Em Davos, Milei não trata de Argentina e discursa em defesa do capitalismo e do libertarismo

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O presidente da Argentina, Javier Milei, realizou nesta quarta-feira, 17, um discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, no qual não tratou do quadro em seu próprio país, apenas mencionado em alguns momentos, e se concentrou em defender o capitalismo e, especificamente, o libertarismo. Segundo ele, "o Ocidente está em perigo", diante do risco do socialismo, pois líderes mundiais "abandonaram a liberdade pelo coletivismo".

Milei qualificou empresários como "heróis" e disse que "o Estado não é a solução, é o próprio problema".

O líder argentino afirmou que experimentos coletivistas "são as causas do problema do mundo" e sempre fracassam, enquanto "o capitalismo de livres empresas pode acabar com os problemas do mundo".

Ele disse que, entre o ano zero e 1.800, o Produto Interno Bruto (PIB) global se manteve praticamente estagnado, enquanto a Revolução Industrial e o capitalismo proporcionaram "uma explosão de crescimento", que tirou da pobreza 90% da população mundial. Milei argumentou que o capitalismo de livre mercado é superior em termos produtivos, e criticou o fato de que visões à esquerda o considerem injusto.

Ainda segundo Milei, a justiça social "é uma ideia intrinsecamente injusta, por ser violenta". Ele disse que o Estado se financia por meio de impostos, "por meio da coação", o que prejudica a liberdade. O Estado, nesse processo, prejudica as empresas, fazendo-as produzir menos e "ata a mão dos empreendedores".

"O capitalismo é justo e moralmente superior", defendeu, ao destacar o fato de que o mundo hoje é "mais rico e próspero que em qualquer momento da nossa história". "Um empresário de sucesso é um herói", afirmou. Em sua fala, o presidente citou Alberto Benegas Lynch, economista que ele qualificou como "o máximo prócer do libertarismo" em seu país.

Milei teceu críticas à Teoria Econômica Neoclássica, que segundo ele não mapeia a realidade como ela é. O presidente argentino disse que não existem falhas de mercado, e que as premissas dessa teoria prejudicam a poupança, o investimento e o crescimento. As falhas de mercado existem apenas se há coação por parte do Estado, afirmou. "O dilema do modelo neoclássico é que, ao atacar as falhas de mercado, abre as portas ao socialismo e atenta contra o crescimento econômico."

Em outro momento, Milei criticou o "estrepitoso fracasso dos movimentos coletivistas". Segundo ele, o libertarismo já estabelece "a pedra fundamental da igualdade entre os sexos", enquanto "a agenda do feminismo radical o único que fez é gerar maior intervenção do Estado" e "trabalho a burocratas que não aportaram nada". Milei ainda criticou a "agenda sangrenta do aborto" e o que vê como exageros na agenda ambientalista.

"Convidamos os demais países do Ocidente a retomar a agenda de respeito irrestrito da propriedade", afirmou o presidente argentino. Os argentinos vivem há cem anos o empobrecimento produzido pelo coletivismo, assegurou, o que ele agora pretende mudar.

No fim de seu discurso, Milei disse que desejava enviar uma mensagem aos empresários: "Não se deixem amedrontar pela casta política nem pelos parasitas que vivem às custas do Estado", afirmou, encerrando com um viva à liberdade.

Após seu discurso, Milei não respondeu a questões, como tem ocorrido nos painéis do Fórum em geral, e o evento foi encerrado.

Em outra categoria

O deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP) foi eleito presidente da bancada evangélica no Congresso. Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Gilberto venceu o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que se aproximou recentemente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A votação ocorreu em meio a um racha da frente evangélica. Gilberto recebeu 117 votos, enquanto Otoni ficou com 61 votos. Durante a votação, a deputada federal Greyce Elias (Avante-MG), que concorria como candidata da terceira via, desistiu da candidatura para apoiar Gilberto Nascimento. Com o apoio de última hora, ela se tornou vice-presidente da bancada.

A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) reúne 219 deputados e 26 senadores e tem papel fundamental na votação de pautas que envolvem costumes.

Desde a segunda-feira, 25, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vinha ligando para parlamentares para pedir votos em Nascimento. Outro fiador da campanha do deputado foi o pastor evangélico Silas Malafaia.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) sugeriu nesta terça-feira, 25, o nome do ex-ministro da Economia Paulo Guedes para disputar uma vaga no Senado Federal por Minas Gerais.

"Gostaria que o Paulo Guedes aceitasse ser senador por Minas Gerais. Estamos tentando. É um baita nome para o Senado", afirmou Bolsonaro durante entrevista ao jornalista Leo Dias.

Na eleição do ano que vem, os eleitores escolherão dois nomes para o Senado (por Estado), o que amplia a chance de eleição. Carioca, Guedes tem relação com Minas Gerais. Ele se formou em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte.

Em território mineiro, no entanto, há o nome do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que já afirmou a intenção de disputar uma das vagas para o Senado em caso de mudança constitucional, que tramita no Congresso Nacional.

Pela atual texto da Constituição Federal de 1988, pode disputar uma vaga ao Senado todo brasileiro com, no mínimo, 35 anos. Nikolas terá 30 anos na disputa de 2026. Mas há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa diminuir a idade mínima para 30 anos, o que beneficiaria Nikolas.

O Senado Federal é a porta de entrada no Legislativo para análise e abertura de cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que nunca ocorreu. Bolsonaro já deu indícios de desejar uma ampliação de aliados dentro da Casa, o que facilitaria o embate com ministros do Supremo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid foi "torturado" em sua delação premiada e defendeu a narrativa de que os atos golpistas de 8 de janeiro foram planejados pela esquerda. Denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por tentativa de golpe, Bolsonaro se defendeu das acusações e disse que os autores dos ataques são "pobres coitados".

"Ele foi torturado [...] em dado momento, estava lá o dono de tudo, o dono inquieto, é a vítima, é tudo. Falando: 'Olha, você tem um pai, uma esposa e uma filha'. Tortura psicológica", disse Bolsonaro se referindo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em entrevista ao jornalista Léo Dias.

Bolsonaro voltou a defender a narrativa de que os ataques golpistas do 8 de janeiro teriam sido "programados pela esquerda", justificando a falta de imagens do momento das invasões.

"Esse 8 de janeiro foi programado pela esquerda. Quando você tem imagens do pessoal quebrando lá dentro, não foi quando entrou a turma que começou a quebrar, não. Quebrando sozinho, o cara quebrando o vidro sozinho. Derrubando o quadro sozinho. Você tem essas imagens [...] Só tinha imagens de um magrinho derrubando o relógio [...] Foram 33 alertas da Abin para o GSI. Por isso que no meu entender era algo programado. Só pode ter sido pela esquerda".

Ele se referiu aos invasores como "pobres coitados, com bíblia na mão" e defendeu que o ato golpista foi "vandalismo". "Vai dar golpe em um prédio? Sem nada, sem presidente, sem arma? Você acha que vai preparar um golpe com 1500 pessoas e isso não vaza?", afirmou.

Bolsonaro ainda se defendeu dizendo que na data não estava no Brasil e afirmou que "tinha o pressentimento de que alguma coisa esquisita poderia acontecer". O ex-presidente viajou para os Estados Unidos após a eleição de 2022.

Áudios inéditos revelados pelo Fantástico, da TV Globo, mostram o envolvimento de militares e civis em um plano de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro em 2022. Conversas obtidas pela Polícia Federal indicam que militares em postos de comando incentivaram a participação popular, e quando não conseguiam avançar, buscavam apoio direto do ex-presidente.

Ao ser questionado sobre os áudios, o ex-presidente afirmou que estudou hipóteses para decretar estado de defesa e de sítio após o Tribunal Superior Eleitoral decidir multar o PL caso o partido questionasse os resultados nas eleições.

"Nós temos que nos preparar. Em havendo um problema no Brasil, como vamos reagir? [...] Houve uma convocação dos conselhos da defesa da minha parte? Para o estado de sítio? Não. Vamos supor que tivesse convocado. Eu mandaria uma mensagem para o Congresso. Com exposições de motivos. Pedindo ao Congresso autorização para baixar o decreto [...] Mas se não houve nem convocação dos conselhos, sem comentários. Não houve nem tentativa, nem convocação, nada. Por que essas conversas? De hipóteses de dispositivos constitucionais. Porque nos foi negado, a gente queria discutir com TSE."

Durante a entrevista, Bolsonaro ainda falou sobre sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e sua família. Ele afirmou que "Deus me salvou da facada como salvou Trump do tiro", comparando sua trajetória à do ex-presidente dos Estados Unidos. Ao comentar sua relação com Trump, afirmou que "sabia meu lugar ao falar com ele".

Em tom descontraído, relembrou as críticas que recebeu no início do relacionamento com Michelle Bolsonaro, dizendo que as colegas da ex-primeira-dama alertavam: "Se você ficar com ele, vai te espancar".