Israel pede a civis que se retirem da cidade de Gaza após ataque fatal à escola

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
As forças militares israelenses emitiram um apelo abrangente para que os residentes da Cidade de Gaza deixassem a área após dias de ataques aéreos em todo o enclave, o que indica que a intensa campanha de Israel contra o Hamas não acabou, mesmo com o risco de uma escalada na guerra após o grupo Hezbollah ampliar a presença na fronteira do Líbano com o país.

Um ataque aéreo no sul de Gaza ontem, que Israel disse ter sido direcionado a um militante do Hamas, matou pelo menos 25 pessoas ao atingir um prédio escolar onde milhares de pessoas estavam abrigadas, segundo autoridades de saúde palestinas. Isto evidenciou o impacto dos combates sobre os civis, apesar de Israel afirmar de que está em uma fase de menor intensidade da guerra.

Folhetos distribuídos na Cidade de Gaza - que fica no norte da faixa - e uma mensagem nas redes sociais dos militares israelenses apelavam aos civis para se deslocarem para áreas no centro de Gaza. Os alertas destacavam que a cidade, a mais densamente povoada do enclave antes da guerra, continuava a ser uma "zona de combate perigosa".

O aviso amplo contrastou com ordens de evacuação anteriores emitidas nos últimos seis meses, que normalmente diziam aos residentes para deixarem bairros específicos marcados em um mapa.

A mensagem chega em um momento em que as forças israelenses retornam às áreas de onde se retiraram, para combater os militantes do Hamas que teriam se reagrupado.

O ataque de terça-feira atingiu Abasan al-Kabira, perto de Khan Younis, uma cidade ao sul da Faixa de Gaza de onde Israel ordenou recentemente a evacuação de civis. O ataque deixou mais de 50 pessoas feridas, disseram autoridades palestinas.

Os militares israelenses afirmaram que estavam investigando relatos de vítimas civis na escola como resultado do ataque, que, segundo eles, envolveu uma "munição precisa" que tinha como alvo um local próximo à escola.

Imagens do ataque transmitidas pela Al Jazeera, o canal de notícias com sede no Catar, mostraram um pátio de escola lotado e uma explosão sacudindo o prédio. Gritos podiam ser ouvidos enquanto as pessoas corriam para cuidar dos corpos ensanguentados de feridos no ataque.

Os militares israelenses disseram que tinham como alvo um membro do Hamas que participou do ataque do grupo em 7 de outubro, quando militantes de Gaza invadiram Israel, matando 1.200 israelenses, a maioria civis, e fazendo cerca de 250 reféns, segundo autoridades israelenses.

Desde então, a guerra de Israel em Gaza já matou mais de 38 mil pessoas, a maioria delas civis, segundo autoridades de saúde palestinas. O número não especifica quantos eram combatentes. Os bombardeios israelitas deixaram uma grande parte da Faixa de Gaza em escombros e desalojaram de suas casas a maior parte dos 2,2 milhões de habitantes do enclave.

Separadamente, os militares israelenses disseram, na quarta-feira, que realizaram uma operação contra militantes do Hamas e da Jihad Islâmica na sede da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos na Cidade de Gaza. Uma porta-voz da ONU disse que a agência não opera mais nas instalações depois de abandoná-las em outubro. Os militares disseram que a operação ocorreu depois da abertura de rotas de evacuação para civis.

A postura de Israel em aceitar um elevado número de vítimas civis em ataques que visam líderes e combatentes do Hamas tem estado no centro do debate internacional sobre a guerra em Gaza. Desde o início, os líderes de Israel estabeleceram os objetivos de guerra: o de destruir o Hamas e trazer de volta todos os reféns de Gaza. Um ataque em 31 de outubro contra um comandante de batalhão do Hamas no norte de Gaza, que autoridades israelenses disseram estar comandando o combate nas proximidades, matou 126 pessoas em um dos ataques mais mortíferos da guerra. Esse ataque provocou protestos contra a guerra em todo o mundo e alimentou acusações de que a resposta de Israel ao ataque de 7 de outubro foi desproporcional.

Em outra categoria

O prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), entrou na "disputa" iniciada pelos prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), sobre qual capital teria a melhor celebração do carnaval.

Damião afirmou em vídeo publicado no Instagram neste domingo, 2, que "Belo Horizonte não tem só o maior carnaval do Brasil, tem o melhor carnaval do Brasil, e disparado o mais seguro". Ele assumiu o comando do município com a licença médica do prefeito Fuad Noman (PSD).

Neste fim de semana, Nunes e Paes trocaram provocações sobre as festividades nas redes sociais. Tudo começou quando Ricardo Nunes afirmou no sábado, 1.º, que a capital paulista tem o maior, melhor e mais seguro carnaval do País.

"Queria mandar um abraço para o meu amigo Eduardo Paes, parabenizar pelo segundo maior carnaval do Brasil. Está aqui o maior e melhor carnaval do Brasil, maior e mais seguro", disse Nunes no Instagram.

Ele visitava a central do Smart Sampa, programa de vigilância da cidade, e comemorou ações das forças de segurança e o baixo índice de ocorrências graves apesar da grande circulação de foliões em São Paulo.

O prefeito carioca, Eduardo Paes, respondeu: "Vocês contam ou eu conto? Fofo ele, né?!", escreveu Paes no X (antigo Twitter). Na publicação, ele marcou os prefeitos João Campos (PSB), de Recife; Bruno Reis (União), de Salvador; e João Henrique Caldas (PL), de Maceió.

Já o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), saiu em defesa do carnaval carioca. Em encontro com a imprensa neste domingo, Castro disse em tom bem-humorado: "Liguei para o Ricardo Nunes e falei pra ele vir conhecer um carnaval de verdade". O governador acompanhou os desfiles do grupo especial na Marquês de Sapucaí.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acredita que terá seu passaporte retido por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o que o impediria de fazer viagens aos Estados Unidos, onde tenta convencer o governo Donald Trump e outras autoridades americanas que o magistrado e o Judiciário brasileiro perseguem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e atentam contra a liberdade de expressão.

Moraes determinou no sábado, 1.º, que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o pedido de deputados do PT para que o filho de Bolsonaro seja investigado e tenha o passaporte apreendido. Os petistas afirmam que o parlamentar cometeu crimes contra a soberania nacional ao "patrocinar retaliações" contra o Brasil e o próprio Moraes durante as viagens aos EUA.

Questionado no domingo, 2, sobre o tema, Eduardo afirmou que há um "jogo combinado" entre Moraes, PT e PGR e que a "maior probabilidade" é que seu passaporte seja apreendido. De acordo com o parlamentar, a medida facilitaria o monitoramento e o cumprimento de uma eventual ordem de prisão contra ele.

"Os deputados do PT fazem a narrativa, o Alexandre de Moraes puxa para ele dizendo que trata-se de mais um caso do 8 de Janeiro, manda para a Procuradoria-Geral da República, depois manda um recado ou fala diretamente com o Paulo Gonet e diz 'olha, aceita aí para não ficar tão feio parecendo que sou só eu perseguindo o Eduardo", em entrevista ao canal Programa 4 por 4 no YouTube.

Em uma manifestação anterior em suas redes sociais, o deputado justificou ainda que sua atuação no exterior se limita a denunciar o que ocorre no Brasil, citando o 8 de Janeiro e as prisões do ex-deputado Daniel Silveira, de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, e do também ex-ministro e general Walter Braga Netto. "Vai ter que cortar minha língua para me fazer parar", disse Eduardo Bolsonaro no sábado.

Alexandre de Moraes é o relator do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe, que de acordo com a denúncia da PGR foi capitaneada por Bolsonaro e teve a participação de Braga Netto, que está preso porque tentou obstruir a investigação.

O ministro do STF também se notabilizou por uma série de decisões desfavoráveis ao bolsonarismo nos últimos anos. Parte delas envolve a retirada ou a suspensão de publicações e perfis das redes sociais, o que é denunciado por Eduardo como ataque à liberdade de expressão. O caso mais recente é o da plataforma Rumble, suspensa por Moraes no Brasil por não indicar um representante legal no País.

O ministro havia determinado o bloqueio do canal do blogueiro Allan dos Santos, que é considerado foragido pela Justiça brasileira e vive nos EUA, mas não conseguiu notificar a plataforma. Após a decisão, Moraes foi processado nos Estados Unidos pela Rumble e pela Trump Media, empresa ligada ao presidente americano Donald Trump, que o acusam de violar a soberania americana.

Na entrevista no domingo, Eduardo Bolsonaro diz que a apreensão de seu passaporte tem como objetivo impedir que ele assuma a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados. O PL, maior partido da Casa e, portanto, o primeiro a indicar o presidente de um colegiado, disse que indicará o filho do ex-presidente para comandar a CREDN.

"Quando Lula assina algum acordo internacional, para ele começar a valer para o Brasil, precisa da aprovação do Congresso. O primeiro local dentro da Câmara dos Deputados que esse tratado internacional vai parar é na mesa do presidente da Comissão de Relações Exteriores", disse o parlamentar.

Eduardo aparece ao lado do influenciador Paulo Figueiredo Filho, denunciado por tentativa de golpe, em um vídeo recente no qual ambos relatam como tem sido as reuniões nos Estados Unidos. Eles afirmam que pediram que o governo de Donald Trump ajude a expor uma suposta interferência dos EUA - sob Joe Biden - nas eleições brasileiras de 2022, pressione por eleições em que a "oposição pode concorrer", em uma alusão à reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, e utilizem ferramentas diplomáticas para responsabilizar agentes públicos que, de acordo com os bolsonaristas, cometeram violações contra a democracia.

Uma comissão da Câmara dos Representantes norte-americana, o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira, aprovou no último dia 26 projeto de lei que pode barrar a entrada do ministro do STF no país. O texto prevê que autoridades estrangeiras que atuarem contra liberdade de expressão de cidadãos americanos sejam impedidas de entrar nos Estados Unidos ou possam ser deportadas. Moraes não é citado no projeto, mas os parlamentares que assinam a proposta já criticaram decisões dele.

No mesmo dia, o Departamento de Estado dos Estados Unidos criticou o bloqueio de redes sociais norte-americanas pelo Brasil, classificando as decisões como "censura". O órgão disse que tais ações são "incompatíveis com os valores democráticos". O Itamaraty acusou o governo americano de tentar politizar e distorcer decisões judiciais tomadas pelo STF.

O Oscar para Ainda Estou Aqui na categoria de melhor filme internacional, em cerimônia no noite de domingo, 2, foi comemorado por ministros do governo Lula e pelos presidentes da Câmara e Senado Federal. Parte dos governistas, em particular, associam o filme a valores democráticos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o longa como "orgulho nacional" em breve mensagem, enquanto a nova ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, mencionou que o feito foi uma "vitória da democracia". O ministro da Casa Civil, Rui Costa, publicou uma mensagem parabenizando a equipe do filme e a atriz Fernando Torres, indicada na categoria de melhor atriz.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, comentou que o País foi "reconhecido mundialmente pela sua arte e pela defesa dos valores democráticos, tão bem representados pela família Paiva". Outros nomes dentro do governo, como o ministro de Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também comentaram. Para Silveira, é "um marco na história do cinema brasileiro".

O presidente no Senado, Davi Alcolumbre, publicou uma mensagem parabenizando a equipe do filme. "O cinema brasileiro brilha na maior premiação do mundo, levando a nossa cultura e identidade para milhões de espectadores", declarou. Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, em breve mensagem, também parabenizou a equipe do filme e classificou a vitória como "feito histórico".