Israel invade hospital em Gaza e fala em 'missão limitada' visando corpos de reféns

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Exército de Israel invadiu o principal hospital no sul da Faixa de Gaza nesta quinta-feira, 15. As Forças Armadas disseram que se tratava de uma operação limitada visando os restos mortais de reféns capturados pelo grupo terrorista Hamas. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, o ataque matou um paciente e feriu outros seis dentro do complexo.

 

A incursão veio um dia depois que o exército tentou retirar milhares de desalojados que se abrigaram no Hospital Nasser, em Khan Younis, cidade que é o foco da ofensiva de Israel contra o grupo terrorista Hamas nas últimas semanas. A guerra não dá sinais de cessar-fogo, e o risco de um conflito fronteiriço cresce à medida que Israel e o Hezbollah, no Líbano, trocam ataques depois de uma troca de mortes na quarta-feira, 14.

 

O exército disse que tinha "informações confiáveis" de que o grupo terrorista Hamas manteve reféns no hospital e que os restos mortais dos capturados poderiam estar dentro do complexo. Daniel Hagari, o porta-voz do exército de Israel, disse que as forças estavam conduzindo uma operação "limitada e precisa" no local e que não forçariam a saída de médicos ou pacientes. Israel acusa o grupo terrorista Hamas de usar hospitais e outras estruturas civis para abrigar seus combatentes.

 

Uma refém libertada disse à Associated Press em dezembro que ela e cerca de duas dezenas de pessoas capturadas foram mantidas no Hospital Nasser. A lei internacional proíbe que centros médicos sejam alvos na guerra, mas esses locais podem perder a proteção se forem utilizados para propósitos militares.

 

O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al-Qidra, disse que Israel lançou uma "incursão massiva" com tiroteios intensos que feriram pessoas desalojadas que se abrigam no local. Ele disse que os militares ordenaram aos médicos que movessem os pacientes para outro prédio, que não estava equipado de forma apropriada para os tratamentos.

 

"Muitos não podem deixar o local, como aqueles com amputações dos membros inferiores, com diversas queimaduras ou os mais velhos", disse em uma entrevista ao Al Jazeera.

 

Cenas de pânico

 

O Hospital Nasser tem sido o último foco das operações que destruíram o sistema de saúde de Gaza, que luta para tratar dezenas de pacientes feridos nos bombardeios diários.

 

Vídeos após o ataque da noite mostram médicos lutando para transportar pacientes em macas por um corredor cheio de fumaça e poeira. Um médico usou a lanterna de um celular para iluminar um quarto escuro onde um homem ferido gritava de dor, enquanto barulhos de tiros ecoavam do lado de fora. A Associated Press não conseguiu checar a veracidade das imagens, mas eles coincidem com o que foi relatado sobre o ataque.

 

Khaled Alserr, um dos cirurgiões que ainda permanecem no Nasser, disse que os sete pacientes atingidos no ataque desta quinta-feira já estavam sendo tratados por ferimentos anteriores. "A situação está escalando a cada hora e a cada minuto", disse.

 

O exército ordenou que o hospital e as áreas próximas fossem esvaziados no mês passado. Mas assim como em outros centros de saúde, médicos disseram que os pacientes não conseguiam deixar o local de forma segura ou serem realocados, e milhares de pessoas deslocadas pelos combates em outras regiões permaneciam ali.

 

"As pessoas foram forçadas a uma situação impossível", disse Lisa Macheiner, do grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF). "Permaneça no Nasser contrariando as ordens de militares israelenses e se torne um potencial alvo, ou deixe o complexo e vá para um cenário apocalíptico de fuga onde bombas e ordens de retirada fazem parte da rotina."

 

O MSF disse que sua equipe teve que fugir do hospital nesta quinta-feira, deixando pacientes para trás, e que um membro da equipe foi detido em um posto de controle de Israel perto do complexo.

 

Ataques no Líbano

 

Em paralelo, Israel lançou ataques aéreos no sul do Líbano pelo segundo dia, depois de matar 10 civis e três combatentes do Hezbollah na quarta-feira, em resposta a um ataque de foguete que matou um soldado israelense e feriu vários outros.

 

Essa foi a troca de fogo mais mortal ao longo da fronteira desde o início da guerra entre Israel e Hamas. Israel e Hezbollah - um aliado do grupo terrorista Hamas - trocam tiros diariamente, crescendo os riscos de um conflito fronteiriço.

 

O Hezbollah não reivindicou o ataque com foguete. Mas Sheikh Nabil Kaouk, um membro sênior do grupo, disse que o Hezbollah está "preparado para a possibilidade de expandir a guerra" e que enfrentaria "escalada com escalada, deslocamento com deslocamento e destruição com destruição".

 

Enquanto isso, negociações sobre um cessar-fogo em Gaza parecem ter estagnado, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu continuar a ofensiva até que o grupo terrorista Hamas seja destruído e os reféns sejam devolvidos. Fonte: Associated Press.

Em outra categoria

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.

O procurador Carlos Alberto de Souza Almeida, que atua junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), foi condenado a devolver R$ 4,5 milhões que recebeu em salários retroativos e indenização.

O Estadão busca contato com o procurador.

O valor engloba vencimentos referentes ao período em que aguardou ser convocado no concurso público (1999-2005) e uma indenização por dano moral pela "nomeação tardia".

O montante a ser restituído aos cofres públicos pode chegar a R$ 7 milhões considerando juros e correção monetária. Como a decisão foi tomada na primeira instância, ele pode recorrer.

Carlos Aberto só foi classificado depois de conseguir anular judicialmente questões da prova, o que ocorreu em dezembro de 2005, seis anos após o concurso. Em um dos ofícios no processo, ele chegou a renunciar "a quaisquer efeitos pecuniários que lhe possam atribuir a sentença".

Em 2018, quando já estava no cargo, o procurador deu entrada em um processo administrativo para receber "vencimentos e outras parcelas remuneratórias conexas, não percebidas no período de 17/06/1999 a 30/12/2005", além da indenização por dano material.

O pedido foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Amazonas e as parcelas foram depositadas entre outubro de 2018 e outubro de 2019.

A juíza Etelvina Lobo Braga, da Vara da Fazenda Pública de Manaus, afirma na sentença que o procurador "agiu de forma temerária e com prática duvidosa, quando postulou direitos aos quais ele mesmo já havia expressamente renunciado".

A decisão afirma ainda que a ordem de pagamento do Tribunal de Contas é "flagrantemente indevida".

"A nomeação e posse decorrente de ordem judicial, bem como ulterior exercício no cargo de Procurador de Contas, do requerido Carlos Alberto de Souza Almeida, não se deram de forma tardia, mas sim por ordem judicial, que não deveria gerar direito à indenização, razão pela qual houve equívoco e ilegalidade da Corte de Contas, que não atentou, também, à renúncia expressa firmada nos autos pelo candidato", diz a sentença.