Javier Milei receberá Jair Bolsonaro em posse com tratamento de chefe de estado

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Quando assistir no próximo domingo, 10, à posse de Javier Milei como presidente da Argentina, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro estará no mesmo patamar que líderes em exercício como Luis Lacalle Pou, Gabriel Boric e Volodmir Zelenski. Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que não estará presente no ato, enviando o chanceler Mauro Vieira em seu lugar, Bolsonaro desembarcou nesta quinta-feira, 7, com uma comitiva de 50 pessoas e provocou alvoroço nas ruas de Buenos Aires.

Bolsonaro foi uma das primeiras pessoas que Milei convidou quando foi eleito no segundo turno das eleições argentinas em 19 de novembro. Poucas horas depois da vitória, eles fizeram uma vídeo-chamada em que o convite foi feito, antes mesmo de convidar Lula. Sob incertezas se o atual mandatário brasileiro viria a Buenos Aires depois de Milei o haver chamado de "comunista" e "corrupto" durante a campanha, além de acusá-lo de interferir no pleito argentino, Lula indicou horas depois que não participaria do evento.

Milei tentou amenizar o mal-estar gerado, enviando sua futura chanceler, Diana Mondino, para se reunir com Mauro Vieira e entregar uma carta direta do libertário para Lula, convidando-o para a posse. "Desejo que o tempo em comum como presidentes e chefes de governo seja uma etapa de trabalho frutífero e construção de laços que consolidem o papel que Argentina e Brasil podem e devem cumprir como nações", escreveu Milei, em um movimento vistos por analistas na época como tentativa de desfazer os ditos anteriores. Lula porém, confirmou há poucos dias a sua ausência do evento.

De acordo com a imprensa argentina, Bolsonaro deverá participar das duas cerimônias de posse do novo presidente: no Congresso e na Casa Rosada. A situação de Milei com o Brasil é parecida com a dos Estados Unidos, em que Joe Biden não estará presente e enviará representantes em seu lugar, enquanto a presença do ex-presidente Donald Trump continua sendo uma esperança dos libertários até o último minuto - embora vista como improvável.

Chegaram junto com Bolsonaro: seus filhos, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro, quem esteve em Buenos Aires no primeiro turno e acompanhou o voto do deputado argentino Nahuel Sotelo, e o senador Flavio Bolsonaro. Também veio o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto e o ex-ministro Gilson Machado Neto.

O ex-presidente provocou alvoroço ao caminhar pela famosa rua Florida, no centro de Buenos Aires, onde há um grande fluxo de turistas brasileiros. Quem o reconheceu, pedia para tirar fotos e fazer vídeos. Em seguida, Bolsonaro seguiu para o Hotel Libertador, onde Milei está desde o primeiro turno das eleições. Ali, se reuniu com o libertário e parte de seu futuro gabinete, como a ex-adversária e futura ministra de Segurança, Patricia Bullrich.

"Foi uma conversa entre amigos, um retrato do que a Argentina está passando. Falamos sobre a economia. Todos sabem que sua escola de pensamento é austríaca, que ele precisa tomar medidas rápidas. Estamos perto da hiperinflação, está ciente da responsabilidade que tem e de como está o país", disse a jornalistas depois do encontro, acrescentando que Milei "encontra uma situação crítica, mais crítica que a do Brasil".

"Isso tem um efeito meio óbvio com relação ao governo brasileiro e Lula, de [gerar] hostilidade, que claramente não vai ficar bem a Milei, e até já se nota isso", aponta o analista político Pablo Touzon. "E talvez um efeito dentro da direita brasileira, como se Milei estivesse revivendo um morto com isso."

"Eu me lembro que acontecia um pouco parecido quando Cristina [Kirchner] viajava, enquanto o peronismo tentava substituí-la e começar uma transição para uma liderança nova. E cada vez que ela era recebida por alguém em outro país, um pouco revivia o fantasma dessa liderança e então todos os peronistas retornavam [para ela]. Talvez seja algo parecido com o que faz Bolsonaro agora, mas não é uma certeza", completa.

Na quinta-feira, Lula se despediu de Alberto Fernández, quem vai passar o cargo para Milei. "Estou pessoalmente triste com a partida do nosso querido Alberto Fernández porque nós temos uma relação de amizade muito importante", disse durante a Cúpula do Mercosul, relembrando de quando o argentino o visitou na prisão em Curitiba. "Acho que você merecia melhor sorte. A economia poderia ter melhor sorte, mas aconteceu o infortúnio, inclusive de uma pandemia e de uma seca que muita gente foi prejudicada".

A lista de convidados está diversa, Bolsonaro estará ao lado tanto líderes de esquerda quanto de direita da América Latina, entre eles: Gabriel Boric, do Chile; Luis Lacalle Pou, do Uruguai, Daniel Noboa recém-eleito no Equador e Santiago Peña, do Paraguai. Todos já confirmados. Algumas ausências chamaram atenção, como de Nayib Bukele, de El Salvador e Gustavo Petro, da Colômbia. Nomes ainda em dúvida são Dina Boluarte do Peru e o ex-presidente do Equador, Guillermo Lasso.

Já a Casa Branca comunicou que vai enviar a secretária de Energia, Jennifer Granholm, bem como Juan González, diretor para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, e o embaixador americano na Argentina, Marc Stanley. A presença de Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional de Biden era especulada, mas não foi confirmada por Washington.

Da Europa, a presença do ucraniano Volodmir Zelenski foi vista com surpresa, já que será sua primeira viagem à América do Sul. Desde o início da guerra na Ucrânia, Zelenski se limitou a poucas saídas de seu bunker, geralmente para Europa ou Estados Unidos. Da parte da Rússia, Milei chegou a convidar Vladimir Putin, mas não recebeu um retorno, segundo a imprensa argentina.

O rei Felipe VI, da Espanha, foi um dos primeiros a confirmar presença. Já Israel enviará o ministro de Relações Exteriores Eli Cohen, que foi um dos primeiros a felicitar Milei após a vitória e o convidou a mudar a embaixada argentina de Tel-Aviv para Jerusalém.

Também estarão presente nomes de peso da direita e extrema direita da Europa, como Viktor Orbán, Hungria, e Santiago Abascal, líder do partido Vox.

Além desses, receberam convites: Giorgia Meloni, da Italia; Emmanuel Macron, da França; Guillermo Lasso e Narendra Modi, da Índia. Não foram convidados: Nicolás Maduro, da Venezuela; Miguel Díaz-Canel, de Cuba; Daniel Ortega, da Nicarágua e Ebrahim Raisi, do Irã.

Milei quer se diferenciar de seus antecessores e fará uma cerimônia de posse mais parecida com a americana, com direito a discurso em frente ao Congresso Nacional. O novo presidente pretende conduzir atos dentro e fora do prédio legislativo, bem como na Casa Rosada, residência oficial do presidente da Argentina.

"Nos Estados Unidos, o presidente fala do terraço do Capitólio, que seria o nosso Parlamento", afirmou Hernán Lombardi, deputado do partido de Mauricio Macri que tem trabalhado junto com Karina Milei, irmã de Javier Milei e futura secretária da Presidência.

Por volta das 10h, Milei receberá os atributos presidenciais e fará um juramento perante à Assembleia Legislativa. Então, deverá fazer um discurso para o público do lado de fora. Perto do 12h, a cerimônia de transferência será na Casa Rosada.

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Jair Renan Bolsonaro (PL-SC), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vereador em Balneário Camboriú, fechou na última semana um acordo com o banco Santander para quitar dívida de R$ 433,3 mil com a instituição.

A dívida diz respeito a um empréstimo pedido pela RB Eventos e Mídia, empresa de Jair Renan que já foi encerrada pela Receita Federal. Em junho de 2023, a empresa teria feito um empréstimo de R$ 291 mil com o Santander.

O valor atual da dívida é de R$ 433.360,31. Conforme o acordo fechado, Jair Renan deverá pagar R$ 409.542,14. Ele alegou não ter recursos para pagar o valor integral. Caso o pagamento não seja localizado, o processo continua a correr na Justiça. As informações são do UOL.

Jair Renan também responde por lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. A denúncia foi feita pelo Ministério Público em março de 2024. Segundo o MP, o filho "zero quatro" do ex-presidente teria fraudado documentos para inflar o faturamento da RB Eventos e Mídia e conseguir três empréstimos bancários - entre eles o contrato de R$ 291 mil com o Santander.

Em dezembro de 2023, a dívida do vereador de SC estava em R$ 360 mil. O Santander deu entrada em uma ação para cobrar o filho do ex-presidente, a empresa de eventos e o instrutor de tiro Maciel Carvalho. O banco chegou a pedir por duas vezes à Justiça o bloqueio desse valor das contas de Jair Renan.

A primeira foi em abril do ano passado e, a segunda, em agosto, depois que ele registrou sua candidatura para o cargo de vereador em Balneário Camboriú. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou ter um patrimônio de R$ 42.069,79 em depósitos em conta corrente.

Na ocasião, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) encontrou apenas R$ 16.611,63 na conta de Jair Renan.

O Estadão entrou em contato com a defesa do vereador, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

O senador Humberto Costa (PT-PE) e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, protagonizaram uma troca de farpas nas redes sociais nesta terça-feira, 4, motivada por um passeio de jetski do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o carnaval, em Angra dos Reis.

Bolsonaro e Malafaia publicaram um vídeo andando com o veículo no último final de semana. O senador publicou a gravação em sua conta no X (antigo Twitter), afirmando que os dois estariam se beneficiando da isenção de impostos do jetski.

"Lula luta para acabar com a fome e gerar oportunidades pro povo. Bolsonaro anda de jetski com Malafaia, aproveitando a isenção de impostos que deu a esse mimo de luxo, à custa do trabalhador. Curtem a vida à base de PIX e dízimos. Desfrute, fascista. Na cadeia, não vai ter disso", escreveu Humberto Costa. O ex-presidente zerou as alíquotas de importação para jetski em 2022. A alíquota original incidente sobre o produto era de 20%.

O pastor, no entanto, retrucou as críticas do senador, atacando o parlamentar e sua sigla. "Quem é você para acusar alguém de alguma coisa? O partido que você pertence, o PT, é responsável pela maior roubalheira de um governo na história política do Brasil. Cambada de corruptos condenados em todas as instâncias da justiça e liberados pelos amiguinhos do STF", escreveu Malafaia no X.

Bolsonaro passou o carnaval na Vila Histórica de Mambucaba, na região, onde tem uma casa. Além do pastor, o ex-presidente também se encontrou com a socialite e apresentadora Val Marchiori, e com o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.

A nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, se reuniu nesta quarta-feira, 5, com seu antecessor na pasta, Alexandre Padilha, que recentemente assumiu o Ministério da Saúde. O objetivo foi tratar sobre a transição na articulação política do governo.

Este é o primeiro de vários encontros para discutir sobre o assunto, afirmou Padilha em uma publicação na plataforma X, na qual ele postou uma foto sentado ao lado de Gleisi. Segundo ele, os dois conversaram sobre o andamento de ações no "Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, na Secretaria de Assuntos Federativos, além da nossa Agenda Prioritária no Congresso Nacional, construída em parceria com os ministros e ministras no início deste ano."

Tal agenda, escreveu o ministro da Saúde, "reflete nosso compromisso em votar projetos que construirão uma economia mais justa para o Brasil, como a Reforma da Renda". Além disso, promove "o empreendedorismo, o investimento, a educação como eixo central do desenvolvimento, o protagonismo no enfrentamento das mudanças climáticas, a proteção das famílias e dos negócios no ambiente digital, além da defesa da justiça social e da democracia", acrescentou Padilha.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou Gleisi para a SRI na última sexta-feira, 28. A posse da deputada federal e presidente do PT deve ocorrer no próximo dia 10.