Guiana afirma que forças armadas da Venezuela voltam a se movimentar na fronteira

Internacional
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O governo da Guiana disse neste sábado, 10, que imagens de satélite de países aliados revelam movimentos militares da Venezuela perto da fronteira leste do país sul-americano com a Guiana.

As autoridades alegaram que o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro está violando um acordo de paz assinado no Caribe em dezembro para aliviar as tensões sobre as linhas de demarcação de fronteiras.

O ministro das Relações Exteriores, Hugh Todd, e o secretário das Relações Exteriores, Robert Persaud, disseram que a Guiana está monitorando a situação do outro lado da fronteira fluvial.

Os dois lados têm disputado as linhas de fronteira há décadas. A Venezuela vem reivindicando a região de Essequibo, rica em minerais, que cobre cerca de dois terços da superfície da Guiana.

A Venezuela está sendo acusada de não cumprir o Acordo de Argyle, assinado na ilha de São Vicente em dezembro, no qual os dois países concordaram em não usar a força ou ameaçar um ao outro. As negociações foram intermediadas pelo Brasil e pelos governos do Caribe.

"Não estamos surpresos com a má fé da Venezuela. Estamos desapontados, mas não surpresos. A Guiana tem um histórico de entrar em discussões bilaterais de boa fé. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo sobre nosso vizinho do oeste", disse Persaud à agência de notícias AP.

O governo venezuelano não teve nenhuma reação imediata às alegações. Todd disse que levantou a questão com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, em uma reunião de comissão conjunta no Brasil no mês passado, observando que "há algumas inconsistências com base no que eles estão fazendo na frente internacional em termos de diplomacia e o que eles estão fazendo em casa em termos de sua postura militar".

A reação da Guiana aos últimos acontecimentos ocorreu horas depois que imagens de satélite publicadas pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) dos EUA mostraram que a Venezuela está ampliando sua base na Ilha Ankoko, metade da qual a Venezuela tomou da Guiana em meados da década de 1960, e nas proximidades de Punta Barima, a menos de 80 quilômetros da fronteira com a Guiana.

As imagens mostraram melhorias significativas na infraestrutura de estradas e outras instalações próximas às duas áreas, disse o CSIS. Persaud observou que "a Guiana continuará a respeitar a Declaração de Argyle e espera que a Venezuela faça o mesmo".

Os dois lados têm se desentendido sobre as linhas de fronteira há décadas. A Guiana argumenta que uma comissão internacional de limites de 1899 resolveu a demarcação da fronteira de uma vez por todas. No entanto, há mais de 60 anos a Venezuela acusa a comissão de tê-la enganado quanto à região de Essequibo.

A Guiana levou a questão para a Corte Mundial na Holanda para obter uma decisão definitiva, enquanto a Venezuela disse que prefere conversações bilaterais diretas como o caminho a seguir.

Na sexta-feira, 9, o Ministério da Defesa da Venezuela acusou a Guiana de ameaçar o acordo de São Vicente por meio de ações irresponsáveis e manipulação da mídia, afirmando que "Essequibo é nosso".

Também disse que a gigante petrolífera norte-americana ExxonMobil, que está produzindo 645 mil barris de petróleo offshore diariamente na Guiana, está colaborando com o governo venezuelano. Guiana, está colaborando com o governo e as forças armadas dos EUA para explorar recursos de petróleo e gás em águas reivindicadas pela Venezuela.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, deve encontrar Maduro para uma segunda reunião de cúpula em março sobre a questão da fronteira. Várias altas autoridades militares e do governo americano visitaram a Guiana nas últimas semanas como uma demonstração de apoio.

E os EUA também forneceram sobrevoos militares monitorando as tropas venezuelanas e outras atividades no auge das tensões em dezembro, nos dias que antecederam o referendo de 3 de dezembro na Venezuela, que autorizou a anexação do Essequibo. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA em www.estadao.com.br/link/estadao-define-politica-de-uso-de-ferramentas-de-inteligencia-artificial-por-seus-jornalistas-veja/.

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Entrando na quarta semana de internação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu neste sábado, 3, a primeira previsão de alta hospitalar desde a cirurgia realizada no intestino. Segundo o novo boletim médico, o ex-presidente deve deixar o Hospital DF Star, em Brasília, nos "próximos dias".

A equipe médica também informa que ele segue se alimentando via oral e teve "progressão" na dieta, com alimentação pastosa e já sem auxílio de nutrição complementar pela veia. Bolsonaro, assim como nos últimos dias, está estável clinicamente, sem dor ou febre e com pressão arterial controlada.

Bolsonaro recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na última quarta-feira, 30. No total, o ex-presidente passou 18 dias nos cuidados intensivos, e só voltou a se alimentar pela via oral um dia antes, na terça, 29. No mesmo dia, à tarde, ele retirou a sonda nasogástrica e postou um vídeo do instrumento sendo puxado de seu nariz pelo médico.

Bolsonaro está no hospital desde o dia 13 do mês passado, quando foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado após ele passar mal, no dia 11, em uma agenda no interior do Rio Grande do Norte.

Por chamada de vídeo nesta quinta-feira, 1.º, o ex-mandatário, réu por golpe de Estado, disse a apoiadores que pode ir à manifestação pró-anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro marcada para o dia 7 de maio em Brasília. Ele recomendou aos apoiadores que a manifestação seja pacífica e que o objetivo é fazer um ato "sem pegar pesado em cima de ninguém".

Já em solo russo, conforme a previsão de sua agenda, a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, tinha o compromisso de visitar o Kremlin, em Moscou às 11h10 deste sábado - o fuso horário da cidade está seis horas à frente do Brasil.

Janja chega ao país antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 de maio para participar, no dia seguinte, da Cerimônia de celebração dos 80 anos do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial.

Em março, a primeira-dama viajou para o Japão também uma semana antes de Lula, quando foi fortemente criticada por não divulgar seus compromissos oficiais. Desde 25 de abril, no entanto, o Palácio do Planalto passou a divulgar a agenda de Janja. Até a chegada do presidente à Rússia, ela cumprirá uma série de agendas entre os dias 3 e 8 de maio, segundo informou hoje o Palácio do Planalto.

"Tendo em vista a relação entre Rússia e Brasil, com importantes acordos de cooperação na área de educação e cultura, Janja focará as agendas nesses temas, além da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que a primeira-dama tem promovido desde quando a Aliança foi proposta pelo presidente Lula durante a presidência brasileira do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo)", traz a agenda da primeira-dama.

Ainda antes da chegada do presidente, Janja terá agendas com a comunidade brasileira na Rússia, em Moscou, incluindo encontro com professores de língua portuguesa e alunos na Biblioteca de Literatura Estrangeira. A primeira-dama também irá participar de evento na Universidade HSE sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e o seu fator de potencializar a cooperação entre os países.

A convite do governo russo, Janja irá visitar diversos locais de importância histórica e cultural para o país, como o Teatro Bolshoi. A assessoria do Planalto lembra que o Brasil é o único país fora da Rússia que possui uma filial do Teatro Bolshoi e da Escola do Teatro Bolshoi. Além do Kremlin, ela também visitará o Museu Hermitage, a Catedral do Sangue Derramado e a Fábrica de Porcelana Imperial, uma das mais antigas da Europa, fundada em 1744 e primeira e única empresa na Rússia produzindo produtos de porcelana artísticos.

A agenda prevê ainda que, também a convite do governo russo, a primeira-dama fará breve visita à cidade de São Petersburgo, capital cultural da Rússia, onde irá se encontrar com professores russos e estudantes dos cursos de Português e Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo, além de visitar o Teatro Mariinsky, uma das principais companhias de balé da Rússia, onde irá assistir o balé "Lago dos Cisnes".

A partir do dia 8 de maio, com a chegada do presidente Lula a Moscou, a primeira-dama o acompanha em todos os eventos oficiais.

O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 2, a escolha de Wolney Queiroz para o comando do Ministério da Previdência Social. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. Em um longo histórico político, Wolney tem alinhamento com pautas caras ao PT, mas teve desgaste recente quando se aproximou do PL nas eleições municipais de seu reduto eleitoral.

Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência desde o início do atual governo, posição considerada o segundo posto mais importante dentro de um ministério. A mudança ocorre após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão em meio à crise gerada por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS em montante que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Segundo informações da GloboNews, Wolney Queiroz estava presente quando o então ministro Carlos Lupi foi informado sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Apesar da gravidade do problema, Lupi não tomou providências imediatas, conforme as atas das reuniões. A informação foi revelada pelo "Jornal Nacional" e confirmada pelo Estadão.

Trajetória

Com informações do site da Câmara dos Deputados, é possível recuperar um longo histórico da vida pública de Wolney. Nascido em 1972 em Caruaru (PE), ele é filiado ao PDT desde 1992. Iniciou a carreira política como vereador em sua cidade natal, onde presidiu a Câmara Municipal. Em 1995, assumiu o primeiro de seis mandatos consecutivos como deputado federal por Pernambuco.

Durante sua atuação no Congresso Nacional, foi vice-líder do PDT em diferentes períodos entre 1995 e 2013, liderou a bancada do partido entre 2020 e 2022 e chefiou o bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro em 2022. Também presidiu a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, além de participar de comissões como Constituição e Justiça, Defesa do Consumidor e Desenvolvimento Urbano.

Em votações de grande repercussão, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi contrário à PEC do Teto de Gastos e à Reforma Trabalhista no governo Michel Temer, e apoiou a abertura de investigação contra o então presidente Temer em 2017.

Ainda entre as posições sobre projetos, Queiroz votou contra a reforma da Previdência em 2019, posicionando-se de forma crítica à proposta. Mas também esteve envolvido em episódios que geraram críticas. Em 2021, foi criticado por parte do PDT por votar a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. Mas votou contra a medida no segundo turno. A PEC permitiu ao governo adiar o pagamento de dívidas judiciais para abrir espaço no orçamento público para a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Filho do ex-prefeito José Queiroz (PDT), mantém influência na política local de Caruaru. Em 2023, confirmou que o partido lançaria seu pai como candidato à prefeitura de Caruaru. Por outro lado, a aproximação com o PL, em articulações políticas em Jaboatão dos Guararapes, provocou desconforto em setores do governo e dentro do próprio PDT, colocando em debate sua permanência em cargos na administração federal.