Cabos submarinos de internet são danificados no Mar Vermelho; houthis negam responsabilidade

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Três cabos submarinos do Mar Vermelho que fornecem internet e telecomunicações em todo o mundo foram cortados, na rota marítima que continua sendo alvo dos rebeldes houthis do Iêmen, disseram autoridades nesta segunda-feira, 4.

 

O que cortou as linhas permanece não esclarecido. Autoridades preocuparam-se com os cabos sendo alvos na campanha dos houthis, a qual os rebeldes descrevem como um esforço para pressionar Israel a encerrar a guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. No entanto, os houthis negaram atacar as linhas.

 

Embora a navegação global já tenha sido prejudicada no Mar Vermelho, uma rota crucial para o transporte de carga e energia da Ásia e do Oriente Médio para a Europa, a sabotagem das linhas de telecomunicações poderia agravar ainda mais a crise que dura meses.

 

Empresas redirecionaram tráfego

 

As linhas cortadas incluem Ásia-África-Europa 1, Europe India Gateway, Seacom e TGN-Gulf, disse a HGC Global Communications, com sede em Hong Kong. A empresa disse que os cortes afetam 25% do tráfego que flui pelo Mar Vermelho e descreveu a rota como crucial para a transferência de dados da Ásia para a Europa. A companhia ainda anunciou que começou a redirecionar o tráfego.

 

A HGC Global Communications descreveu a linha Seacom-TGN-Gulf como sendo dois cabos separados, quando na verdade é um único cabo na área do corte, conforme explicou Tim Stronge, especialista em cabos submarinos da TeleGeography, uma empresa de pesquisa de mercado em telecomunicações com sede em Washington.

 

Respondendo a perguntas da Associated Press, a Seacom disse que "os testes iniciais indicam que o segmento afetado está dentro das jurisdições marítimas do Iêmen no sul do Mar Vermelho". A empresa informou que está redirecionando o tráfego que conseguiu modificar, embora alguns serviços estejam fora do ar.

 

A Tata Communications, parte do conglomerado indiano e responsável pela linha Seacom-TGN-Gulf, disse à AP que "iniciou ações reparadoras imediatas e apropriadas" depois que a linha foi cortada. "Investimos em vários consórcios de cabos para aumentar a nossa diversidade e, portanto, em situações de corte ou empecilho no cabo, somos capazes de redirecionar automaticamente os nossos serviços", disse Tata.

 

Outras empresas por trás dessas linhas, que fornecem dados para África, Ásia e Médio Oriente, não responderam imediatamente às perguntas da Associated Press na segunda-feira.

 

Houthis culpam EUA e Reino Unido

 

No início de fevereiro, o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen no exílio alegou que os houthis planeavam atacar os cabos. As linhas pareciam ter sido cortadas em 24 de fevereiro, com a organização NetBlocks observando interrupções no acesso à internet na nação do leste africano de Djibouti dois dias depois. A Seacom atende Djibouti. Da mesma forma, houve interrupções no Bahrein, um reino insular no Golfo Pérsico, também atendido pelas linhas.

 

Mas, por sua vez, os houthis negaram ter visado os cabos. Os rebeldes atribuíram as perturbações às operações militares britânicas e norte-americanas, mas não apresentaram provas que apoiassem a acusação e fizeram acusações falsas no passado.

 

"As hostilidades no Iêmen por parte das unidades militares navais britânicas e americanas causaram uma interrupção nos cabos submarinos no Mar Vermelho, o que colocou em risco a segurança das comunicações internacionais e o fluxo normal de informações", disse o Ministério dos Transportes, controlado pelos houthis, da capital Sanaa,

 

Como os cabos foram cortados?

 

Ainda não está claro como os rebeldes poderiam atacar os cabos submarinos. Os houthis não são conhecidos por terem capacidade de mergulho ou salvamento para atingir as linhas, que ficam centenas de metros abaixo da superfície do curso de água.

 

No entanto, os cabos submarinos podem ser cortados pelas âncoras, incluindo aquelas lançadas de alguns dos navios que foram desativados em ataques. Um navio à deriva com a âncora raspando no mar pode ser o culpado.

 

"Nossa equipe acha plausível que possa ter sido afetada pelo arrasto de âncoras, devido à quantidade de tráfego marítimo com que a região lida e ao baixo nível do fundo do mar em muitas partes do Mar Vermelho", disse Seacom. "Isso só poderá ser confirmado quando o navio de reparos estiver no local."

 

Existem agora 14 cabos que atravessam o Mar Vermelho, com outros seis planejados, disse Stronge, especialista em cabos submarinos.

 

"Estimamos que mais de 90% das comunicações entre a Europa e a Ásia atravessam cabos submarinos no Mar Vermelho", disse ele. "Felizmente, as operadoras de telecomunicações incorporaram um alto grau de redundância no sistema - há muitos cabos que atravessam o Mar Vermelho." Fonte: Associated Press.

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve analisar nesta terça-feira, 6, o pedido que pode levar à suspensão cautelar do mandato e à abertura de um processo de cassação do mandato de Gilvan da Federal (PL-ES). No último dia 1, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas", diz o documento assinado pelo presidente da Câmara.

O documento afirma que Gilvan proferiu manifestações "gravemente ofensivas e difamatórias contra deputada licenciada para ocupar cargo de ministra de Estado [Gleisi], em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".

Quais os próximos passos?

Primeiro, o Conselho deve avaliar o pedido de suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan, por um período de seis meses. Posteriormente, será iniciado o processo de instrução, que pode resultar na cassação do mandato. Cabe recurso por parte de Gilvan caso a votação vá a plenário.

O local exato da reunião, marcada para às 11 horas, ainda não foi definido. O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi designado como relator do caso.

Relembre o caso

Durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no dia 29, o deputado proferiu comentários considerados abertamente insultuosos, desrespeitosos e pejorativos em relação à ministra Gleisi. Ainda naquela ocasião, Gilvan também protagonizou um desentendimento com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara.

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht. Além disso, o parlamentar utilizou a palavra "prostituta" ao fazer tais declarações.

Gilvan fazia referência a chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Dias antes, em discussão na Comissão de Segurança Pública sobre um projeto para desarmar a segurança da Presidência da República, Gilvan da Federal afirmou desejar a morte de Lula.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o 'quinto dos inferno' (sic). É um direito meu", disse o deputado federal. "Nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha um 'ataque cardíaco'. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso País. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", prosseguiu.

Após a repercussão negativa e pedidos de investigação sobre a conduta do parlamentar, ele pediu desculpas.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugeriu na última sexta-feira, 2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores poderiam ser todos levados "para a vala". O comentário foi feito durante a cerimônia de inauguração da Escola Estadual Nancy da Rocha Cardoso, localizada em América Dourada, e provocou reações, inclusive, do ex-presidente. Jerônimo Rodrigues se retratou nesta segunda-feira, 5.

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma 'enchedeira'. Sabe o que é uma 'enchedeira'? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala", afirmou o petista.

No X (antigo Twitter) nesta segunda, Bolsonaro afirmou que a declaração se trata de discurso de ódio. "Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu", escreveu Bolsonaro.

"Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de 'liberdade de expressão progressista'", escreveu.

Para o ex-presidente, a verdadeira ameaça à democracia "está no alto da cadeia de poder, onde os que gritam por 'tolerância' e 'combate às fake news' são os mesmos que, na prática, incitam o ódio, mentem descaradamente e permanecem blindados por um sistema que escolheu lado".

"O padrão é claro: só há crime quando convém ao sistema, só há repressão quando o alvo é a oposição", acrescentou.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) acusou o governador da Bahia de adotar um discurso extremista. "Quando eu digo que, se pudesse, esse pessoal matava a gente, duvidam. E ainda tem quem acredita que estamos lidando com apenas políticos com pensamentos contrários - não. São movidos por uma ideologia genocida", escreveu o parlamentar.

Nesta segunda-feira, 5, durante uma visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, Jerônimo Rodrigues afirmou ser contrário a qualquer forma de violência e alegou que suas palavras foram interpretadas "fora de contexto".

"Nós criticamos a forma que alguém deseja a morte do outro. Eu sou uma pessoa religiosa, de família, e não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. Foi descontextualizada (a declaração). Eu apresentei minha inconformação de como o País estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia. Se o termo vala foi pejorativo ou forte, eu peço desculpas. Não tenho problemas em registrar se houve excessos na palavra. Não houve intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém", disse o governador.

A ação que pode cassar o mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) completou, no último dia 30, um ano parada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não há previsão para que seja julgada. Seif é acusado de abuso de poder econômico na eleição de 2022, suspeito de ter recebido doações irregulares do empresário Luciano Hang, dono da Havan.

A autora do pedido é a aliança de partidos composta por União Brasil, Patriota e PSD. A coligação sustenta que Seif teria usado recursos da empresa como assessoria de imprensa e cinco aeronaves de Luciano Hang. O que está em discussão pelos magistrados é se esses serviços, estimados em R$ 380 mil, foram discriminados na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral.

O julgamento teve início em 4 de abril, sendo sucessivamente suspenso e retomado nos dias 16 e 30 daquele mês. Esta foi a última vez em que os magistrados se reuniram para analisar o caso. Na ocasião, o Tribunal decidiu reabrir as investigações e foram expedidas ordens para que novas provas fossem recolhidas.

Na época, a Havan foi oficiada a informar todas as aeronaves que fizeram uso ou que estiveram à disposição da pessoa jurídica da Havan ou de Hang. Além disso, foi solicitado que aeroportos de Santa Catarina enviassem uma lista de todas as decolagens e aterrissagens durante o período da campanha, de 16 de agosto de 2022 a 2 de outubro de 2022. Contudo, desde então, os magistrados não se reuniram novamente para julgar o tema. Também não há uma data marcada.

Em maio de 2025, com a saída do ministro Alexandre de Moraes da presidência do TSE, a prerrogativa de pautar o julgamento do caso ficou com a ministra Carmen Lúcia, nova presidente da Corte.

Seif e Hang negam as irregularidades. O senador é empresário do setor de pesca industrial e pertence ao "núcleo duro" do bolsonarismo, tendo atuado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como secretário nacional de Pesca e Aquicultura. Cassado, Seif permaneceria oito anos inelegível.

Seif foi citado na delação de Mauro Cid como um dos membros de uma ala "radical" do entorno do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo apoiaria iniciativas que pudessem reverter o resultado eleitoral de 2024, como uma alegação de fraude nas urnas.

O senador esteve no baile da posse de Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele foi fotografado ao lado do blogueiro e foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos, e do ex-apresentador Paulo Figueiredo, indiciado no inquérito de tentativa de golpe.