Primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, renuncia ao cargo em meio à onda de violência

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O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, concordou na noite desta segunda-feira, 11, em renunciar ao cargo, anunciou o atual presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que realizou uma reunião urgente na Jamaica com autoridades, incluindo o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e membros da Comunidade do Caricom.

 

Os líderes caribenhos disseram que "reconhecem a renúncia do primeiro-ministro haitiano Ariel Henry" assim que um conselho presidencial de transição for criado e um primeiro-ministro interino for nomeado.

 

"Tomamos nota da renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry", declarou Mohamed Irfaan Ali, presidente da Guiana e da Caricom, anunciando "um acordo de governança de transição que abre caminho para uma transição pacífica de poder".

 

Eles se reuniram a portas fechadas por várias horas para discutir como contenha a violência crescente no Haiti. Henry não compareceu à reunião e não pôde ser contatado imediatamente para comentar o assunto. No entanto, a renúncia foi confirmada em conversa telefônica com Antony Blinken, informou uma autoridade dos EUA.

 

Antes de compartilhar os detalhes do conselho de transição proposto, Ali disse: "Quero fazer uma pausa e agradecer ao primeiro-ministro Henry por seu serviço ao Haiti". "Está claro que o Haiti está agora em um ponto crítico", disse ele. "Estamos profundamente angustiados com o fato de que já é tarde demais para muitos que perderam muito nas mãos de gangues criminosas."

 

Henry, que enfrentou apelos para renunciar ou concordar com um conselho de transição, ficou preso fora de seu próprio país em viagem ao exterior, devido ao aumento da agitação e da violência por parte de gangues criminosas que invadiram grande parte da capital do Haiti e fecharam seus principais aeroportos internacionais. Henry permaneceu em Porto Rico e estava tomando medidas para retornar ao Haiti quando fosse possível, de acordo com uma breve declaração do Departamento de Estado do território americano.

 

Blinken também anunciou outros US$ 33 milhões em ajuda humanitária e a criação de uma proposta conjunta acordada pelos líderes caribenhos e "todas as partes interessadas do Haiti para acelerar uma transição política" e criar um "colégio presidencial". Ele disse que o colégio tomaria "medidas concretas" que ele não identificou para atender às necessidades do povo haitiano e permitir o destacamento pendente da força multinacional a ser liderada pelo Quênia.

 

A proposta conjunta tem o apoio do bloco comercial regional Caricom. "Acho que todos concordamos: o Haiti está à beira do desastre", disse Ali. Ali disse que está "muito confiante de que encontramos pontos em comum" para apoiar o que ele descreveu como uma solução liderada e de propriedade dos haitianos.

 

Caos

 

Enquanto os líderes se reuniam a portas fechadas, Jimmy Chérizier, considerado o líder de gangue mais poderoso do Haiti, disse aos repórteres que, se a comunidade internacional continuar no caminho atual, "isso mergulhará o Haiti em um caos ainda maior".

 

"Nós, haitianos, temos que decidir quem será o chefe do país e que modelo de governo queremos", disse Chérizier, um ex-policial de elite conhecido como Barbecue, que lidera uma federação de gangues conhecida como G9 Family and Allies. "Também vamos descobrir como tirar o Haiti da miséria em que se encontra agora."

 

A reunião na Jamaica foi organizada pelo Caricom, que há meses pressiona por um governo de transição no Haiti, enquanto os protestos no país exigem a renúncia de Henry.

 

"A comunidade internacional deve trabalhar junto com os haitianos para uma transição política pacífica", escreveu o secretário adjunto dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, no X, antigo Twitter. Nichols participará da reunião

 

As preocupações permanecem de que uma solução há muito procurada continuará a ser ilusória. A Caricom disse em uma declaração na sexta-feira anunciando a reunião urgente na Jamaica que, embora "estejamos fazendo um progresso considerável, as partes interessadas ainda não estão onde precisam estar".

 

Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados, disse que até 90% das propostas que as partes interessadas haitianas apresentaram são semelhantes. Essas propostas incluem uma "necessidade urgente" de criar um conselho presidencial para identificar um novo primeiro-ministro para estabelecer um governo.

 

Seus comentários foram transmitidos brevemente pela Caricom, no que parece ter sido um erro, e depois foram abruptamente interrompidos.

 

A reunião foi realizada enquanto gangues poderosas continuavam a atacar alvos importantes do governo em toda a capital do Haiti, Porto Príncipe. Desde 29 de fevereiro, homens armados queimaram delegacias de polícia, fecharam os principais aeroportos internacionais e invadiram as duas maiores prisões do país, libertando mais de 4 mil detentos.

 

Muitas pessoas foram mortas e mais de 15 mil estão desabrigadas após fugirem de bairros invadidos por gangues. Os alimentos e a água estão se esgotando à medida que as barracas e lojas que vendem para os haitianos pobres ficam sem produtos. O principal porto de Porto Príncipe continua fechado, deixando dezenas de contêineres com suprimentos essenciais retidos.

 

No final da segunda-feira, o governo haitiano anunciou que estava estendendo o toque de recolher noturno até 14 de março, em uma tentativa de evitar novos ataques. (Com agências internacionais).

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A reprovação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu a pior marca desde janeiro de 2023, segundo pesquisa de avaliação de governo CNT. Para 32% dos entrevistados, o governo do petista é "péssimo", enquanto 12% avaliam a gestão federal como "ruim".

A soma das avaliações "péssimo" e "ruim" é de 44%, tendo crescido 13 pontos porcentuais desde a rodada anterior do levantamento, em novembro de 2024.

A avaliação positiva a Lula é de 28,7%. Para 19,4% dos entrevistados, o governo do petista é "bom", enquanto 9,3% avaliam a gestão como "ótima".

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A essa altura do mandato, com dois anos de governo, o índice de 44% de reprovação é o pior na série histórica. Lula igualou o governo de Michel Temer (MDB), que registrou o mesmo índice de avaliação em fevereiro de 2017. No caso de Temer, o marco de dois anos considera o início da gestão Dilma Rousseff, em janeiro de 2015.

O petista também superou seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que registrava 36% de avaliação negativa ao seu governo a essa altura do mandato.

Numericamente, o pior desempenho do governo Lula é entre evangélicos. Nesse segmento, 54% avaliam de forma negativa a gestão do presidente.

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O cenário ocorre na esteira de episódios como a crise da suposta taxação do Pix. Como mostrou o Estadão, o "tombo" na avaliação do governo precipitou a reforma ministerial. Lula buscará novos ministros com o objetivo de imprimir marcas à gestão a tempo das eleições de 2026.

Pesquisa CNT divulgada nesta terça-feira, 25, mostra que as avaliações negativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dobraram no Nordeste em um período próximo a um ano. A região é tida como um reduto petista nas últimas décadas. Nos últimos anos, o PT conseguiu eleger governadores apenas em Estados nordestinos, como Piauí, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

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Como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a pesquisa CNT reforçou a tendência de queda na popularidade do presidente Lula. As avaliações positivas da gestão caíram de 35% para 29% de novembro de 2024 para fevereiro de 2025, seguindo a tendência já mostrada nas últimas pesquisas do Datafolha e da Quaest. As avaliações negativas subiram de 31% para 44% no mesmo período.

A percepção negativa sobre o governo Lula aumentou entre os mais pobres e na classe média. Entre as pessoas que ganham até dois salários mínimos, 24% classificavam o governo como ruim ou péssimo em novembro de 2024. Agora, são 35%. Entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos, 33% afirmavam que o governo era ruim ou péssimo no fim do ano passado. Agora, são 49%.

O ex-secretário de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro (PL), Fábio Wajngarten, repassou pelo X (antigo Twitter), uma orientação "expressa" do ex-presidente para os atos planejados pela oposição para o dia 16 de março. Segundo ele, Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia determinaram que um único ato seja realizado no Rio de Janeiro.

"Qualquer chamamento diferente é oportunismo político de quem não acolhe os pedidos do presidente", escreveu Wajngarten em seu perfil na rede social nesta segunda-feira, 24.

A motivação seria o receio de Bolsonaro de que manifestações em outros Estados saíssem do controle e pudessem ser usadas contra ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista ao portal Claudio Dantas, Bolsonaro disse que "no 'after day", quando estoura, sempre estoura no meu colo".

O STF julgará a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponta o ex-presidente como o líder de trama golpista que teria como finalidade a dissolução do Estado democrático de direito. Outros 33 foram denunciados.

De acordo com Bolsonaro, o mote dos atos do dia 16, em Copacabana, serão "Fora Lula 2026", "Anistia Já", liberdade de expressão, segurança e custo de vida. Ele espera poder reunir um milhão de manifestantes na praia da capital carioca.

A aceitação da decisão do ex-presidente sobre a unificação dos protestos não foi unânime. Enquanto atos foram cancelados em Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se pronunciou pela manutenção do evento na Avenida Paulista, em São Paulo. "Estarei tanto em Copacabana pela manhã, atendendo a convocação de nosso presidente, como na Paulista", informou.

Principal mobilizador dos atos em Minas Gerais, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também usou o X para comentar o cancelamento do ato em Belo Horizonte. "Como eu não estava organizando a manifestação [em BH], não tinha o poder de cancelar, somente de apoiar. Até então, estava mantida. Agora, não mais, pelo que soube", disse.

Em Goiânia, o cancelamento foi anunciado pelo deputado Gustavo Gayer (PL-GO). "Devemos concentrar esforços para o Rio de Janeiro", escreveu.

Nesta segunda-feira, 24, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou, pelo Instagram, os apoiadores para as manifestações em Copacabana. "Pessoas de bem, juntas pelo futuro do Brasil", escreveu.