Rússia lança 45 drones em massa em nove regiões da Ucrânia, incluindo Kiev

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As forças militares russas lançaram 45 drones em massa sobre a Ucrânia neste domingo, em uma operação de cinco horas e meia, segundo autoridades ucranianas. Em comunicado, a Força Aérea Ucraniana disse ter abatido 40 drones Shahed de fabricação iraniana em nove regiões diferentes pelo sistema antiaéreo, incluindo os arredores da capital do país, Kiev.

O ataque aéreo de cinco horas e meia teve como alvo instalações agrícolas e infraestruturas costeiras, relataram funcionários das forças de defesa do sul da Ucrânia no Telegram. Segundo os militares, um ataque na região de Mykolaiv feriu uma pessoa, provocando um incêndio e danificando edifícios residenciais próximos. Outra pessoa ficou ferida na região de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, quando eclodiu um incêndio devido à queda de destroços de um drone destruído, disse o chefe da administração militar da região, Serhiy Lysak. Ataques foram registrados também no sul do país, na fronteira com a Moldávia.

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, respondeu ao incidente dizendo na rede social X (antigo Twitter) que "a guerra da Rússia contra a Ucrânia atingiu novamente as proximidades do país". "A descoberta de destroços de drones Shahed no sul da Moldávia hoje serve como outro lembrete da dura realidade que enfrentamos. A agressão da Rússia põe em perigo todo o continente. O apoio à Ucrânia deve continuar", disse ela.

A ofensiva russa ocorre em meio à reestruturação do gabinete de guerra pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. O governo ucraniano anunciou neste domingo que o ex-vice-ministro da Defesa, tenente-general Alexander Pavlyuk, será o novo comandante das forças terrestres da Ucrânia. Novos decretos presidenciais também nomearam Yurii Sodol, antigo chefe do corpo de fuzileiros navais da Ucrânia, como o novo comandante das forças combinadas da Ucrânia, o general Ihor Skibiuk foi nomeado comandante das forças aéreas da Ucrânia e o major-general Ihor Plahuta assumiu o comando das forças de defesa territorial da Ucrânia.

O serviço de inteligência militar da Ucrânia disse, com base em gravação interceptada entre soldados russos, que as forças russas usaram terminais Starlink para ajudar no ataque.

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O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta sexta-feira, 2. A saída do pedetista significa que o presidente terá que fazer a 11º troca na Esplanada dos Ministérios desde o início da gestão, em 2023.

Lupi estava pressionado pelo escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O esquema ganhou relevância após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) na semana passada.

Pesquisa AtlasIntel divulgada na quinta-feira, 1º, mostrou que 85,3% dos brasileiros consideram que o ministro deveria ser demitido na esteira da crise no INSS.

Até o momento a investigação não apontou participação de Lupi no esquema que desviou R$ 6,8 bilhões de milhares de aposentados e pensionistas do INSS.

O ministro, contudo, foi criticado pela demora em agir. Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, de 26 de abril, mostrou que Lupi soube das denúncias em junho de 2023, mas demorou quase um ano para tomar medidas. Ao Estadão/Broadcast, Lupi negou omissão, disse que procurou agir e responsabilizou o então diretor de Benefícios, André Félix Fidélis, pela lentidão nas apurações internas, o que levou à necessidade de o ministro demiti-lo.

O ministro também foi o padrinho da indicação de Alessandro Stefanutto para presidir o INSS. Stefanutto foi desligado por ordem de Lula na semana passada após uma decisão judicial afastá-lo do comando do órgão.

Lula escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para substituí-lo e determinou uma intervenção no INSS. A atitude evidenciou a perda de força política de Lupi, já que a autarquia é o principal órgão da pasta da Previdência Social.

Lupi é o quarto ministro de Lula a cair diante de denúncias. Juscelino Filho (Comunicações) pediu demissão em abril após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob acusação de desviar emendas parlamentares, investigação que teve origem em uma série de reportagens do Estadão. Polêmicas também derrubaram Gonçalves Dias (GSI), flagrado adotando postura passiva em filmagens do 8 de Janeiro, e Silvio Almeida (Direitos Humanos), acusado de assediar sexualmente integrantes do governo.

Abril de 2023 - Gonçalves Dias cai do GSI após filmagens do 8 de Janeiro

O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) general Marco Edson Gonçalves Dias foi o primeiro da equipe do governo Lula a cair. A saída dele se deu após a imprensa divulgar uma gravação em vídeo que mostrou ele em uma postura passiva diante da invasão do Palácio do Planalto durante os Atos Golpistas do 8 de Janeiro.

Com o estouro da crise, membros do governo aconselharam o então ministro a pedir demissão, o que foi feito por ele. A solicitação foi prontamente aceita por Lula.

O GSI passou então a ser chefiado interinamente por Ricardo Cappelli . Desde maio de 2023, o chefe da pasta é o general Marcos Amaro dos Santos.

Julho de 2023 - Daniela Carneiro deixa Ministério do Turismo

Bastou seis meses de governo para Lula fazer a primeira mudança na equipe para agradar o Centrão e buscar apoio do Congresso. Sem o prestígio do União Brasil, a deputada federal e então ministra do Turismo Daniela Carneiro foi substituída pelo deputado federal Celso Sabino (União-PA). A troca foi feita para acomodar a sigla, que se sentia subvalorizada pelo Planalto.

Setembro de 2023 - Ana Moser deixa Esporte para abrigar PP de André Fufuca

Na véspera do feriado de 7 de Setembro de 2023, Lula demitiu a então ministra dos Esportes Ana Moser em uma minirreforma ministerial que buscou trazer o PP e o Republicanos para a base governista. Moser, que não tinha trajetória política, foi substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Setembro de 2023 - Márcio França sai de Portos e Aeroportos e vai para Microempreendedorismo

Também na minirreforma eleitoral, Lula tirou Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos e o colocou em um novo ministério - o 39° da gestão - chamado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Quem assumiu a vaga deixada na antiga pasta de França foi Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), representante do Centrão.

Janeiro de 2024 - Ricardo Lewandowski substitui Flávio Dino na Justiça

A chegada do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça foi a primeira troca de Lula no ano passado. Lewandowski substituiu o atual ministro do STF Flávio Dino, indicado pelo petista para a Corte.

Lewandowski foi alçado ao cargo por ter uma relação de confiança pessoal com Lula. Ele chegou ao STF em 2006, indicado por Lula com apoio da então primeira-dama Marisa Letícia.

Ele foi um dos principais interlocutores de Lula no Judiciário até 2023, quando completou 75 anos e precisou se aposentar. Em 2016, como presidente do STF, ele presidiu o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado e foi o responsável por articular a manutenção dos direitos políticos da petista.

Setembro de 2024 - Suposto assédio sexual contra ministra derruba Silvio Almeida dos Direitos Humanos

Em um dos grandes escândalos da Esplanada durante a terceira gestão de Lula, o então ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida foi demitido por suposto assédio sexual contra pessoas ligadas ao governo federal. Uma das vítimas teria sido a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

A demissão de Almeida se deu um dia após a Me Too, ONG que atua na proteção de mulheres vítimas de violência sexual, afirmar, em nota, que ele foi denunciado por assédio sexual por pessoas ligadas ao Planalto. A organização omitiu o nome das denunciantes sob o argumento de que era preciso protegê-las, mas assegurou ter o consentimento das vítimas para expor o assunto.

Assim como no caso de Juscelino Filho, Lula decidiu exonerar Almeida para estancar a crise deflagrada pelas denúncias. Para o lugar dele, o presidente escolheu a deputada estadual do PT de Minas Gerais Macaé Evaristo.

Janeiro de 2025 - Paulo Pimenta deixa Secom após queda na popularidade de Lula

Diante de uma queda na popularidade de Lula, o petista decidiu demitir o então ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) Paulo Pimenta. Buscando uma comunicação mais efetiva para fazer os feitos do governo federal chegar na população, além de combater as ações digitais da oposição, o petista escolheu o marqueteiro Sidônio Palmeira para o cargo.

Após a demissão, Pimenta afirmou que o governo estava entrando em uma fase da gestão em 2025, e que Lula queria um perfil diferente para chefiar a pasta.

De acordo com ele, o governo entrará em uma nova fase da gestão a partir de 2025, e o presidente Lula quer um perfil diferente do seu para a chefia da pasta. Lula julgou que o governo tinha grande número de obras e bons programas sociais, mas que problemas de comunicação estavam impedindo que isso resultasse em popularidade junto ao eleitorado.

Março de 2025 - Nísia Trindade é trocada por Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann assume articulação

Lula fez trocas em março no Ministério da Saúde e na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Na primeira pasta, a socióloga Nísia Trindade foi demitida em meio a um fogo amigo no Executivo com críticas sobre o trabalho dela, e substituída por Alexandre Padilha, que comandava a SRI desde o início do governo.

Padilha também era alvo de críticas, principalmente de lideranças da Câmara dos Deputados. O ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) chegou a chamar ele de "desafeto pessoal" e "incompetente" em uma coletiva de imprensa. Além da transferência de ministério, a solução encontrada por Lula foi nomear a deputada federal e então presidente do PT Gleisi Hoffmann para a SRI.

A indicação de Gleisi foi bem vista pelos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), mas foi duramente criticada por líderes da oposição ao governo Lula. Para eles, a ida dela para a articulação indicaria uma "radicalização" devido à postura combativa da ministra.

Abril de 2025 - Juscelino Filho pede demissão após denúncia da PGR e presidente da Telebras assume Ministério das Comunicações

O então ministro das Comunicações pediu demissão após ser denunciado pela PGR sob a acusação de desvio de emendas parlamentares. Relatório da Polícia Federal apontou que Juscelino Filho cometeu os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O caso ainda não foi julgado pelo STF. À época, a defesa do ex-ministro disse que ele é inocente.

O caso foi revelado pelo Estadão em 2023. Em uma série de reportagens, o jornal mostrou que Juscelino destinou emendas do Orçamento da União à cidade de Vitorino Freire (MA) para asfaltar uma estrada que passava pela fazenda da sua família. À época, o município era administrado por Luanna Rezende, irmã do titular das Comunicações. Ela chegou a ser afastada da prefeitura no curso das investigações.

A substituição de Juscelino Filho foi conturbada. Inicialmente, ficou acertado que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União-MA) assumiria o posto. Porém, o parlamentar mudou de ideia após uma reunião com o com o presidente do partido, Antônio Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Pesou o fato de que a saída de Fernandes da liderança no partido na Câmara provocasse um guerra pela sua sucessão, rachando a bancada do União Brasil na Casa.

Lula acabou nomeando Frederico de Siqueira Filho para comandar a pasta das Comunicações. Então presidente da Telebra, ele teve o nome chancelado por Alcolumbre, Pedro Lucas e o próprio Juscelino Filho.

O ex-ministro da Previdencia, Carlos Lupi, integrava o governo desde o primeiro dia do terceiro mandato de Lula, e também participou de outras gestões petistas. Entre 2007 e 2011, período que contemplou o segundo governo de Lula e a primeira gestão de Dilma Rousseff, Lupi foi ministro do Trabalho, saindo em dezembro de 2011, numa "faxina" ministerial - ele foi o sétimo ministro a cair no primeiro ano do governo Dilma.

Na ocasião, o pedetista foi alvo de diversas denúncias, como a de se beneficiar de convênios irregulares do seu ministério com ONGs e a de ter viajado em um jatinho de propriedade de um dirigente de uma ONG que tinha convênios com o ministério. Ele negou todas as acusações.

Desta vez, Lupi caiu após a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que investiga esquema que descontava mensalidades direto da aposentadoria e sem o conhecimento de aposentados e pensionistas. O nome de Lupi não aparece nas investigações, mas foi ele que indicou Alessandro Stefanutto para chefiar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Stefanutto pediu demissão na semana passada.

Antes disso, seu antecessor, Glauco Wamburg, foi demitido por Lula por suspeitas de irregularidades em investigação que ficou conhecida como a "farra das passagens". Diante da Operação sem Desconto, a permanência de Lupi ficou insustentável no governo, apesar de seu nome não ser citado na investigação.

Antes da confirmação da saída do presidente do INSS por determinação do presidente Lula, Lupi chegou a afirmar que ele permaneceria afastado do cargo e que um interino seria nomeado até o término das investigações.

"A indicação é da minha inteira responsabilidade. Ele (Stefanutto) é procurador da República, servidor que tem me dado todas as demonstrações de ser exemplar, fez parte do grupo de transição. Vamos, no processo, esperar as investigações em curso", afirmou Lupi.

Lupi assumiu o cargo de presidente nacional do PDT após a morte de Leonel Brizola, fundador da legenda, e permaneceu à frente do partido entre 2004 e 2023, licenciando-se para assumir o ministério.

Antes, no governo Jair Bolsonaro (PL), Lupi liderou o PDT contra a Reforma da Previdência. A sigla chegou a abrir um processo na Comissão de Ética contra os deputados que votaram a favor da proposta.

Natural de Campinas, interior de São Paulo, Lupi fez carreira política no Rio de Janeiro. Ocupou uma cadeira de deputado federal pelo Estado entre 1991 e 1995. Na eleição de 2014, tentou uma vaga para o Senado, mas recebeu pouco mais de 3% dos votos, ocupando o quinto lugar na disputa, que foi vencida por Romário.

No primeiro turno da campanha presidencial de 2022, o PDT lançou Ciro Gomes na disputa, mas o ex-ministro acabou em quarto lugar. Lupi chegou a rejeitar um movimento dissidente dentro partido que pregava o voto útil em Lula. O acerto com o PT foi firmado logo no início do segundo turno.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), deixou o cargo nesta sexta-feira, 2, após ser pressionado por uma série de denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A crise foi deflagrada com a revelação de um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

No fim de abril, as duas instituições deflagraram a Operação Sem Desconto, que estimou em R$ 6,3 bilhões o total de cobranças irregulares entre 2019 e 2024. Considerando o período desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões em descontos feitos sem autorização de aposentados e pensionistas.

A operação levou ao afastamento, por ordem judicial, do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, e à sua posterior demissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como mostrou o Estadão nesta quarta-feira, 30, Lula determinou uma intervenção no INSS. O presidente não só escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para assumir o comando do órgão, como solicitou o aprofundamento das investigações sobre o desvio de recursos. A iniciativa, no entanto, não foi suficiente para conter o desgaste político.

Embora as irregularidades tenham se iniciado em gestões anteriores, foi a disparada dos descontos a partir de 2023 que levou à abertura da investigação. A manutenção do esquema durante a gestão de Lupi, aliada à demora em adotar medidas efetivas, agravou o desgaste político e tornou sua permanência no cargo insustentável.

Segundo registros em atas de reuniões, Lupi foi alertado sobre os descontos associativos em junho de 2023, mas só adotou medidas concretas em março de 2024. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmada pelo Estadão.

Ao Estadão/Broadcast, o ministro negou omissão, disse ter procurado agir e atribuiu a responsabilidade pela lentidão ao então diretor de Benefícios, André Félix Fidélis, que acabou demitido. Em audiência na Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara dos Deputados, na última terça-feira, 29, Lupi reforçou esse discurso, afirmando que não foi omisso e que atuou com a publicação de uma Instrução Normativa (IN) para regulamentar os descontos, além de ter conduzido uma auditoria interna concluída em setembro de 2024.

As explicações, no entanto, não convenceram. Uma pesquisa da AtlasIntel apontou que mais de 85% da população defendiam sua saída do cargo. A oposição, por sua vez, afirmou que irá protocolar uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando Lupi de omissão diante do esquema.

Paralelamente, como mostrou o Estadão, auxiliares do presidente Lula já avaliavam como insustentável a permanência de Lupi no governo. No Palácio do Planalto, a percepção era de que, mesmo após a demissão de Stefanutto, a crise não havia sido contida. Aliados de Lupi também seguiam na mesma linha e passaram a defender que o ministro entregasse o cargo para evitar uma fritura pública. Segundo pessoas próximas, o governo também se absteve de fazer uma defesa enfática de Lupi ao longo da semana, o que acelerou sua decisão de deixar o cargo.

Essa insatisfação foi reforçada publicamente pelo líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), que, em declaração ao Estadão nesta quinta-feira, 1º, fez críticas ao tratamento dado pelo governo ao ministro pedetista.

"Eu defendo essa posição (a saída do PDT da base). Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição. É claro que não depende só exclusivamente de mim, mas essa é a posição que defenderei", afirmou.

Na avaliação dele, o governo adotou posição duvidosa na condução da crise. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

Entenda a fraude do INSS

Após denúncias sobre o aumento no número de descontos em benefícios, a CGU iniciou uma apuração e entrevistou quase 1.300 aposentados de diferentes regiões do País que tiveram valores descontados. O resultado apontou que, em média, 97% dos beneficiários não haviam autorizado os descontos.

Auditorias foram realizadas em 29 entidades que mantinham Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS. A CGU constatou que a maioria dessas entidades não possuía estrutura operacional adequada para prestar os serviços oferecidos aos beneficiários. Além disso, 70% delas não entregaram a documentação completa exigida pelo INSS.

O número de entidades conveniadas saltou de 15 em 2021 para 22 em 2022, chegando a 33 em 2024. Segundo a PF, os descontos só poderiam ser realizados mediante autorização expressa e individual de cada beneficiário para o pagamento de mensalidades associativas. No entanto, a investigação apontou falhas na verificação dessas autorizações, além de indícios de falsificação de documentos de filiação.

A diretora de Orçamentos, Finanças e Logística do INSS, Débora Floriano, informou que há atualmente cerca de 6 milhões de descontos ativos, embora nem todos sejam considerados irregulares.

Na última quinta-feira, 24, o governo anunciou a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica do INSS com sindicatos, com o objetivo de interromper o repasse de recursos provenientes desses descontos a entidades sindicais.

Os valores descontados de forma indevida serão restituídos aos aposentados. A primeira parcela, referente ao mês de abril, será paga junto à folha de maio. No entanto, ainda não há prazo para o ressarcimento integral dos valores cobrados de forma irregular. Esse "estoque" de descontos será analisado caso a caso, a fim de distinguir o que foi feito com ou sem o consentimento dos aposentados e pensionistas.