Biden diz que é 'martelado' por confusões e que Trump tem 'passe livre' para erros

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Em um dia marcado por uma sequência de pedidos para que deixasse a corrida eleitoral, o presidente americano, Joe Biden, participou de um comício com seus apoiadores em Detroit, no Estado do Michigan, nesta sexta-feira, 12, determinado a dar prosseguimento à sua campanha, após uma entrevista coletiva que não dissipou as dúvidas sobre as suas chances de reeleição.

Discursando a 2 mil apoiadores, Biden reconheceu especulações sobre sua candidatura durante o comício, mas insistiu que está concorrendo. "Não vou mudar isso", disse ele a uma multidão barulhenta no ginásio de uma escola.

"Vocês me fizeram o indicado", disse Biden, referindo-se aos milhões de democratas que o apoiaram nas primárias. "Vocês, os eleitores. Vocês decidiram. Ninguém mais. E eu não vou a lugar nenhum". Ele acrescentou que é "o único democrata ou republicano que já derrotou Donald Trump e vou derrotá-lo novamente".

Os deputados democratas Brittany Pettersen (Colorado) e Mike Levin (Califórnia) - se juntaram a três de seus colegas que pediram a Biden para se retirar na quinta-feira à noite após o fim da coletiva de imprensa. Ao todo, 21 membros da Câmara pediram ao presidente que reconsiderasse sua candidatura até esta sexta-feira - cerca de 10% de todos os democratas da Câmara - assim como um senador, Peter Welch, de Vermont.

Biden ainda admitiu que tem dificuldade com nomes e costuma confundir pessoas, em resposta à repercussão negativa de duas gafes graves cometidas na quinta-feira, 11. Biden, primeiramente, evocou o presidente russo Vladimir Putin ao chamar Volodmir Zelenski e, posteriormente, durante sua coletiva de imprensa, chamou Donald Trump de seu vice-presidente, confundindo o rival com Kamala Harris.

Ele disse também que não vê a mesma cobrança da imprensa com Donald Trump, relembrando quando o ex-presidente confundiu sua oponente republicana, a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, com a deputada Nancy Pelosi, ex-presidente democrata da Câmara.

"Eles me martelam porque às vezes confundo nomes", disse Biden. "Mas adivinhe? Donald Trump obteve um passe livre". "Donald, chega de passes livres", disse Biden. "Hoje, vamos colocar Donald Trump sob os holofotes", declarou o democrata, que trouxe ao discurso a condenação de Trump em Nova York e as tentativas de derrubar a eleição de 2020.

"Vocês realmente querem voltar ao caos de Donald Trump como presidente?" Biden perguntou à multidão, que respondeu com vaias. Ele lembrou aos apoiadores que os EUA perderam milhões de empregos - em grande parte por causa da pandemia do coronavírus - e que Trump recomendou que as pessoas injetassem alvejante para evitar contrair covid-19.

A caminho do comício, Biden parou em um evento de organização de campanha em um subúrbio de Detroit, brincou duas vezes sobre sua idade e encerrou seus comentários de 14 minutos assegurando aos organizadores que ele está "bem".

Biden derrotou Trump em Michigan por uma margem de 154 mil votos há quatro anos, mas ele ainda tem trabalho a fazer. Detroit, que tem uma população de quase 78% negra, teve uma participação de 12% nas primárias de 27 de fevereiro, quase metade da participação total de 23% no Estado. Partes importantes da coalizão de Biden em Michigan também estão descontentes com ele devido à ofensiva de Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro. Michigan tem a maior concentração de árabes americanos no país, contribuindo para mais de 100 mil pessoas votando "Descomprometido" nas primárias democratas de Michigan em fevereiro. (Com agências internacionais)

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A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, 29, que está "totalmente" descartada a possibilidade de seu afastamento do ministério. As declarações ocorreram após depoimento na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Lupi havia respondido questionamentos de parlamentares sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ao ser questionado se houve alguma conversa sobre o seu afastamento do ministério, Lupi respondeu "nenhuma". Ele acrescentou: "Quem tem que decidir sobre isso é o presidente Lula. Eu sei que eu tenho a confiança dele e estou trabalhando para elucidar tudo o que tiver de errado", declarou.

Lupi voltou a dizer que não houve demora nas providências ao tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. "Isso é uma formação de quadrilha: grupos que se montaram para criar instituições e para roubar dinheiro de aposentado. Isso é chocante para mim", declarou.

O ministro prosseguiu: "Eu fui surpreendido com o volume disto. Porque eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá, a gente sempre soube, a gente recebia queixa, na própria plataforma do INSS aparecia algumas pessoas se queixando. Agora, nesse quantitativo, por uma organização, eu tomei conhecimento agora".

Lupi também argumentou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) vieram de apurações que ele determinou no INSS. Questionado se houve demora nas providências, ele negou.

"Aí, é outra discussão. Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, eu adoro um pão na chapa no botequim da esquina. Quando eu fiz a comparação, é no sentido de que isso não é simples, são 7 milhões de pessoas. Como é que você verifica, checa, cria biometria de 7 milhões de pessoas?", afirmou.

Ainda em resposta aos jornalistas, Lupi afirmou: "Não demorei a determinar (as apurações). Foi tomado conhecimento dos vários fatos, inclusive no Conselho. O Conselho não é executivo, é um conselho de debate, de deliberações macro sobre visão da Previdência Social. Estava lá no assento o presidente do INSS e o diretor do INSS. Eu pedi para que tomassem providências disso, tanto é que eu demiti o diretor".

Conforme mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupi argumenta que demitiu o diretor de Benefícios André Félix Fidélis, que teria apresentado lentidão para avançar com as apurações. Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas adiou a discussão e só tomou providências após quase um ano.

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nos descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revelou situações flagrantes de fraude.

Foram descobertos cadastros em nome de analfabetos, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, pessoas com deficiência e aposentados.

São pessoas que, segundo a CGU, não teriam como comparecer pessoalmente às associações e nem como assinar fichas de filiação e termos de autorização para os descontos em benefício dessas entidades. Algumas até residem no exterior.

Os casos foram descobertos a partir de entrevistas feitas com uma amostra de 1.273 beneficiários do INSS, registrados nos 27 Estados e no Distrito Federal, que tiveram valores descontados de seus contracheques. 97,6% dos entrevistados informaram à CGU não ter autorizado os abatimentos.

Os beneficiários do INSS podem aderir a associações civis e sindicatos e autorizar descontos mensais em seus contracheques para cobrir custos de filiação. Para isso, as entidades devem estar habilitadas junto ao INSS e precisam receber autorização "prévia, pessoal e específica" de aposentados e pensionistas interessados.

Parte dos aposentados ouvidos pela CGU só tomou conhecimento dos descontos no momento das entrevistas.

A Polícia Federal afirma que a auditoria revela um "cenário de incongruências". A PF investiga se idosos foram induzidos a assinar autorizações de desconto sem saber a verdadeira finalidade dos documentos e até se assinaturas foram forjadas.

As suspeitas são investigadas na Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, servidores do INSS venderam dados de aposentados e pensionistas em troca de propinas e facilitaram os descontos indevidos direto nos contracheques dos beneficiários. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

Pressionado, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após ter sido afastado do cargo por ordem judicial.