Entenda a política 'tolerância zero' que Bukele adotou para o combate ao crime em El Salvador

Internacional
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Em fevereiro, Nayib Bukele foi reeleito presidente de El Salvador com esmagadores 85% dos votos, em comparação a apenas 6,5% do opositor Manuel Flores, do FMLN. Grande parte de tal popularidade se deve a suas medidas de tolerância zero contra o crime, que reduziram drasticamente as taxas de criminalidade no país, sob denúncias de violações de direitos humanos e aumento do autoritarismo.

Desde que Bukele assumiu presidência em primeiro turno, em 2019, o número de homicídios dolosos baixou de 38 por 100 mil habitantes naquele ano para 7,8 em 2022, bem inferior à média latino-americana, de 16,4, no mesmo ano. As estimativas chamam ainda mais atenção a longo prazo: em 2015, o país centro-americano tinha uma taxa de 106,3 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em 2023, a taxa foi de apenas 1,7 homicídio por 100 mil.

O marco principal para chegar nesses índices foi o estado de exceção, decretado em março de 2022. Naquele mês, gangues mataram 87 pessoas em 3 dias, e presidente salvadorenho pediu ao Congresso que decretasse um regime de exceção, renunciando a muitos direitos constitucionais para combater as gangues que aterrorizaram a nação centro-americana.

A declaração, que suspendia alguns direitos fundamentais, como o acesso a um advogado e a explicação do motivo da prisão, foi renovada pelo Congresso todos os meses desde então. Desde então, El Salvador prendeu 80 mil pessoas - mais de 1% da população do país -, muitas vezes com poucas provas das suas ligações a gangues e quase nenhum acesso ao devido processo.

O governo já teve de libertar 7 mil pessoas devido à falta de provas. Mesmo assim, a política de Bukele inspira vizinhos latinos, como Equador, por exemplo, que têm debatido a adoção de muitas das mesmas medidas drásticas para combater a violência do crime em seus países.

Prisões em massa

Os grupos criminosos do país, também conhecidos como "maras", eram considerados, de maneira geral, os principais responsáveis pelos altos índices de violência. Eles exercem um controle territorial e se financiam por meio da extorsão e do tráfico de drogas. Nas áreas dominadas por gangues, como a MS-13 e a Barrio 18, o governo salvadorenho aumentou o do efetivo policial e militar nas ruas, com o objetivo de reforçar a presença do Estado, e implementou operações de segurança em comunidades específicas para desarticular as estruturas criminosas, com a detenção de suspeitos e a apreensão de armas.

Cercos militares em cidades e municípios também foram impostos como uma medida para desarticular facções. Como estratégia, soldados e policiais param ônibus e veículos particulares para solicitar a identificação das pessoas e evitar que membros de gangues "fujam" da Justiça.

Com maior presença policial, porém, paradas policiais nas ruas e nas residências tornaram-se comuns. Em muitas delas, militares e policiais capturam pessoas e as prendem indefinidamente sem fornecer explicações ou conceder acesso a representação legal.

Ao abrigo dos poderes especiais, o direito de associação é suspenso, a polícia não tem de informar a pessoa que está a ser detida ou informá-la dos seus direitos. Alguém preso não tem direito a advogado e pode ficar detido por 15 dias sem ver um juiz, em vez das 72 horas anteriores.

'Megaprisão'

Um dos grandes símbolos das medidas de Bukele foi a construção do Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) - a chamada "megaprisão", definida por Bukele como a maior penitenciária do continente americano, inaugurada em fevereiro de 2023.

A ampla construção a 72 quilômetros de San Salvador, em outubro de 2023, já abrigava 12 mil supostos membros de gangue, cerca de um quarto de sua capacidade de 40 mil presos. Lá, os prisioneiros não recebem visitas e não há programas de reinserção na sociedade após a pena.

Medidas rigorosas também foram implementadas dentro das demais prisões, incluindo o bloqueio de sinais de celulares e a restrição de visitas, para impedir que líderes de gangues continuem a comandar atividades criminosas de dentro das cadeias.

Há relatos críveis de que detentos têm sido torturados. Em abril deste ano, a organização Humanitarian Legal Relief denunciou que pelo menos 241 pessoas morreram nas prisões de El Salvador desde o início da guerra às gangues de Bukele. Ingrid Escobar, diretora da organização de direitos humanos, disse ter recebido 500 relatos de mortes sob custódia do Estado, mas confirmou cerca de metade, incluindo dois menores. (Com agências internacionais).

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O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o início dos pagamentos do programa Pé-de-Meia e confirmou a gratuidade dos 41 medicamentos do Farmácia Popular, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, nesta segunda-feira, 24. As falas ocorrem em meio à queda na popularidade do petista, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Lula destacou que os pagamentos do programa Pé-de-Meia começam a ser feitos nesta terça-feira, 25. O benefício, no valor de R$ 1.000, será pago a estudantes que concluíram o ensino médio e atenderam aos critérios do programa. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e que a iniciativa já atende mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

O programa prevê o pagamento mensal de R$ 200 aos estudantes que frequentam as aulas regularmente, podendo chegar a um total de R$ 9.200 para aqueles que concluírem o ciclo escolar e realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. A partir de agora, todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. O presidente destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 24, que não tem motivos para ser impedido de participar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

A defesa do ex-presidente informou que vai pedir o impedimento dele. O requerimento terá como base uma queixa-crime movida por Dino contra Bolsonaro em 2021.

"Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", disse o ministro a jornalistas antes de uma palestra na PUC de São Paulo.

"O Supremo é composto por 11 ministros. Todos chegaram lá do mesmo modo. Todos os ministros foram escolhidos por presidentes da República e aprovados no Senado. Existem ministros indicados por cinco presidentes da República diferentes", acrescentou.

Flávio Dino afirmou ainda que o julgamento "vai se dar de acordo com as regras do jogo previstas na lei e no regimento interno, com isenção e com respeito à ampla defesa".

A expectativa é que a votação sobre o recebimento da denúncia ocorra na Primeira Turma do STF, o que também contraria a defesa de Bolsonaro. O ex-presidente quer ser julgado no plenário. Hoje, pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

"Todos os outros casos criminais estão sendo julgados nas turmas. Isso já vem de alguns anos. Então, para haver uma mudança nisso, seria preciso rever o regimento interno", declarou. "Pode mudar de novo? Pode. Mas isso depende da presidência. E os advogados podem fazer os pedidos que entenderem necessários."

Relator dos processos sobre a distribuição de emendas, que pressionam o Congresso para dar mais transparência aos repasses, Flávio Dino disse que espera avançar em um consenso na reunião prevista nesta semana.

"O que é importante é compreender que existe um sentido de cumprimento da Constituição. E a minha expectativa é positiva, no sentido de que novos passos serão dados, o que não significa que os processos vão ser finalizados."

Mais cedo, o ministro esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Durante a palestra aos calouros do Largo do São Francisco, rebateu as críticas por decisões "ativistas". "Nenhum ministro do Supremo foi visto de toga ou sem ela, de capa ou sem ela, correndo na Praça dos Três Poderes atrás de processos", disparou Dino.

O ministro defendeu que o volume de direitos previstos na Constituição de 1988 e de políticas públicas constitucionalizadas, somado ao rol de atores legitimados a acionar o STF, abre caminho para a intervenção do tribunal em diferentes assuntos sociais, políticos e econômicos.

"Os tempos são outros, e obrigaram a que o STF, esse terceiro poder, outrora desconhecido, se tornasse de algum modo partícipe da vida das pessoas, e isto não é derivado de uma deformação moral, ou de uma opção individual dos atuais jogadores do Supremo", disse aos calouros.

O ministro afirmou também que, quando é acionado, o STF não poder se omitir, caso contrário se tornará uma instituição "acovardada, omissa, prevaricadora".

Dino adereçou, por exemplo, a decisão em que ele determinou que o município de São Paulo retomasse a cobrança de serviços cemiteriais e funerários em valores anteriores à concessão dessas atividades à iniciativa privada.

"Eu só posso falar nos autos ou em palestra, então me perdoem o desabafo. O que é mais fundamental do que o direito de uma família conseguir sepultar com dignidade o seu ente querido, sem ser submetido a uma situação de vexame? O que pode ser mais fundamental do que isto?"