'Eu deveria estar morto', diz Trump em entrevista após atentado a tiros em comício

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse no domingo, 14, ser um milagre estar vivo depois de ser vítima de um atentado durante comício em Butler, Pensilvânia, no dia anterior. Ele concedeu sua primeira entrevista ao jornal New York Post a bordo de seu avião particular a caminho de Milwaukee para a Convenção Nacional do Partido Republicano.

 

"O médico no hospital disse que nunca viu nada parecido, ele chamou de milagre", disse Trump. "Eu não deveria estar aqui, eu deveria estar morto". O ex-presidente acrescentou que o médico do hospital local disse a ele que nunca viu alguém sobreviver após ser atingido por um AR-15.

 

Segundo o jornal, que não teve autorização para fazer fotos do ex-presidente, Trump estava usando uma bandagem branca grande e solta que cobria sua orelha direita, atingida pelos disparos.

 

O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, atirou várias vezes de um telhado com um fuzil AR-15, antes de ser "neutralizado" por agentes do Servido Secreto dos Estados Unidos. Lembrado como um homem quieto e solitário, ele não tinha histórico de problemas mentais, nem demonstrava firmes convicções políticas em postagens nas redes sociais. O FBI afirma que ele agiu sozinho e investiga a motivação do crime.

 

Trump chegou no domingo a Milwaukee para a convenção que deve confirmá-lo como candidato à presidência pelo partido Republicano, na eleição em que deve enfrentar o atual presidente dos EUA, Joe Biden, em novembro.

 

Ainda de acordo com o jornal, Trump disse que estaria morto se não tivesse virado levemente a cabeça para a direita para ler um gráfico sobre imigrantes irregulares. Naquele instante, o tiro arrancou um pequeno pedaço da sua orelha e espirrou sangue na sua testa e bochecha.

 

Ele acrescentou que enquanto os agentes do Serviço Secreto o levavam para fora do palco, ele ainda queria continuar falando com os apoiadores, mas os agentes disseram que não era seguro e que eles tinham que levá-lo para o hospital. O ex-presidente elogiou a atuação dos agentes antes de desabotoar sua camisa para mostrar um grande hematoma no seu antebraço direito, ilustra a publicação.

 

"Os agentes me empurraram tão forte que meus sapatos caíram, e meus sapatos são apertados", disse com um sorriso.

 

O ex-presidente também comentou sobre a foto tirada instantes depois que o tiro atingiu a sua orelha: "Muitas pessoas dizem que é a foto mais icônica que já viram. Elas estão certas e eu não morri. Geralmente você tem que morrer para ter uma foto icônica."

 

O republicano disse que o episódio o fez mudar seu discurso já escrito para a próxima quinta-feira, 18, quando ele deve receber oficialmente a indicação do partido para ser candidato à presidência novamente. "Eu tinha preparado um discurso extremamente duro, realmente bom, todo sobre a administração corrupta e horrível. Mas joguei fora."

 

"Eu quero tentar unir nosso país", disse sobre o novo discurso que estaria sendo escrito. "Mas eu não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas".

 

Investigação

 

O Serviço Secreto dos EUA está investigando como o atirador, armado com um fuzil estilo AR, conseguiu chegar ao telhado nas proximidades e ferir o ex-presidente.

 

O atirador, que segundo oficiais foi morto pelos agentes do Serviço Secreto, disparou múltiplos tiros em direção ao palco de uma "posição elevada fora do local do comício", disse a agência. Trump foi ferido e um espectador foi morto.

 

Uma análise da Associated Press de mais de uma dúzia de vídeos e fotos tiradas durante o comício de Trump, bem como imagens de satélite do local, mostra que o atirador conseguiu chegar surpreendentemente perto do palco onde o ex-presidente estava falando.

 

O telhado ficava a menos de 150 metros de onde Trump estava. O presidente Joe Biden pediu uma investigação independente da segurança no comício.

 

De acordo com as primeiras informações, Thomas Matthew Crooks era funcionário de uma casa de repouso nos subúrbios de Pittsburgh e um republicano registrado que colocou explosivos no veículo que dirigiu até o comício a uma hora de distancia da sua casa.

 

As autoridades consideram o caso uma tentativa de assassinato contra Trump, mas ainda não determinaram a motivação do atirador.

 

O FBI ainda não identificou qualquer ideologia subjacente, escrita ameaçadora ou posts em mídias sociais de Crooks, que não tinha casos criminais anteriores contra ele, de acordo com registros judiciais públicos. O FBI acredita que ele agiu sozinho e o ataque está sendo investigado como um potencial ato de terrorismo domestico.

 

Além de Trump, a Polícia Estadual da Pensilvânia identificou outros dois homens que foram baleados como David Dutch, 57, de New Kensington, e James Copenhaver, 74, de Moon Township. Ambos permaneceram hospitalizados e estão em condição estável, disse a polícia estadual.

 

Corey Comperatore, 50, um ex-chefe de bombeiros, morreu no atentado ao se jogar para proteger a sua família, informou o governador Josh Shapiro "Corey morreu como um herói", disse o governador.

 

Em um pronunciamento nacional em horário nobre, o presidente Joe Biden disse no domingo que as paixões políticas podem ser intensas, mas "nunca devemos descer ao nível da violência."

 

"Democracia americana - onde os argumentos são feitos de boa fé. Democracia americana onde o Estado de direito é respeitado. Onde decência, dignidade, jogo limpo não são apenas noções antiquadas, são realidades vivas, respirando." (Com informações da Associated Press).

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou nesta quarta-feira, 7, dois trechos da lei que torna crime hediondo assassinato e lesão corporal de autoridades do Judiciário que abriam brecha para reduzir a transparência dos salários dessas categorias, conforme revelado pelo Estadão.

A proposta aprovada no Congresso, de seis páginas, sobre o reforço na segurança de magistrados e punições mais rígidas para atentados contra esses agentes, também previa a alteração da Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD) para que a divulgação de "dados pessoais" das autoridades "sempre" levasse "em consideração o risco inerente ao desempenho de suas atribuições".

De acordo com especialistas em transparência no poder público, a redação abria margem para que instituições restringissem, limitassem ou vetassem o acesso a informações dos contracheques de magistrados, procuradores, defensores públicos e oficiais de justiça sob a justificativa de que os dados são pessoais e colocam em risco a integridade desses servidores quando divulgados.

No último dia 23, um grupo formado por 12 instituições da sociedade civil enviou uma carta a Lula pedindo o veto aos trechos. As organizações afirmaram no documento que, embora o projeto tivesse "disposições meritórias" voltadas a proteger os agentes públicos, "constituem um 'jabuti' legislativo cuja finalidade real é criar obstáculos à transparência sobre a remuneração de membros do Poder Judiciário e do Ministério Público".

O texto foi aprovado na Câmara no dia 8 de abril e seguiu para sanção do presidente no último dia 15. O relator do texto na Casa Baixa foi o deputado Rubens Júnior (PT-AM), que disse não ter feito alterações na versão recebida do Senado. Na Casa vizinha, o relator foi o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que, procurado, não respondeu aos questionamentos sobre os motivos da restrição do acesso a informações públicas de membros do Judiciário e Ministério Público.

Os eleitores do Estado de São Paulo preferem eleger a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no lugar de dar mais um mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem. Segundo o novo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nesta quarta-feira, 7, o petista só venceria entre os eleitores paulistas em um cenário em que nenhum dos nomes da direita citados anteriormente concorresse ao pleito.

Quando Michelle é o principal nome da direita, a ex-primeira-dama vence Lula por 35,8% das intenções de voto, contra 29,2% do presidente. Na sequência, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) é mencionado por 10,8% dos eleitores paulistas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem 5,8%, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), 3,9%. Na lanterna, aparece o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), com 0,5% das menções.

Como mostrou o Estadão, entre os 18 chefes de Executivos estaduais que não poderão disputar a reeleição, uma vez que já estão em seu segundo mandato, 13 já demonstraram vontade de se lançar a cargos no Senado Federal ou na Presidência da República.

Em outro cenário estimulado, em que o nome dos possíveis concorrentes são apresentados aos entrevistados e sem o nome de Michelle, é o governador de São Paulo quem sai na frente. Tarcísio venceria de Lula por 38,6% ante 29,1%. Na sequência aparecem os mesmos nomes do cenário anterior, com pequenas diferenças numéricas.

Em outro levantamento divulgado nesta terça-feira, 6, a Paraná Pesquisas mostrou que Tarcísio seria reeleito com folga para mais um mandato no Palácio dos Bandeirantes, se as eleições fossem hoje. O próprio governador afirma que sua intenção é concorrer à reeleição em São Paulo em 2026, embora seja um dos principais nomes para herdar o capital político de Jair Bolsonaro (PL), que segue se colocando como candidato.

O levantamento também testa um cenário estimulado com o nome de Bolsonaro, em que ele vence Lula por 42,6% ante 29,1%. O ex-presidente, no entanto, está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 e as chances de reverter a inelegibilidade são mínimas.

A única hipótese da pesquisa em que Lula venceria entre os eleitores paulistas seria quando nem Michelle nem Tarcísio estão entre os candidatos. Nesse caso, é o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), quem fica atrás de Lula, com 29,6% para o petista e 17,8% para o governador.

A pesquisa entrevistou 1.700 eleitores, em 85 municípios paulistas, entre os dias 1.º e 4 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, e o índice de confiança de 95%.

O novo ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, disse que fará uma gestão de continuidade das políticas antes lideradas por Juscelino Filho. Em cerimônia de transmissão de cargo, exaltou a condução de seu antecessor. "Será um grande desafio suceder o ministro", disse no discurso em que também elogiou e agradeceu o União Brasil, partido de Juscelino responsável pela indicação de Frederico.

No palco com outros ministros, inclusive do alto escalão, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o novo ministro das Comunicações disse que precisa de apoio "para fazer entregas em linha com o anseio da população". Para Frederico Siqueira, a agenda da pasta "pode contribuir muito mais para o governo e com o presidente Lula".

Da agenda de projetos, disse que seguirá estimulando a expansão da rede de internet 5G e iniciar concretamente a implantação da TV 3.0. "Minha trajetória foi pautada com muita dedicação e foco nos resultados, conquistando aqueles que acreditaram nos nossos sonhos e ambições. Irei trabalhar no Ministério da mesma forma, com muita dedicação, fazendo uma gestão humanizada."

O novo ministro disse que considera a internet uma "condição de infraestrutura básica de desenvolvimento do País" para o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e para o pleno exercício da cidadania. "Por isso, o Ministério das Comunicações precisa estar sempre em sintonia com as políticas públicas que priorizam os mais vulneráveis. Entendemos que investimentos em tecnologia melhoram a gestão pública, os indicadores sociais e a qualidade de vida das pessoas", afirmou.

Em coletiva de imprensa, quando perguntado sobre possíveis alterações na equipe, disse que, a princípio, pretende manter o mesmo time. Sobre a estrutura dos Correios, que está no guarda-chuva de seu ministério, afirmou que ainda não teve tempo de se debruçar sobre o tema. Já sobre seu diálogo com Lula, disse que o presidente pediu foco em dar continuidade às políticas de inclusão digital.

Juscelino Filho

O ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho discursou no início da cerimônia. Tendo entregado o cargo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra ele por desvio de emendas parlamentares, Juscelino disse que deixa a pasta com a certeza de que cumpriu seu papel. "Agradeço ao presidente Lula, mais uma vez, a cada brasileiro e brasileira que acreditou no nosso trabalho."

Ao final do discurso, Juscelino Filho desejou boa sorte a Frederico. "Ele foi, sem dúvida alguma, uma escolha muito acertada, pois é um dos profissionais mais preparados e capacitados para enfrentar essa missão", afirmou.

Além de Gleisi, estavam presentes o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, o ministro do GSI, Marcos Amaro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e o ministro da Defesa, José Múcio. Entre as ausências percebidas, o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, justificou ao próprio novo ministro das Comunicações que fez uma cirurgia na terça-feira, 6, e não pôde estar presente.