Mais de 200 candidatos desistem para tentar barrar ultradireita na França

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Com o fim do prazo para a definição de candidaturas ao segundo turno na França, partidos de esquerda e de centro correram nesta terça-feira, 2, para formar um bloco antidireita radical e evitar que o Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen leve a maioria nas eleições legislativas. Segundo o jornal francês Le Monde, 219 candidatos desistiram de suas disputas no segundo turno, que ocorre no domingo, 7.

 

O jornal explicou que, destes 219, 131 eram nomes da esquerda e 83 da aliança centrista liderada pelo presidente Emmanuel Macron. Além deles, dois candidatos do Republicanos, dois do RN e um de um partido não identificado desistiram (esses, segundo o jornal, por motivos diversos).

 

Segundo a contagem do Le Monde, as 219 desistências de candidaturas foram de competições nas quais havia três ou mais candidatos. As desistências reduziram o número de segundo turno para essas candidaturas para 110, segundo a contagem da agência France Presse.

 

Os candidatos tinham até as 18h (hora local, 13h de Brasília) de ontem para desistir. O Le Monde fez a estimativa com base em declarações dos candidatos. O Ministério do Interior não tinha se pronunciado até ontem à noite.

 

O sistema de votação francês não é proporcional ao apoio nacional a um partido. Os legisladores são eleitos por distrito, o que na prática quer dizer que há centenas de eleições distintas acontecendo ao mesmo tempo. As eleições foram antecipadas pelo presidente francês, que dissolveu a Assembleia Nacional em 9 de junho, após uma derrota humilhante para o Reagrupamento Nacional nas votações francesas para o Parlamento Europeu.

 

O primeiro turno, no domingo, 30, deu uma clara vitória ao RN, que deve ter o maior número de assentos, mas não necessariamente a maioria absoluta de 289. A maioria absoluta permite ao partido escolher o primeiro-ministro. Jordan Bardella, de 28 anos, é o candidato do RN. Mas Le Pen afirmou ontem que não ajudará a formar governo e nomear o premiê sem uma maioria absoluta. A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que inclui forças de centro-esquerda, verdes e de esquerda radical, ficou em segunda posição, à frente da aliança centrista de Mácron.

 

Os candidatos que receberam mais de 50% dos votos no primeiro turno já foram automaticamente eleitos. Mas a maioria, que ficou abaixo disso, vai agora para uma segunda rodada.

 

Pela regra, os dois candidatos mais votados em cada distrito eleitoral já se qualificam para o segundo turno. Mas outros que receberam mais de 12,5% dos votos também podem disputar a segunda fase, o que na prática permite que um distrito tenha três ou até quatro candidatos concorrendo a uma mesma cadeira.

 

'Frente republicana'

 

De acordo com o Le Monde, as disputas tripartites foram raras nas eleições de 2022, com apenas oito casos. Já neste ano, em que há três grandes blocos em disputa e uma alta participação eleitoral, há 306 distritos com três candidatos qualificados e 5 com quatro.

 

Na intenção de impedir o avanço da direita radical, candidatos que ficaram em terceiro ou quarto lugar e se qualificaram para o segundo turno desistiram de suas candidaturas para favorecer o mais bem colocado em nome do que se está chamando de "frente republicana".

 

"A disputa não acabou", disse a prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, à France 2. "Devemos mobilizar todas as nossas forças."

 

Antes dessa reconfiguração de nomes, a estimava era de que o Reagrupamento Nacional poderia ganhar entre 240 e 310 cadeiras no próximo turno. A aliança NFP poderia conseguir entre 150 e 200 assentos, enquanto o partido Renascença, de Macron, e seus aliados poderiam levar entre 70 e 120. As desistências, porém, jogam um novo grau de incerteza à votação.

 

Segundo a agência Reuters, houve confusão no começo sobre se os aliados de Macron desistiriam de disputas locais em favor de candidatos do partido radical de esquerda França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon.

 

Na segunda-feira, 1º, porém, Macron teria dito em uma reunião a portas fechadas de ministros no Palácio do Eliseu que sua prioridade era impedir o RN de chegar ao poder, abrindo caminho para os apoios à esquerda, ainda segundo a agência Reuters.

 

A tática já funcionou no passado, quando o partido de Le Pen e seu predecessor, a Frente Nacional, eram considerados um pária político. Em 2002, eleitores de diversos espectros políticos se uniram a Jacques Chirac para derrotar o pai de Le Pen, Jean-Marie Le Pen, em uma disputa presidencial.

 

Mas agora o RN tem um apoio amplo e profundo em todo o país sob Bardella, um nome mais palatável que o de Marine Le Pen. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Antonio Maria Patiño Zorz, absolveu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), em ação proposta pelo candidato derrotado na eleição paulistana do ano passado Guilherme Boulos (PSOL), no caso da fala sobre um suposto "salve do PCC" para pedir votos ao esquerdista.

A ação apurava se houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social em razão das declarações de Tarcísio em entrevista coletiva no dia da eleição ao afirmar que a inteligência do governo teria interceptado mensagens atribuídas ao grupo criminoso em prol da candidatura de Boulos. Na ocasião, Tarcísio não apresentou provas e Boulos classificou a declaração como "mentirosa".

Para o magistrado, a ocorrência das modalidades de abuso de poder político ou midiático não foi comprovada. "Os atos narrados na petição inicial não são aptos a serem enquadrados nas hipóteses de abuso de poder mencionadas", registrou o juiz na sentença. Cabe recurso junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP).

"O réu Tarcísio de Freitas, por sua vez não se utilizou de qualquer aparato do Estado durante a realização da entrevista coletiva, que, conforme consta dos autos, não fora por ele convocada, tampouco tem sua prática vedada pela Legislação Eleitoral, uma vez que habitualmente ocorre em todos os pleitos com candidatos e autoridades políticas, nos respectivos locais de votação, não configurando, desta forma, conduta vedada prevista no artigo 73, (incisos) I e III, da Lei 9.504/97", afirmou o magistrado.

No dia do pleito, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que o sistema de Inteligência da Polícia Militar interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos a prefeituras nos municípios de Sumaré, Santos e na capital paulista.

Em resposta, também no dia da votação de segundo turno, Boulos havia dito que "o candidato que ele apoia (Ricardo Nunes) é que botou o PCC na Prefeitura de São Paulo". Boulos classificou a fala como absurda e grave.

Denunciado no inquérito do golpe, o coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), informou nesta quinta-feira, 6, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que vai se defender "no momento oportuno, caso seja necessário". Termina nesta sexta, 7, o prazo para as defesas apresentarem seus argumentos para tentar convencer os ministros a rejeitar a acusação. Se a denúncia for recebida, os réus terão uma nova oportunidade de rebater as acusações.

Na manifestação enviada ao STF, o criminalista Eduardo Kuntz, que representa o coronel Marcelo Câmara, defendeu que a denúncia deve ser rejeitada por "inépcia formal".

O advogado afirma que as acusações são genéricas e imprecisas e que o coronel "tem o direito de ser informado do inteiro teor dos fatos de que está sendo acusado de forma certa e pormenorizada para que possa contraditá-los".

"A denúncia genérica e indeterminada, tal como formulada, impõem ao réu um ônus de responder a conjecturas indeterminadas contra si lançadas, sem que ele saiba o que exatamente teria ocorrido e por que teria de responder por tais fatos", afirma o criminalista.

A defesa também insiste que não teve acesso a todas as provas da investigação, como a íntegra das conversas obtidas nos celulares apreendidos pela Polícia Federal.

O coronel ainda negou ter monitorado o ministro Alexandre de Moraes: "O correto é 'acompanhamento por fontes abertas'", alega a defesa. "O que há de ilegal em fazer pesquisas através de fontes abertas, entenda-se: google, telefonemas, agendas públicas?"

Os ministros da Primeira Turma do STF vão analisar se há elementos mínimos para abrir uma ação penal contra os 34 denunciados. Se o processo for aberto, o mérito só será julgado depois da instrução da ação, quando são ouvidas testemunhas e os próprios réus.

Gusttavo Lima estava em Santa Catarina nesta quarta-feira, 5, quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), disse que lançará a pré-candidatura à Presidência da República ao seu lado, no dia 4 de abril. O sertanejo visitou o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, que apoiou publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Caiado disse ao Estadão na quarta-feira que uma chapa formada por ele e por Gusttavo Lima é uma possibilidade. "Vamos decidir em 2026. Agora, estamos acordados que vamos andar juntos, visitando os Estados e que tomaremos em 2026 uma decisão conjunta". No momento, Caiado está inelegível, condenado pela Justiça Eleitoral de Goiás por abuso de poder político.

Gusttavo Lima e Hang registraram o encontro em postagens no Instagram. Nos stories, o cantor aparece com funcionários da rede de lojas, que, uniformizados, entoam canções sobre o trabalho na Havan. Ele também mostrou parte do estoque no centro de distribuição da rede, andou de patinete pelas instalações e cantou alguns de seus sucessos.

Luciano Hang publicou em seu perfil um vídeo em que recepciona o "Embaixador", como o músico também é conhecido. "O 'véio da Havan' está recebendo o Embaixador querido por toda a população brasileira. Ele veio conhecer um pouco da nossa empresa e para a gente conversar, vai ser um prazer", diz Hang na publicação.

Na legenda do vídeo, ele descreve Gusttavo Lima como "um gigante da música brasileira, que assim como nós, acredita no trabalho, na liberdade e no crescimento do nosso país".

Recentemente, o cantor passou a indicar que gostaria de ser candidato à Presidência da República, e tem até figurado em algumas pesquisas de intenção de votos. Ele não tem um histórico na política e não está filiado a nenhum partido.

Além de Caiado, o coach e empresário Pablo Marçal (PRTB) também já cogitou concorrer na eleição presidencial de 2026 em chapa com o cantor, mas ressaltou que gostaria de ser o candidato principal em uma possível união entre eles.

Em fevereiro, após ser noticiado que ele tinha uma dívida de R$ 10,53 com a Justiça Eleitoral por não ter comparecido a eleições nos últimos anos, Gusttavo Lima realizou o pagamento do débito.

Apresentar a quitação eleitoral, certidão que comprova o regular exercício das obrigações eleitorais - e que inclui a ausência de multas -, é um dos requisitos necessários para que um registro de candidatura seja aceito.