Eleições na Argentina: marqueteiros mudaram foco de Massa, diz consultor

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No dia 19 de novembro, a Argentina elege um novo presidente entre o libertário Javier Milei e o peronista Sergio Massa. Cristian Buttié, diretor da CB Consultoria, instituto que fez a primeira pesquisa para o segundo turno - que detectou um empate técnico - diz que a participação será decisiva: quanto mais gente vota, melhor para Milei.

 

Sobre Massa, Buttié afirma que a entrada de marqueteiros ligados ao PT, após as prévias de agosto, mudou a campanha e deu sobrevida ao peronista nesta eleição.

 

Pesquisa divulgada pelo instituto na quarta-feira, 25, aponta o libertário em leve vantagem, com 50,7% dos votos válidos ante 49,3% do peronista.

 

Massa saiu na frente com 36% no primeiro turno e, neste momento, tem uma base mais sólida que o rival: 32,4% dizem votar com certeza em Massa enquanto 28,2% com Milei. O problema do ministro é que ele carrega a rejeição ao governo de Alberto Fernández e 48,2% afirmam que não votariam nele de jeito nenhum. Do outro lado, 43,8% dos eleitores afirmam que o libertário não é uma opção.

 

Os candidatos estão empatados. Como analisar a pesquisa em termos de piso e teto eleitorais?

 

Temos um cenário de extrema paridade, com possibilidade para ambos. Há um empate técnico. A base é de 36 pontos para Massa e 30 para Milei. Ou seja, um terço da Argentina deve definir a eleição. Primeiro, decidir se vai ou não votar. Segundo, se vota em branco. Terceiro, qual candidato escolher. Existem fatores, como a participação, que afetarão os resultados. Quanto maior a participação, maior a chance de Milei vencer. Quanto menor, aumenta a possibilidade de Massa. Ambos têm chances iguais, porque metade da Argentina vota com raiva do governo e de Massa. E a outra metade votará com medo de Milei.

 

Dá pra dizer quem tem mais chance?

 

A pesquisa é o primeiro frame do filme que vamos começar a ver a partir de agora com medições sistemáticas para entender a evolução das campanhas. No primeiro turno, só na última pesquisa interna, já depois do prazo para pesquisas públicas, é que foi possível identificar a vantagem de Massa. Com uma margem tão pequena, precisamos medir até o final para saber. Também temos de avaliar o impacto das campanhas, das propostas e das declarações. São muitas variáveis. O fim de semana de 19 de novembro é feriado. As pessoas podem viajar. Esse um terço que já se sente distante do processo tem uma desculpa para não votar. E aqui vale a mesma hipótese: quanto menor a participação, mais chance tem Sergio Massa e vice-versa.

 

Por que a participação baixa favorece Massa?

 

O aparato peronista não estará tão presente agora como nas eleições gerais. No caso dos prefeitos, por exemplo, eles já foram eleitos, não mobilizarão mais os eleitores. Ou seja, o voto será mais livre. Foi justamente esse aparato peronista nas eleições locais na região de Buenos Aires, que concentra 25% dos eleitores, que impulsionou Massa. Podemos ver algo muito parecido com o que aconteceu no Brasil: uma eleição muito disputada no segundo turno.

 

A presença de marqueteiros ligados ao PT teve impacto na campanha?

 

Houve uma virada de 180 graus na campanha de Massa depois das primárias de agosto (quando chegou a equipe brasileira). Parte disso foi em razão do aprendizado que o próprio PT teve em 2018, com a derrota de Fernando Haddad. Acho que eles entenderam os erros e corrigiram na eleição de Lula, em 2022. Massa colhe os frutos disso.

 

Que tipo de influência os brasileiros tiveram?

 

Massa não foi para o ataque. A campanha passou a focar em questões factuais, não no simbolismo, porque é Milei que representa a mudança disruptiva. As duas últimas eleições brasileiras servem de parâmetro. Em 2018, Haddad carregava a rejeição ao PT, assim como Massa carrega agora a rejeição ao governo. Mas também precisamos olhar para 2022, porque Massa usa a estratégia de chamado à união nacional com a ideia de que Milei é um perigo, como Lula fez ao sugerir que Bolsonaro era um risco para o Brasil. O resultado foi uma eleição muito próxima.

 

Bullrich e Macri conseguirão transferir votos para Milei?

 

A pesquisa foi feita antes do anúncio (de apoio da oposição macrista a Milei), mas sabemos que, dos eleitores de Bullrich, 27,5% votariam em branco ou não votariam, e 11,8% estão indecisos. Entre os que definiram o voto, 46,6% votarão em Milei e 14,1%, em Massa. Será importante ver o que farão os 11% de indecisos. Mas não acho que o apoio fará diferença. Antes do anúncio, o núcleo duro do eleitor de Bullrich já considerava Milei como segunda opção. O resto da coalizão dela vê como opção o voto em branco. Massa terá parte desse voto se, com essa estratégia de unidade nacional, fizer ofertas concretas para essa parte da coalizão que considera Milei um extremista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.

O procurador Carlos Alberto de Souza Almeida, que atua junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), foi condenado a devolver R$ 4,5 milhões que recebeu em salários retroativos e indenização.

O Estadão busca contato com o procurador.

O valor engloba vencimentos referentes ao período em que aguardou ser convocado no concurso público (1999-2005) e uma indenização por dano moral pela "nomeação tardia".

O montante a ser restituído aos cofres públicos pode chegar a R$ 7 milhões considerando juros e correção monetária. Como a decisão foi tomada na primeira instância, ele pode recorrer.

Carlos Aberto só foi classificado depois de conseguir anular judicialmente questões da prova, o que ocorreu em dezembro de 2005, seis anos após o concurso. Em um dos ofícios no processo, ele chegou a renunciar "a quaisquer efeitos pecuniários que lhe possam atribuir a sentença".

Em 2018, quando já estava no cargo, o procurador deu entrada em um processo administrativo para receber "vencimentos e outras parcelas remuneratórias conexas, não percebidas no período de 17/06/1999 a 30/12/2005", além da indenização por dano material.

O pedido foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Amazonas e as parcelas foram depositadas entre outubro de 2018 e outubro de 2019.

A juíza Etelvina Lobo Braga, da Vara da Fazenda Pública de Manaus, afirma na sentença que o procurador "agiu de forma temerária e com prática duvidosa, quando postulou direitos aos quais ele mesmo já havia expressamente renunciado".

A decisão afirma ainda que a ordem de pagamento do Tribunal de Contas é "flagrantemente indevida".

"A nomeação e posse decorrente de ordem judicial, bem como ulterior exercício no cargo de Procurador de Contas, do requerido Carlos Alberto de Souza Almeida, não se deram de forma tardia, mas sim por ordem judicial, que não deveria gerar direito à indenização, razão pela qual houve equívoco e ilegalidade da Corte de Contas, que não atentou, também, à renúncia expressa firmada nos autos pelo candidato", diz a sentença.