Israel amplia ordens de refúgio em Gaza após ataque à escola que deixou cerca de 100 mortos

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O exército de Israel ordenou mais evacuações no sul de Gaza no início deste domingo, 11, depois que um ataque aéreo mortal em uma escola transformada em abrigo no norte matou cerca de 100 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde locais. Israel disse que o ataque teve como alvo um posto de comando de militantes, matando 19 combatentes.

Israel tem ordenado repetidamente evacuações em massa à medida que suas tropas retornam a áreas altamente destruídas onde anteriormente lutavam contra terroristas palestinos. A grande maioria da população de Gaza, de 2,3 milhões de pessoas, foi deslocada pela guerra de dez meses, diversas vezes.

Centenas de milhares de pessoas se amontoaram em acampamentos miseráveis com poucos serviços públicos ou buscaram abrigo em escolas como a que foi atingida no sábado. Os palestinos dizem que nenhum lugar do território sitiado é seguro.

As últimas ordens de evacuação se aplicam a áreas em Khan Younis, incluindo parte de uma zona humanitária declarada por Israel, de onde os militares disseram que foram disparados foguetes. Israel acusa o Hamas e outros militantes de se esconderem entre os civis e lançarem ataques de áreas residenciais.

Khan Younis, a segunda maior cidade de Gaza, sofreu uma destruição generalizada durante uma ofensiva aérea e terrestre no início deste ano. Dezenas de milhares de pessoas fugiram novamente na semana passada, após uma ordem de evacuação anterior.

Centenas de famílias, carregando seus pertences nos braços, deixaram suas casas e abrigos no início do domingo, em busca de um refúgio.

"Não sabemos para onde ir", disse Amal Abu Yahia, mãe de três filhos, que havia retornado a Khan Younis em junho para se abrigar em sua casa gravemente danificada. "Este é meu quarto deslocamento", disse a viúva de 42 anos, cujo marido foi morto quando um ataque aéreo israelense atingiu a casa de seus vizinhos em março.

Ela disse que eles foram para Muwasi, um amplo acampamento de barracas ao longo da costa, mas não conseguiram encontrar nenhum espaço.

Ramadan Issa, um pai de cinco filhos na casa dos 50 anos, fugiu de Khan Younis com 17 membros de sua família, juntando-se a centenas de pessoas que caminhavam em direção ao centro de Gaza no início do domingo.

"Toda vez que nos estabelecemos em um lugar e construímos tendas para mulheres e crianças, a ocupação vem e bombardeia a área", disse ele, referindo-se a Israel. "Essa situação é insuportável".

O Ministério da Saúde de Gaza diz que o número de mortos palestinos na guerra de dez meses está se aproximando de 40 mil, sem dizer quantos eram combatentes. Os grupos de ajuda humanitária têm se esforçado para lidar com a impressionante crise humanitária no território, enquanto especialistas internacionais alertam sobre a fome.

A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas romperam as defesas de Israel em 7 de outubro e invadiram comunidades agrícolas e bases do exército perto da fronteira, matando cerca de 1,2 mil pessoas (a maioria civis) e sequestrando cerca de 250 pessoas.

Os Estados Unidos, o Egito e o Qatar passaram meses tentando mediar um cessar-fogo e o retorno dos cerca de 110 reféns restantes, cerca de um terço dos quais as autoridades israelenses acreditam estar morto. Enquanto isso, o conflito ameaçou desencadear uma guerra regional, já que Israel trocou tiros com o Irã e seus aliados militantes em toda a região.

O ataque de sábado atingiu uma mesquita dentro de uma escola na Cidade de Gaza, onde milhares de pessoas estavam abrigadas. O Ministério da Saúde de Gaza disse que 80 pessoas foram mortas e cerca de 50 ficaram feridas. O exército israelense contestou o número de mortos e disse que matou 19 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica em um ataque preciso, divulgando o que disse serem seus nomes e fotos.

O Hamas e ativistas palestinos contestaram as afirmações dos militares, dizendo que dois dos 19 haviam sido mortos em ataques anteriores e que os outros eram conhecidos como civis ou opositores do Hamas.

A Cidade de Gaza e o restante do norte estão cercados pelas forças israelenses e, em grande parte, isolados do mundo desde o final do ano passado, e não foi possível confirmar de forma independente os relatos de ambos os lados.

O escritório de direitos humanos da ONU afirma que Israel tem realizado "ataques sistemáticos a escolas", que têm servido como abrigos desde o início da guerra, com pelo menos 21 atingidas desde 4 de julho, deixando centenas de mortos, incluindo mulheres e crianças.

Os líderes europeus condenaram o ataque, enquanto os EUA disseram estar preocupados com os relatos de vítimas civis. A vice-presidente Kamala Harris, falando aos repórteres que viajavam com ela em Phoenix, Arizona, no sábado, disse: "Mais uma vez, muitos civis foram mortos".

"Precisamos de um acordo com os reféns e precisamos de um cessar-fogo", disse ela. "O acordo precisa ser feito e precisa ser feito agora."

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A entrevista que o Estadão promoveria nesta terça-feira, 10, com a candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo, Marina Helena, foi adiada por conta de um problema familiar da economista. Com isso, o ciclo de sabatinas com os principais candidatos da corrida eleitoral da capital será iniciado na quarta-feira, 11, quando Pablo Marçal (PRTB) será entrevistado na sede do Estadão. A entrevista com Marina Helena será remarcada.

O ciclo de sabatinas ouvirá os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

As sabatinas serão mediadas pelo colunista Ricardo Corrêa, com participação do repórter especial Marcelo Godoy. As entrevistas terão 40 minutos de duração e serão realizadas durante o período da manhã, no estúdio da redação do Estadão, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo. O conteúdo será gravado e disponibilizado no canal do jornal no YouTube.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) condenou a revista IstoÉ e o editor responsável pela publicação a indenizar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pela nota "O esforço de Bolsonaro para vigiar a mulher de perto", publicada na coluna "Brasil Confidencial" em 21 de fevereiro de 2020. Michelle receberá R$ 40 mil, sendo R$ 30 mil da revista e R$ 10 mil do jornalista, além do direito de resposta. A defesa da Isto É não quis comentar o caso.

O processo foi relatado pelo ministro Antonio Carlos Ferreira, que votou pela condenação da publicação da Editora Três. Todos os colegas seguiram o relator. Segundo os votos, "a nota jornalística que divulga informações estritamente pessoais da vida da então primeira-dama do Brasil, abordando questões de ordem puramente privada do casal presidencial, aparta-se da legítima prerrogativa de informar, contrariando princípios fundamentais de direitos da personalidade".

O relator também considerou que a revista "manipulou a opinião do leitor para despertar no público a ideia de que haveria infidelidade conjugal no seu relacionamento com o Exmo. Sr. Presidente". Segundo o ministro, a informação publicada é "sabidamente falsa". Em seu voto, Ferreira ainda ressaltou que o interesse público não justifica a necessidade de suprir os leitores com informações pessoais de pessoas públicas, nem "publicar notícias que aumentam o número de vendas da notícia".

No início do processo, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), a ex-primeira-dama havia perdido. O TJ-SP considerou que, pela posição de Michelle, ela estaria "permanentemente sujeita a ter a vida esmiuçada porque suas atividades são, em geral, de interesse público, até porque muitas vezes pagas com dinheiro público, a gerar, inclusive, a conferência das respectivas contas".

Michelle então recorreu, argumentando que a nota "ofendeu sua honra, imagem, intimidade e dignidade enquanto mãe, esposa e mulher de reputação ilibada", e por fim considerou que "na qualidade de primeira-dama, essa desonra sobre o seu caráter será relembrada pela própria história, posto que eternizada e gravada na internet".

A Editora Três também deve dar, nos mesmos meios que a publicação da nota, o direito de resposta à Michelle dentro de 15 dias, a partir do trânsito em julgado da decisão. Caso não cumpra, a empresa arcará com uma multa diária de R$ 1 mil, chegando a, no máximo, R$ 30 mil.

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (Republicanos) teve o registro de candidatura na disputa por um cargo de vereador na capital fluminense negado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) nesta segunda-feira, 9. Garotinho vai recorrer da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo atendeu a um pedido do Ministério Público Eleitoral, que pedia o indeferimento do pedido de registro de candidatura de Garotinho. O MP argumentou que há uma condenação por improbidade administrativa em órgão colegiado contra o ex-governador e que, portanto, o ex-chefe do Executivo do Rio se enquadra na Lei da Ficha Limpa. Para a Promotoria eleitoral, Garotinho está inelegível até 2026 por ter sido condenado em 2018.

O ex-chefe do Executivo estadual usou as redes sociais para contestar a decisão e disse que vai recorrer da decisão no TSE. "Vão tentar, mas não vão conseguir. Nossa luta é pelo povo e para o povo e, por isso, sempre tentam nos parar", escreveu na legenda de um vídeo publicado no Instagram nesta terça-feira, 10.

"Sempre fui uma pessoa muito perseguida pelo sistema porque eu falo a verdade e defendo o povo. Foi uma juíza de primeira instância que se aproveitou de um caso de 2005 onde eu fui julgado sem advogado. Nós vamos para o TSE, e tenho certeza que vamos vencer", afirmou.

A decisão da magistrada foi proferida menos de um mês após o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder um habeas corpus ao ex-governador, no dia 20 de agosto deste ano, em que permite que Garotinho concorra às eleições municipais deste ano. A decisão de Zanin suspendeu os efeitos de outra sentença da Justiça Eleitoral do Rio.

Zanin suspendeu os efeitos de uma condenação de Garotinho pela Justiça Eleitoral a 13 anos, 9 meses e 20 dias por compra de votos em troca de um benefício social, o cheque cidadão, para favorecer candidatos a prefeito e vereador em Campos dos Goytacazes (RJ) em 2016. O caso ficou conhecido como Operação Chequinho.

Em 2022, um dos denunciados pela operação teve a condenação anulada pelo Supremo, visto que as provas obtidas contra ele foram consideradas ilegítimas. A defesa do ex-governador alegou que as provas relacionadas a ele foram obtidas de forma igualmente ilícita, o que resultou na anulação.

Na decisão, Zanin pontuou que as provas dos dois casos foram obtidas sob as mesmas circunstâncias, o que explica a invalidez das duas. "Assim, a suspensão dos efeitos da condenação apenas em relação à inelegibilidade é necessária porque, caso se chegue à conclusão de que as condenações decorreram de prova ilícita, Garotinho ficaria indevidamente impedido de disputar as eleições", afirmou.

Já o caso analisado por Maria Paula Gouvêa Galhardo trata sobre uma condenação por improbidade pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) por supostas fraudes ocorridas na Secretaria de Saúde do Estado entre 2005 e 2006, época em que Garotinho ocupava o cargo de secretário.

Além da suspensão dos direitos políticos por oito anos, o tribunal fluminense também condenou solidariamente Garotinho a ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 234 milhões.