Vitória de Putin significa mais 6 anos de guerra e tensão com ocidente

Internacional
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Vladimir Putin se encaminha para mais um mandato de seis anos como presidente da Rússia. Há pouco drama na disputa. O que ele vai fazer depois de declarar a vitória é o que está chamando a atenção e provocando ansiedade.

A votação que termina neste domingo, 17, lhe dará um novo mandato até 2030. O peso desse longo mandato e a supressão completa de vozes da oposição dão a Putin um poder quase irrestrito. A posição é reforçada pela resiliência da economia russa, apesar das sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia.

A força de Putin também vem dos avanços incrementais, mas consistentes, no campo de batalha, pelo apoio cada vez menor dos EUA e de outros países à Ucrânia. Em resumo, Putin entra em um novo mandato com poucas restrições, e isso pode incentivar medidas importantes.

Futuro

"A eleição presidencial da Rússia não é tão importante quanto o que virá depois. Putin sempre adiou medidas impopulares para depois das eleições", disse Bryn Rosenfeld, professor da Universidade de Cornell, que estuda a política pós-comunista.

Provavelmente, a medida mais impopular que ele poderia tomar seria ordenar uma segunda mobilização militar para lutar na Ucrânia; a primeira, em setembro de 2022, provocou protestos e uma onda de russos fugiu do país para evitar ser convocada. Por mais impopular que uma segunda mobilização possa ser, ela também poderia apaziguar os parentes dos soldados que foram convocados há 18 meses.

Algumas pessoas na Rússia acreditam que isso pode acontecer. "Os líderes russos estão falando em consolidar toda a sociedade em torno de suas necessidades de defesa", disse Brian Michael Jenkins, consultor do centro de estudos Rand Corporation. "O significado exato dessa frase não está totalmente claro, mas sugere que a liderança da Rússia entende que a guerra descrita por Putin continuará por muito tempo e, portanto, os recursos devem ser mobilizados. Em outras palavras, a sociedade russa deve ser organizada para uma guerra perpétua."

Mas Tatiana Stanovaia, do Carnegie Russia Eurasia Center, diz que Putin não precisa de uma mobilização, em parte porque muitos russos de regiões mais pobres se alistaram para lutar e obter um salário mais alto. "Além disso, a aparente confiança de Putin de que a guerra está virando a favor da Rússia, provavelmente, fará com que ele continue a insistir que a única maneira de acabar com o conflito é a Ucrânia sentar-se à mesa de negociações. O que significa capitulação."

Teste

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler da Polônia, Radek Sikorski, disseram recentemente que o envio de tropas à Ucrânia é uma possibilidade. Com essas declarações em mente, Putin pode estar motivado a testar a determinação da Otan.

Alexandra Vacroux, diretora do Davis Center, da Universidade Harvard, diz que, dentro de alguns anos, a Rússia fará uma tentativa de avaliar o compromisso da Otan com o Artigo 5, a garantia de defesa mútua, segundo a qual um ataque a um membro é considerado um ataque a todos.

"Não acho que Putin pense que precisa ser mais forte do que todos os outros países. Ele só precisa que eles sejam mais fracos e mais fraturados. Portanto, a questão para ele é como posso tornar todos os outros mais fracos?", disse Vacroux. "Portanto, para fazer isso, é preciso encontrar uma situação em que se possa testar o Artigo 5. Se a resposta for branda ou incerta, você mostrou que a Otan é apenas um tigre de papel."

A agressividade de Putin preocupa especialmente os países que foram satélites da União Soviética. Um deles é a Moldávia. Embora não seja um membro da Otan, o governo moldávio teme se tornar um alvo russo. Desde a invasão da Ucrânia, o país suspeita que será o próximo alvo do Kremlin.

O Congresso na região separatista da Transdnístria, na Moldávia, onde a Rússia tem 1.500 soldados, apelou a Moscou por "proteção" diplomática devido à suposta pressão crescente da Moldávia.

"Esse apelo deixa muito espaço para uma escalada", disse Cristain Cantir, professor de relações internacionais da Moldávia na Universidade de Oakland. "Acho que é útil ver o Congresso e a resolução como um aviso à Moldávia de que a Rússia pode se envolver mais na Transdnístria se os moldávios não fizerem concessões."

Restrições

Na frente interna, medidas mais repressivas também podem vir em um novo mandato de Putin, mesmo que oposição e mídia independente já estejam silenciadas. No ano passado, a Rússia proibiu o movimento LGBT+, declarando-o extremista e uma influência ocidental, que bate de frente com os valores tradicionais da Igreja Ortodoxa.

Os tribunais também proibiram a transição de gênero. Ben Noble, professor da University College London, disse acreditar que a comunidade LGBT+ pode enfrentar mais repressão em um novo mandato de Putin. "Na visão do Kremlin, eles são uma importação do Ocidente decadente", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o início dos pagamentos do programa Pé-de-Meia e confirmou a gratuidade dos 41 medicamentos do Farmácia Popular, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, nesta segunda-feira, 24. As falas ocorrem em meio à queda na popularidade do petista, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Lula destacou que os pagamentos do programa Pé-de-Meia começam a ser feitos nesta terça-feira, 25. O benefício, no valor de R$ 1.000, será pago a estudantes que concluíram o ensino médio e atenderam aos critérios do programa. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e que a iniciativa já atende mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

O programa prevê o pagamento mensal de R$ 200 aos estudantes que frequentam as aulas regularmente, podendo chegar a um total de R$ 9.200 para aqueles que concluírem o ciclo escolar e realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. A partir de agora, todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. O presidente destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 24, que não tem motivos para ser impedido de participar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

A defesa do ex-presidente informou que vai pedir o impedimento dele. O requerimento terá como base uma queixa-crime movida por Dino contra Bolsonaro em 2021.

"Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", disse o ministro a jornalistas antes de uma palestra na PUC de São Paulo.

"O Supremo é composto por 11 ministros. Todos chegaram lá do mesmo modo. Todos os ministros foram escolhidos por presidentes da República e aprovados no Senado. Existem ministros indicados por cinco presidentes da República diferentes", acrescentou.

Flávio Dino afirmou ainda que o julgamento "vai se dar de acordo com as regras do jogo previstas na lei e no regimento interno, com isenção e com respeito à ampla defesa".

A expectativa é que a votação sobre o recebimento da denúncia ocorra na Primeira Turma do STF, o que também contraria a defesa de Bolsonaro. O ex-presidente quer ser julgado no plenário. Hoje, pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

"Todos os outros casos criminais estão sendo julgados nas turmas. Isso já vem de alguns anos. Então, para haver uma mudança nisso, seria preciso rever o regimento interno", declarou. "Pode mudar de novo? Pode. Mas isso depende da presidência. E os advogados podem fazer os pedidos que entenderem necessários."

Relator dos processos sobre a distribuição de emendas, que pressionam o Congresso para dar mais transparência aos repasses, Flávio Dino disse que espera avançar em um consenso na reunião prevista nesta semana.

"O que é importante é compreender que existe um sentido de cumprimento da Constituição. E a minha expectativa é positiva, no sentido de que novos passos serão dados, o que não significa que os processos vão ser finalizados."

Mais cedo, o ministro esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Durante a palestra aos calouros do Largo do São Francisco, rebateu as críticas por decisões "ativistas". "Nenhum ministro do Supremo foi visto de toga ou sem ela, de capa ou sem ela, correndo na Praça dos Três Poderes atrás de processos", disparou Dino.

O ministro defendeu que o volume de direitos previstos na Constituição de 1988 e de políticas públicas constitucionalizadas, somado ao rol de atores legitimados a acionar o STF, abre caminho para a intervenção do tribunal em diferentes assuntos sociais, políticos e econômicos.

"Os tempos são outros, e obrigaram a que o STF, esse terceiro poder, outrora desconhecido, se tornasse de algum modo partícipe da vida das pessoas, e isto não é derivado de uma deformação moral, ou de uma opção individual dos atuais jogadores do Supremo", disse aos calouros.

O ministro afirmou também que, quando é acionado, o STF não poder se omitir, caso contrário se tornará uma instituição "acovardada, omissa, prevaricadora".

Dino adereçou, por exemplo, a decisão em que ele determinou que o município de São Paulo retomasse a cobrança de serviços cemiteriais e funerários em valores anteriores à concessão dessas atividades à iniciativa privada.

"Eu só posso falar nos autos ou em palestra, então me perdoem o desabafo. O que é mais fundamental do que o direito de uma família conseguir sepultar com dignidade o seu ente querido, sem ser submetido a uma situação de vexame? O que pode ser mais fundamental do que isto?"