Tentativa de reduzir isolamento, visita de Putin a Kim inquieta EUA e China

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A cooperação militar e econômica cada vez mais profunda entre Rússia e Coreia do Norte tem ajudado a sustentar a guerra do Kremlin na Ucrânia e oferecido a Pyongyang um impulso tecnológico. Ao mesmo tempo, ela alimenta a inquietação na China e no Ocidente sobre essa relação cada vez mais profunda entre dois países autoritários.

 

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarcou na madrugada desta quarta-feira, 19, (terça-feira, 18, pelo horário de Brasília) na Coreia do Norte, depois de dizer que os dois países querem cooperar estreitamente para superar as sanções lideradas pelos EUA. Putin foi recebido pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, na pista do aeroporto.

 

Nos últimos meses, a Rússia expansionista e a reclusa Coreia do Norte trocaram de tudo, desde alimentos e óleo até armas. À medida que a guerra do Kremlin na Ucrânia se arrasta, Putin tem procurado Kim para ajudar a reabastecer seu arsenal esgotado. Em troca, Moscou planeja transferir tecnologia militar para Pyongyang, armada nuclearmente, uma medida que fortaleceria ainda mais as capacidades do Estado renegado, deixando o Ocidente inquieto. A visita de Putin à Coreia do Norte é apenas a segunda à nação reclusa em mais de duas décadas.

 

O encontro serve a um propósito duplo para os líderes. Segundo analistas, cada um quer extrair mais do outro enquanto preocupa o Ocidente. Para Washington, a cooperação militar entre seus adversários autoritários aumenta o potencial para conflitos regionais prolongados. Um crescente risco nuclear e a preocupação com os mísseis norte-coreanos, o que poderia desencadear uma maior presença militar dos EUA na região, também incomoda a China.

 

"A situação no mundo, incluindo a região da Ásia-Pacífico, é muito tensa", disse Alexander Zhebin, pesquisador no Centro de Estudos Coreanos da Academia Russa de Ciências no Instituto de China e Ásia Contemporânea. "Para a Rússia, fortalecer laços e manter cooperação com todos os que apoiam sua política é obviamente muito importante, agora mais do que nunca."

 

Passagem livre

 

A Coreia do Norte também está entre os únicos países aos quais Putin pode viajar sem medo de ser preso desde que o Tribunal Penal Internacional emitiu uma ordem de prisão contra ele. Pyongyang não reconhece o tribunal.

 

Do aeroporto, os dois líderes seguiram no carro particular de Putin a caminho da casa de hóspedes de Estado da Coreia do Norte. "Eles trocaram pensamentos e abriram suas mentes para uma colaboração mais ampla", relatou a mídia estatal de Pyongyang.

 

A Coreia do Norte já entregou mais de 10 mil contêineres de munições ou material relacionado à Rússia desde que Putin e Kim se encontraram na Rússia, em setembro, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA. Rússia e Coreia do Norte negam o comércio de armas. As transferências de armas da Coreia do Norte violam pelo menos dez resoluções do Conselho de Segurança.

 

Em fevereiro, o ministro da Defesa da Coreia do Sul disse que a Rússia estava fornecendo ao Norte alimentos, matérias-primas e peças para fabricação de armas em troca dos milhões de projéteis de artilharia que Pyongyang estava enviando.

 

Para Kim, um relacionamento próximo com a Rússia permitiu que seu país adquirisse moeda estrangeira vendendo armas, evitando sanções e ganhando apoio para seu ambicioso programa de satélites espiões, que incomoda os EUA.

 

O Kremlin defendeu sua parceria com Pyongyang. Mas, segundo Peter Ward, pesquisador da Coreia do Norte no Instituto Sejong, em Seul, a Rússia pode estar cautelosa em ceder tecnologia avançada relacionada ao seu programa de mísseis balísticos intercontinentais, especialmente porque perturbaria amigos como a China. Pequim vê o crescente programa de armas da Coreia do Norte como uma ameaça à região.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou a devolução de celulares, computadores, veículos e joias apreendidos pela Polícia Federal na Operação 18 Minutos, que mira suspeitas de corrupção no Tribunal de Justiça do Maranhão.

A decisão foi tomada após a conclusão do inquérito. A PF indiciou três desembargadores e dois juízes por suposta participação em fraudes processuais em troca de propinas.

O ministro justificou que, encerrado o inquérito e a fase de coleta de provas, a retenção dos bens não é mais necessária. "As diligências investigativas atingiram sua finalidade, permitindo que as apurações avancem sem a necessidade de perpetuação de medidas cautelares que impliquem o agravamento da situação dos investigados", diz um trecho da decisão.

Noronha menciona que o Código Penal assegura a restituição de itens apreendidos na investigação criminal "sempre que cessada sua utilidade para o processo investigativo".

"As medidas cautelares não podem se transvestir em penas antecipadas, devendo permanecer estritamente vinculadas à finalidade processual ou investigativa que justificou sua decretação", complementou o ministro.

Somados, os bens apreendidos e o dinheiro bloqueado na Operação 18 Minutos somaram mais de R$ 29 milhões. A ordem inicial de bloqueio era de R$ 17 milhões. Esse foi outro motivo que levou o ministro a liberar os objetos e veículos.

"Considerando os valores apreendidos, que se manterão acautelados, entendo que a manutenção de bens como telefones, computadores, laptops, veículos e joias não encontra justificativa no momento atual."

A decisão sobre a devolução dos bens aos magistrados foi noticiada inicialmente pelo portal Direito e Ordem e confirmada pelo Estadão.

A operação investigou um esquema de corrupção e fraudes na liberação relâmpago de alvarás para pagamento de honorários advocatícios de grandes valores. O nome 18 Minutos batizou a investigação porque esse foi o tempo que decorreu entre uma autorização judicial e o levantamento de grande soma junto ao banco.

A PF indiciou os desembargadores Luiz Gonzaga Almeida Filho, Nelma Celeste Souza Silva Sarney, cunhada do ex-presidente José Sarney, e Antônio Pacheco Guerreiro Junior e dois juízes de primeiro grau. O Estadão já pediu manifestação dos magistrados. O espaço permanece aberto

A repercussão da vitória de Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional no Oscar conseguiu superar a polarização do debate político brasileiro nas redes sociais, aponta um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). A avaliação é que predominaram publicações que exaltam o orgulho pela cultura nacional e que representam o Brasil de forma positiva para o restante do mundo, escanteando os conflitos políticos entre direita e esquerda.

O levantamento também identificou que houve baixo engajamento de perfis alinhados à direita, com poucas contas parabenizando os responsáveis pelo filme ou comentando a vitória.

À esquerda o movimento foi na direção oposta: as publicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - que assim como o ex-deputado Rubens Paiva, cuja história é narrada no filme, foi presa e torturada pela ditadura militar - estiveram entre as com maior volume de interações.

"Foi interessante o silêncio da direita. Não conseguiram construir nenhum argumento crítico contrário. Soaria impatriótico, desumano e não engajaria", analisou o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da FGV e um dos responsáveis pelo estudo.

Ele avalia que o filme consegue ser patriótico sem ser chauvinista ou reacionário, ao mesmo tempo que transmite uma mensagem de força e potência das mulheres ao narrar a reconstrução pessoal de Eunice Paiva e de sua família.

"Isso dá pista de haver uma fresta para o Brasil se unir e se reinventar quebrando a polarização com base em valores universais e um repertório cultural mais amplo", diz o sociólogo. "É uma pista para a política agora e em 2026", acrescentou.

A vitória de Ainda Estou Aqui gerou cerca de 4 milhões de publicações no X, no Instagram, no YouTube e em sites de notícia e ultrapassou 75 milhões de engajamento geral no Facebook, no X e no Instagram. As publicações sobre a obra na conta oficial da Academia no Instagram (@theacademy) foram responsáveis por 30% de todas as interações do perfil em 2025. Foram 3,8 milhões de interações e 24 milhões de visualizações.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) quer reunir informações contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) para defender a atual ocupante do posto, Rosângela da Silva, a Janja, de críticas da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar enviou ofícios à Polícia Federal, à Casa Civil e à Controladoria Geral da União (CGU) pedindo informações sobre viagens, gastos e investigações em andamento contra a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Farias, que é líder da bancada do PT, indicou que as respostas dos órgãos servirão como base para ações na Câmara dos Deputados para desgastar Michelle. "Cada requerimento contra Janja, nós vamos apresentar 2 contra Michelle Bolsonaro. A turma da rachadinha com cartão corporativo não tem moral. Vamo [sic] pra cima", escreveu o deputado nas redes sociais.

Janja tem sido criticada por opositores por gastos em viagens ao exterior e por ter um gabinete informal no governo Lula mesmo sem ter um cargo na gestão federal. Como mostrou o Estadão, ela tem uma equipe com 12 assessores que até o final do ano passado tinha gastado R$ 1,2 milhão em viagens. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República diz que servidores exercem funções fixadas em lei.

O PL Mulher, que é comandado por Michelle Bolsonaro, disse em nota que o petista "requentou uma série de denúncias mentirosas" contra a ex-primeira-dama. "Isso constitui uma louca tentativa de fazer desviar os olhos da população dos recentes escândalos do governo petista, da alta dos preços dos alimentos e da gasolina, bem como das gafes e gastos da atual primeira-dama", disse o órgão partidário.

Lindbergh questionou a Polícia Federal e a CGU se os órgãos abriram investigações sobre supostos desvios de recursos públicos durante o governo Bolsonaro com o objetivo de pagar despesas da ex-primeira-dama. Ele também entrou com uma representação criminal para o Ministério Público Federal investigar o caso.

Mensagens encontradas no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, mostram pedidos de assessoras de Michelle para que ele fizesse depósitos em dinheiro vivo na conta da ex-primeira-dama e também realizasse saques para o pagamento das contas. A mulher de Jair Bolsonaro também utilizava o cartão de crédito de uma amiga, assessora parlamentar no Senado, para alguns gastos.

O líder do PT na Câmara perguntou à Casa Civil, comanda por Rui Costa (PT), quantas viagens a ex-primeira-dama realizou durante o governo Bolsonaro, quanto custaram os voos e se eles foram pagos com dinheiro público, além das justificativas para os deslocamentos.

Lindbergh Farias também perguntou à pasta o que foi feito para seguir a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o programa Pátria Voluntária, criado pelo governo Bolsonaro e comandado por Michelle para incentivar o voluntariado no Brasil. O TCU constatou em uma auditoria finalizada em 2023 que não havia critérios objetivos para selecionar as instituições sociais que receberiam recursos do programa e sugeriu à pasta que dessa transparência à prestação de contas das entidades que foram beneficiadas.