Kirchner critica Fernández após denúncia de agressão à ex-mulher: 'Aspecto sórdido'

Internacional
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Cristina Kirchner, que foi vice-presidente de Alberto Fernández, criticou nesta sexta-feira, 9, o antigo aliado, acusado de violência física e assédio contra a ex-mulher Fabiola Yañez. O ex-presidente nega, mas a imprensa argentina divulgou fotos dela com o rosto machucado e mensagens em que relata as agressões.

"Alberto Fernández não foi um bom presidente. Tampouco foram Mauricio Macri e Fernando De La Rúa", escreveu Kirchner. Mas as imagens da agressão "são outra coisa", destacou ela que rompeu com o companheiro de chapa ainda durante o governo (2019 a 2023).

"Não apenas mostram a surra que (Fabiola Yañez) recebeu, mas também revelam os aspectos mais sórdidos e sombrios do condição humana. Permitem-nos verificar, mais uma vez e de forma dramática, a situação da mulher em qualquer relação, seja ela num palácio ou numa cabana", afirmou.

Ela encerra dizendo que a misoginia, o machismo e a hipocrisia não têm bandeira partidária e se solidariza com as mulheres vítimas de violência, lembrando da tentativa de assassinato que sofreu há dois anos, quando teve uma arma apontada para a cabeça enquanto falava com apoiadores.

"Sem esquecer as palavras que Francisco me disse no dia seguinte àquele acontecimento: "toda violência física é sempre precedida de violência verbal", conclui referindo-se ao papa.

As imagens de Fabiola Yañez com o olho roxo e hematomas pelo corpo, divulgadas na noite de ontem pelo portal Infobae, fazem parte da denúncia por violência de gênero contra o ex-presidente.

As fotos foram enviadas por Yañez a Alberto Fernández numa conversa em que relata as agressões. Ele diz que se sente mal fisicamente. Ao que ela responde: "Não é assim que funciona, você me bate o tempo todo. Isso não é comum. Não posso deixar que você faça isso comigo quando eu não fiz nada contra você. E tudo o que tento fazer com a mente concentrada é defendê-lo e você me bate fisicamente. Não há explicação".

Na sequência, ela envia a foto com o hematoma no braço. O ex-presidente diz a ela que "pare de discutir". Em outra mensagem ela afirma: "Você me bateu de novo. Está louco". Ele responde que se sente mal e ela segue dizendo: "Você está me batendo a três dias seguidos".

De acordo com informações da imprensa argentina, as agressões ocorreram em agosto de 2021, durante a pandemia. A Justiça havia entrado em contato com Fabiola Yañez anteriormente ao encontrar relatos da violência em mensagens no encontradas no celular de María Cantero, ex-secretária de Alberto Fernández, no âmbito da investigação que apura irregularidades no governo.

Yañez não quis dar continuidade ao processo inicialmente, mas disse em audiência que mudou de ideia e decidiu apresentar a queixa porque vinha sendo ameaçada pelo ex-presidente. Ela formalizou a denúncia nesta terça-feira, 6, de Madri, onde vive atualmente, por videoconferência com o juiz Julián Ercolini, que determinou medidas protetivas. Alberto Fernández está proibido de sair do país e de entrar em contato com ela. Além de ser obrigado a manter distância de 500 metros da ex-mulher.

Ainda na terça, ele publicou uma nota nas redes sociais em que negava as acusações. "Quero expressar que a verdade dos acontecimentos é outra. Vou dizer apenas que é falso e que jamais ocorreu da forma que agora me imputa", disse sobre a denúncia de Fabiola Yañez, acrescentando que evitaria declarações midiáticas e se pronunciaria apenas perante a Justiça. Ele não voltou a se manifestar publicamente após a divulgação das fotos.

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A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.

O procurador Carlos Alberto de Souza Almeida, que atua junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), foi condenado a devolver R$ 4,5 milhões que recebeu em salários retroativos e indenização.

O Estadão busca contato com o procurador.

O valor engloba vencimentos referentes ao período em que aguardou ser convocado no concurso público (1999-2005) e uma indenização por dano moral pela "nomeação tardia".

O montante a ser restituído aos cofres públicos pode chegar a R$ 7 milhões considerando juros e correção monetária. Como a decisão foi tomada na primeira instância, ele pode recorrer.

Carlos Aberto só foi classificado depois de conseguir anular judicialmente questões da prova, o que ocorreu em dezembro de 2005, seis anos após o concurso. Em um dos ofícios no processo, ele chegou a renunciar "a quaisquer efeitos pecuniários que lhe possam atribuir a sentença".

Em 2018, quando já estava no cargo, o procurador deu entrada em um processo administrativo para receber "vencimentos e outras parcelas remuneratórias conexas, não percebidas no período de 17/06/1999 a 30/12/2005", além da indenização por dano material.

O pedido foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Amazonas e as parcelas foram depositadas entre outubro de 2018 e outubro de 2019.

A juíza Etelvina Lobo Braga, da Vara da Fazenda Pública de Manaus, afirma na sentença que o procurador "agiu de forma temerária e com prática duvidosa, quando postulou direitos aos quais ele mesmo já havia expressamente renunciado".

A decisão afirma ainda que a ordem de pagamento do Tribunal de Contas é "flagrantemente indevida".

"A nomeação e posse decorrente de ordem judicial, bem como ulterior exercício no cargo de Procurador de Contas, do requerido Carlos Alberto de Souza Almeida, não se deram de forma tardia, mas sim por ordem judicial, que não deveria gerar direito à indenização, razão pela qual houve equívoco e ilegalidade da Corte de Contas, que não atentou, também, à renúncia expressa firmada nos autos pelo candidato", diz a sentença.