Bolívia faz 17 novas prisões ligadas a tentativa de golpe

Internacional
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O governo da Bolívia anunciou nesta quinta-feira, 27, a prisão de 17 pessoas, incluindo militares ativos e reformados, além de vários civis, por suposta ligação com a fracassada tentativa de golpe de Estado na quarta-feira.

 

O ministro do Interior boliviano, Eduardo del Castillo, afirmou ontem que o golpe vinha sendo planejado havia três semanas, com a participação de um grupo de soldados. Segundo ele, o governo chegou a receber informações sobre tentativas de desestabilização, mas não se imaginava nada dessa magnitude.

 

O governo apresentou 15 dos capturados, que estavam algemados, vestiam coletes à prova de balas e eram vigiados por efetivos policiais. Segundo Castillo, outros três suspeitos estavam sendo procurados. Entre os civis presos está Aníbal Aguilar, um ex-vice-ministro dos anos 80 que coordenava o programa de erradicação do cultivo ilegal de coca.

 

Um dia após a tentativa de golpe fracassada em La Paz, o clima era de tensão política no país ontem. A tropa de choque redobrou a segurança em torno do palácio presidencial, que na véspera foi cercado por militares e blindados que tentaram invadir a sede do governo a mando do ex-comandante do Exército, o general Juan José Zuniga.

 

O governo da Bolívia negou que tenha forjado a tentativa de golpe, como acusou o general, ao ser detido. Com o general, na quarta-feira, 26, foi preso o vice-almirante Juan Arnez, ex-comandante da Marinha, também acusado de liderar a tentativa de golpe. Ambos podem pegar até 20 anos de prisão pelos crimes de terrorismo e levante armado contra o Estado.

 

Na cidade de El Alto, reduto do governo, pequenos grupos de manifestantes saíram às ruas e queimaram pneus em apoio ao presidente Luis Arce.

 

Mercosul

 

Os países do Mercosul e associados ao bloco manifestaram ontem "profunda preocupação e enérgica condenação" à tentativa de golpe. Em um comunicado conjunto, o bloco disse que a movimentação de tropas armadas descumpre os "princípios internacionais da vida democrática e, em particular, do Mercosul".

 

Os países expressaram "solidariedade e apoio irrestrito à institucionalidade democrática do governo constitucional do presidente Luis Arce Catacora e suas autoridades democraticamente eleitas, e exortam a manutenção da democracia e a plena vigência do estado de direito". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira,2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca mais voltará à chefia do Executivo após perder o pleito de 2022 e se tornar inelegível até 2030. Segundo o presidente, a extrema-direita precisará se adequar ao regime democrático e ao diálogo, o que inviabilizaria candidaturas radicais como de Bolsonaro.

"Perdeu. Perdeu as eleições e eu vou contar uma coisa para vocês: não volta mais. Esse povo vai ter que aprender a gostar da democracia, vai ter que aprender a conviver de forma civilizada, de forma educada, um respeitar o outro", disse Lula.

O presidente afirmou, durante a mesma entrevista à rádio baiana Sociedade, desta terça-feira, que espera ver os grupos de oposição aderindo à negociação política moderada e ao ideário de combate às desigualdades. Segundo o mandatário, seu sonho é ver a oposição "acordar de manhã dizendo bom dia, com um sorriso no rosto, estendendo a mão para os mais necessitados e sofridos".

Em junho de 2023, o TSE condenou Jair Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, pela reunião com embaixadores na qual o então presidente atacou o sistema eleitoral do País.

Três meses depois, em outubro, o ex-chefe do Executivo foi condenado mais uma vez, por abuso de poder político durante o feriado de Dia da Independência em 2022. A condenação pelo Sete de Setembro se estendeu também a Walter Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022.

O ex-presidente e Braga Netto recorreram ao STF contra a condenação por abuso de poder político, mas tiveram o recurso negado pelo ministro Alexandre de Moraes. Em junho, contudo, o ministro do TSE Raul Araújo anulou a condenação. O magistrado avaliou o caso como "litispendência parcial", ou seja, quando uma pessoa já foi investigada e condenada por um determinado fato. Mesmo com a reversão, Jair Bolsonaro segue inelegível até 2030.

O ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes marcou uma reunião entre representantes da União, Estados, municípios e entidades indígenas para buscar um consenso sobre o marco temporal. O encontro, previsto para 5 de agosto, é uma iniciativa do ministro para tentar resolver a questão da demarcação das terras de povos originários.

O objetivo da reunião é gerar algum consenso sobre a tese de que os povos originários só têm direito a ocupar as terras ocupadas na promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. A ideia é defendida por representantes do agronegócio, ao passo que as lideranças indígenas contestam o texto argumentando que estas populações já estavam no Brasil muito antes da Constituição.

A comissão especial funcionará até 18 de dezembro. Além dos representantes do governo, o grupo terá participantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e outras entidades ligadas à causa.

Em setembro do ano passado, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que estabelece o marco temporal como linha de corte para a demarcação de terras indígenas. O texto também dá autorização para garimpos e plantações de transgênicos em terras indígenas, impede o crescimento de áreas já demarcadas e dá aval para a celebração de contratos entre indígenas e não indígenas para explorar atividades econômicas nos territórios tradicionais.

Seis dias antes da decisão do Legislativo, o Supremo rejeitou a tese com um placar de nove a dois. Os ministros consideraram inconstitucional um recurso do Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina contra a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Em abril, Gilmar suspendeu todos os processos judiciais que questionam a Lei e comprometeu-se a dar cabo à questão de maneira consensual, através de reuniões conciliatórias.

O desembargador Luiz Alberto Vargas, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Porto Alegre), entrou na mira da Corregedoria Nacional de Justiça após negar cinco pedidos de uma advogada grávida de oito meses para apresentar sua sustentação oral no início da sessão de julgamentos da 8ª Turma da Corte. A mulher teve de esperar mais de sete horas para se manifestar sobre o caso de seu cliente.

Para assistir ao vídeo da situação vivida pela advogada gestante, basta clicar aqui.

A reportagem do Estadão pediu manifestação do desembargador, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto.

O corregedor Nacional de Justiça Luis Felipe Salomão abriu uma apuração sobre a conduta do magistrado, ressaltando a "gravidade" dos fatos. O procedimento vai investigar se o desembargador violou previsões da Constituição, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e regras do próprio CNJ.

"Tais questões exigem do Judiciário um olhar atento que abomine todas as formas de discriminação ou violência, o que inclui tratamento adequado e paritário dispensado àqueles que exercem os serviços no Poder Judiciário, além daqueles quem, de qualquer forma, se utilizam das suas dependências ou são usuários dos serviços prestados", anotou Salomão.

O episódio ocorreu na última quinta, 27, durante sessão virtual presidida por Vargas. O vídeo da sessão viralizou nas redes sociais. A advogada Marianne Bernardi pediu prioridade para fazer a sustentação oral, "por não estar se sentindo muito bem".

O desembargador do TRT-4 alegou, então, que na sessão virtual não era possível dar preferência à advogada. Também alegou que "não sabia se a doutora está grávida ou não" e que não havia comprovação da gestação. Outros defensores também reforçaram o pedido de Marianne.

O TRT-4 argumentou que o ato de Vargas "não representa o posicionamento institucional" da Corte. O Tribunal destacou que a preferência das gestantes na ordem das sustentações orais é direito legalmente previsto "devendo ser sempre respeitado, além de observado enquanto política judiciária com a perspectiva de gênero".

COM A PALAVRA, O DESEMBARGADOR LUIZ ALBERTO VARGAS

A reportagem do Estadão pediu manifestação do desembargador Luiz Alberto Vargas, por meio da assessoria do Tribunal Regional do Trabalho da 4.ª Região. O espaço está aberto.