Perto da linha de frente na Ucrânia, comerciantes se adaptam, apesar da ameaça dos mísseis

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Em uma cidade onde edifícios danificados estão por toda a parte, uma pizzaria destruída se destaca como uma lembrança dolorosa das vidas e dos meios de subsistência apagados em um instante.

 

Um míssil balístico russo atingiu o popular restaurante no leste da Ucrânia em junho, matando 13 pessoas, inclusive uma premiada escritora ucraniana e vários adolescentes. Sete das vítimas eram funcionários.

 

Agora, flores frescas e bilhetes foram colocados no lugar onde ficava a entrada. Uma camiseta que fazia parte do uniforme dos garçons está pendurada perto do memorial improvisado, com os dizeres "Nunca esqueceremos".

 

"Como empresário, é claro que lamento a perda da propriedade, mas há algo que não pode ser devolvido: as vidas humanas", diz Dmytro Ihnatenko, proprietário da RIA Pizza.

 

O edifício bombardeado em Kramatorsk ressalta os enormes riscos para comerciantes nessa cidade da linha de frente na região de Donetsk. Mas isso não vem impedindo muitos outros comerciantes de reabrirem as portas para os clientes no último ano.

 

A câmara legislativa da cidade estima que 50 restaurantes e 228 lojas estejam atualmente abertos em Kramatorsk, o triplo de estabelecimentos abertos na mesma época no ano passado. Acredita-se que a maioria sejam estabelecimentos que já existiam e fecharam no começo da guerra, e agora reabriram.

 

"Compreendemos que é um risco que estamos assumindo porque esta é a nossa vida", diz Olena Ziabina, administradora do restaurante White Burger em Kramatorsk. "Onde estivermos, precisamos trabalhar. Trabalhamos aqui. Esta é a nossa escolha consciente."

 

A rede White Burger funcionava principalmente nas regiões de Donetsk e Luhansk antes da guerra. Porém, após a invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, só teve condições de reabrir em Kramatorsk. Dois restaurantes foram abertos na capital, Kiev, e em Dnipro, para manter a rede em funcionamento

 

O restaurante de Kramatorsk tem o melhor desempenho da rede em termos de lucratividade, embora os preços sejam 20% mais baixos que no restaurante da capital.

 

Após o ataque à RIA Pizza, os operadores do White Burger não cogitaram fechar o restaurante de Kramatorsk, segundo Ziabina. "Chorei muito", conta, lembrando-se do dia em que soube do ataque.

 

A economia de Kramatorsk se adaptou à guerra. A cidade abriga o quartel-general regional do exército ucraniano, e muitos cafés e restaurantes são frequentados principalmente por soldados, além de jornalistas e pessoal das organizações humanitárias.

 

As mulheres ucranianas frequentemente viajam para lá para se reunirem por alguns dias com maridos e namorados.

 

Os soldados brincam que Kramatorsk é sua Las Vegas, proporcionando todos os "luxos" de que precisam, como boa comida e café. Mas os restaurantes só oferecem cerveja não alcoólica, devido à proximidade da cidade com o campo de batalha.

 

As ruas da cidade ficam quase todas vazias, a não ser pelos veículos militares. Os moradores que permaneceram evitam grandes aglomerações e lugares cheios.

 

Ainda assim, já vão longe os primeiros dias, quando lojas, restaurantes e cafés de Kramatorsk foram todos fechados. Dezenas de milhares de pessoas ficaram sem trabalho, e fábricas fecharam.

 

"Provavelmente, graças aos militares, ainda podemos voltar para esta cidade", diz Oleksandr, que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome por questões de segurança.

 

Ele é cofundador de uma das várias lojas militares em Kramatorsk que atendem aos soldados. Oleksandr conta que pratica preços apenas 1 grívnia (14 centavos) acima do preço do fabricante. Ele diz que o objetivo não é ganhar dinheiro, mas fornecer aos militares o equipamento necessário.

 

Muitos moradores comemoram as novas oportunidades de trabalho trazidas pela reabertura de lojas e restaurantes.

 

Mas há menos opções para pessoas idosas, diz Tetiana Podosionova, de 54 anos. Ela trabalhou na Fábrica de Máquinas de Kramatorsk por 32 anos, mas a fábrica foi fechada em razão dos riscos de segurança quando a guerra começou.

 

"Eu tinha esperança de trabalhar na fábrica até me aposentar", conta Podosionova. A maioria dos empregos atualmente é em lojas e restaurantes, onde ela não tem experiência.

 

Ela finalmente encontrou um emprego no Aquário Amazing Fish, que retomou as operações alguns meses após o início da guerra. O aquário tem centenas de peixes exóticos e dezenas de papagaios, e permanece aberto para distrair os moradores, frequentemente estressados pelos ataques de mísseis.

 

Cada negócio reaberto, porém, traz riscos. Ihnatenko, o proprietário da pizzaria, ainda vai todos os dias ao restaurante destruído quando está em Kramatorsk. Ele não sabe explicar. Parece cansado. Sua voz é pouco mais do que um sussurro.

 

Como muitos outros empresários, ele considerou a bem sucedida contra-ofensiva ucraniana na região vizinha de Kharkiv um sinal de que a vida poderia voltar a Kramatorsk.

 

"Parecia mais seguro aqui", explicou, de pé sobre os escombros de seu restaurante.

 

Ele não tem planos de reconstruir e reabrir novamente.

 

Sua experiência trágica mostra os desafios enfrentados pelos empresários ao manter as portas abertas.

 

"Um míssil pode vir a qualquer momento", diz.

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Após uma intervenção do presidente Donald Trump, a Amazon recuou da iniciativa de informar em seus produtos o custo das novas tarifas para itens importados.

A informação sobre a medida foi divulgada pelo site Punchbowl News. Na sequência, em uma entrevista coletiva conjunta com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que havia acabado de falar ao telefone com Trump sobre os planos relatados da Amazon e criticou a empresa. "Esse é um ato hostil e político da Amazon", disse Karoline.

Segundo o jornal Washington Post, Trump ligou para Jeff Bezos, dono do jornal e fundador da Amazon, para se queixar da medida. Mais tarde, o porta-voz da companhia, Tim Doyle, disse que a equipe da Haul - empresa de comércio eletrônico criada pela Amazon para concorrer com a Temu - "considerou a possibilidade", que não atingiria a Amazon. Na sequência, ele disse que essa medida também estava descartada. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, propôs nesta terça-feira, 29, o fim dos descontos diretos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Lupi sugeriu que o Congresso elabore uma nova legislação sobre o assunto. Ao participar de audiência na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, Lupi afirmou que, na sua opinião, o governo não deveria se meter na relação entre o trabalhador e uma associação.

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'Faz um pix aí, vovô'

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

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