbein Za'arur (ou Celeste como a família a chama em português), de 18 anos, filha e neta de brasileiros.

"Estamos realizando esforços colossais para a libertação dos reféns", disse Daniel Hagari, um porta-voz militar. A imprensa israelense afirmou que as Forças de Defesa de Israel recuperaram os cadáveres de alguns reféns sem informar quantos. De acordo com o Hamas, 22 reféns morreram em consequência dos bombardeios de Israel.

Segundo a família de Celeste, que não tem cidadania brasileira e trabalha como babá em Israel, ela e o namorado se refugiaram em um bunker e não foram mais vistos. Um parente da jovem foi morto em um atentado terrorista em 2001, em Jerusalém. (Com agências internacionais)

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou neste sábado, 8, a advogada Verônica Abdalla Sterman para uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM). A indicação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), no Dia Internacional da Mulher.

 

A advogada precisa ser sabatinada pelo Senado e ter o nome aprovado pela Casa para assumir a vaga no tribunal superior responsável por julgar crimes militares.

 

Caso tenha o nome chancelado, Verônica Sterman assumirá cadeira na Corte destinada à advocacia que será aberta em abril, com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente do tribunal.

 

O nome de Verônica Sterman era defendido pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e pela nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

 

A advogada defendeu Gleisi e o ex-marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, em casos da Operação Lava Jato.

 

A petista fez uma publicação no Instagram sobre a nomeação da advogada. "Parabéns Verônica! Parabéns presidente", escreveu Gleisi na rede social, neste sábado.

 

Pressão

 

A indicação para a vaga é de livre escolha do presidente da República, desde que requisitos sejam cumpridos, como ter mais de 35 anos de idade e notável saber jurídico. Lula, contudo, era pressionado para escolher uma mulher.

 

Publicamente, a ministra Maria Elizabeth Rocha, que assumirá a presidência do STM na próxima quarta-feira, fez um apelo ao presidente.

 

"Estou aqui clamando ao presidente para que eu tenha uma companheira que possa, junto comigo, defender as questões de gênero. Muitas vezes, por eu ser a única na Corte, minha voz é pouco ouvida. Mas não me rendo à homogeneidade", declarou a ministra durante entrevista à CNN Brasil no último dia 1.º.

 

Se for aprovada pelos senadores, Verônica Sterman será a segunda mulher nomeada ministra da Corte superior.

 

Maria Elizabeth Rocha foi a primeira ministra indicada para o STM desde 1808, quando o tribunal foi criado por d. João VI. Ela também foi nomeada por Lula, em 2007, para a vaga destinada à advocacia.

 

Preterida

 

Verônica Sterman é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com mestrado em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP). Aos 40 anos, é sócia do escritório da Abdalla Sterman Advogados.

 

Em agosto do ano passado, a advogada foi preterida por Lula na indicação para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3). Na ocasião, ele escolheu Marcos Moreira, apadrinhado de Luiz Marinho, ministro do Trabalho.

 

Lula é alvo e críticas por priorizar homens nas indicações para os tribunais superiores. Neste terceiro mandato, por exemplo, o petista escolheu Cristiano Zanin e Flávio Dino para cadeiras no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Em um vídeo publicado no Instagram, o presidente disse esperar que a Corte tenha compreensão para diferenciar o que é crime militar do que é crime comum.

 

"Eu tenho certeza de que você e a Maria Elizabeth vão mudar a história do STM. Um STM que tenha a compreensão do que é crime militar e do que é crime comum. Eu acho que vai ser bom para a sociedade, para o STM e para as mulheres", afirmou o petista, ao lado da advogada.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo informou neste sábado, 8, que atualmente o total 45,6% dos servidores federais ativos são mulheres, um aumento de 3,21% em relação a 2022. Em ponto porcentual, o aumento foi de 0,8 p.p.

Até o início de 2025, eram 261,4 mil servidoras, do total de 572,8 mil ativos.

Os dados foram compilados pelo Observatório de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Já entre os cargos de direção e assessoramento criados pelo atual governo, 76% são ocupados por mulheres, segundo o estudo, em um total de 1,2 mil postos criados.

Essas ocupações estão incluindo coordenadorias-gerais, diretorias, assessorias especiais, secretarias e equivalentes. No geral, há 11,4 mil funcionários no setor público nesses cargos, sendo apenas 39,2% ocupados por mulheres.

Com voto da ministra Carmén Lúcia neste sábado, 8, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar réus os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção pelo uso indevido de emendas parlamentares.

Além de Cármen Lúcia, os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, que é relator do caso, também votaram a favor de aceitar a denúncia ofertada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta que o trio cobrava uma propina de 25% dos recursos destinados para o município de São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, capital maranhense.

Os parlamentares negam irregularidades no direcionamento dos recursos. As defesas pediram ao STF a rejeição da denúncia por falta de provas.

Os ministros Flávio Dino e Luiz Fux, que completam a Primeira Turma, ainda não apresentaram seus votos. O julgamento corre até o dia 11 de março no plenário virtual do STF.

Segundo a denúncia da PGR, baseada em investigação da Polícia Federal (PF), os três parlamentares teriam pedido propina de R$ 1,66 milhão em troca de R$ 6,67 milhões destinados ao município na área da saúde.

Entre as provas coletadas pela PF, estão conversas em que os deputados mencionam reuniões para cobrar pagamento de comissões, além da organização de agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os nomes dos três deputados foram antecipados em outubro do ano passado pelo Estadão.

Na época, foi revelado que a PF encontrou, no celular de Maranhãozinho, uma troca de mensagens com os outros dois deputados e também com o empresário Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, sobre a negociação de emendas para o município.

A investigação que levou à denúncia dos parlamentares é um desdobramento de uma operação iniciada no Maranhão em dezembro de 2020.

Na ocasião, um prefeito do Estado denunciou à PF que Pacovan cobrava propina e dizia que atuava para parlamentares.

A PF apreendeu, entre os papéis desse investigado, uma lista com nomes dos parlamentares denunciados.